O Legado

Capitulo 2

O estranho 

      Aos domingos, minha mãe e eu costumávamos preparar um churrasco para o almoço e as vezes Christopher aparecia para nos fazer companhia. Estava arrumando os talheres sobre a mesa com Cris quando a campainha tocou, corri em direção a porta e ao abri-la deparei-me com o homem mais bonito que eu já vi, fiquei completamente parada na porta com um copo de vidro em uma mão e a maçaneta na outra encarando o estranho que me observava com um olhar entre interrogativo e divertido.   

  - Olá, senhorita Lilith. Prazer em conhece-la, meu nome é Launter Grendel e eu fui enviado por seus pais para leva-la de volta ao seu lar.
- O QUE-E-E?.- gaguejei sem saber o que falar.
Sem precisar de um convite formal ele abriu a porta, pegou o copo da minha mão e se dirigiu para o quintal aos fundos da minha casa onde todos estavam, fechei a porta atrás de mim e o segui sem saber ao certo o que deveria fazer naquela situação.
- Olá, boa tarde a todos. Meu nome é Launter e eu sou amigo da Hanna. disse o estranho para minha família.
- Prazer em conhece-lo, vai ficar para o almoço?- perguntou minha mãe.
- Seria uma honra senhora.- respondeu o estranho.   

      Minha mãe olhou em minha direção a fim de confirmar a história do desconhecido e eu sem saber ao certo o que falar levantei os ombros num sinal de tanto faz e peguei um prato para ele. Eu não sabia o que estava acontecendo e nem que homem era aquele, mas estranhamente sentia que podia confiar nele como se fosse alguém da família. 

- Então Launter, quem é você e de onde conhece a Hanna?.- Perguntou Christopher meio desconfiado e um pouco enciumado.
Parei de arrumar a mesa e me sentei a fim de ouvir a história que o homem diria, pois certamente ele teria uma boa explicação para a apresentação estranha e desconcertante feita a porta.
Launter riu do modo como Christopher lhe fez a pergunta e disse:
- Desculpem os meus maus modos por aparecer assim de surpresa sem ao menos avisar. Conheci a Hanna em um show que ela foi há aproximadamente um ano em Nova York e lá ficamos amigos e desde então temos mantido contato por meio de mensagens de texto, estava passando pela cidade e resolvi parar e dar um Oi.- disse o estranho olhando para mim como se dissesse "confirme a história que mais tarde lhe conto tudo".  

  - Ahh, é verdade gente. Conheci ele lá em Nova York quando fui ano passado.- disse a todos meio sem jeito e sem acreditar o quanto o estranho sabia sobre mim, pois só o meu amigo Christopher sabia da minha ida furtiva para ver o show da minha banda favorita " Mc. Fly".
- Que show é esse Hanna? Você disse que dormiria na casa de uma amiga da escola.- disse minha mãe furiosa.
- Depois eu explico mamãe, não precisa ter um ataque agora.- respondi a ela. Havia me esquecido completamente que tinha mentido para ela e ido ao show sozinha com Cris.
Após confirmar a história do estranho, todos passaram a confiar nele como se ele fosse um amigo de longa data nos visitando para um almoço de domingo.
      Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, depois de um tempo de conversa Christopher que geralmente é tão cético e reservado em relação as pessoas fora do seu circulo social estava conversando animadamente sobre um jogo de futebol com Launter como se fossem melhores amigos e até minha mãe parecia confortável na presença dele. Em um determinado momento do almoço ela veio até mim e disse " querida porque não nos apresentou ele antes, ele é um amor e até elogiou minha comida". – Mamãe desde quando hambúrguer de soja e pão de centeio pode ser considerado comida.- impliquei com ela jogando-lhe uma piscadela e disfarçando para que ela não desconfiasse que eu nem o conhecia.   

      Após o almoço, Christopher foi para casa e minha mãe foi para a casa de uma amiga da vizinhança, de modo que eu fiquei sozinha com o estranho em minha casa.
- Quem é você?- perguntei ao estranho sentado em meu sofá.
- Desculpe aparecer assim e mentir para sua família, mas precisava que todos acreditassem em mim e me permitissem ficar.- disse ele.
- Está bem, mas você ainda não disse quem é .- disse a ele.
- É claro que disse, meu nome é Launter Grendel e eu sou seu primo e seu guardião, sou filho da princesa Kalina Grendel irmã do seu pai o rei Robert Grendel. Seus pais me enviaram a este mundo para levar você de volta para casa, o homem da capa preta descobriu onde você estava é está vindo te pegar. Você precisa voltar comigo imediatamente para o Reino de Lanmeria antes que sua família humana se machuque.
- Tudo bem, se não quer me contar a verdade é melhor ir embora da minha casa e eu recomendo que nunca mais volte.- disse a ele já ficando irritada com a situação.
- Princesa Lilith, ou melhor Hanna, eu falo a verdade. Juro por todos os deuses que protegem os dez reinos de Mindeur que nunca mentiria para você. Infelizmente o encantamento que a rainha pós em você antes de te mandar para cá é forte demais e não pode ser quebrado tão facilmente, somente uma das três feiticeiras protetoras de Mindeur é capaz de reverter a amnésia e trazer suas memórias de volta. – disse ele de forma tão enfática que faria qualquer um acreditar em sua história se ela não fosse tão absurda.

  - Ah certo, então você quer mesmo que eu acredite que sou essa tal princesa Lilith, que meus pais são rei e rainha desse reino chamado Lanmeria, e que além disso minha mãe é uma poderosa feiticeira que apagou minha memória antes de me mandar para outro mundo. VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO COMIGO OU PROVAVELMENTE FUGIU DE UM HOSPÍCIO. Eu quero que você vá em bora da minha casa antes que minha mãe volte e eu tenha que explicar para ela porque tem um louco sentado no nosso sofá. – Disse ao homem puxando o pela mão e o empurrando porta a fora sem deixar que ele falasse mais alguma coisa.

      Naquela noite eu não consegui dormir pois não parava de pensar nos acontecimentos que me sucederam desde aquele dia estranho na escola onde eu supostamente vi um homem de preto me encarando, nada daquilo fazia sentido ou parecia real, homens de preto que sussurram, ataques de pânico na escola por causa de uma visão bizarra e agora a versão príncipe encantado dos meus sonhos me dizendo que existe outro mundo e que eu supostamente nasci lá? Provavelmente sou eu que preciso ir para um hospício, porque nada está fazendo sentido na minha vida nos últimos meses.