Um recomeço para um fim.

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  Eu estava na autoestrada quando recebi a notícia. Não me consegui conter, encostei o carro e logo me escorreu uma lágrima, seguida de muitas outras.

  No início não acreditei, era impossível ter acabado assim... Não daquela maneira tão reles.  Simplesmente dei meia volta e fui a caminho do autocarro da turnê.

Como foi injusto isto ter acabado assim, as últimas palavras que ele poderia ter ouvido poderia sido um "eu amo-te" ou um "foste a melhor coisa que já me aconteceu", mas não, tinha que acabar tudo em uma estúpida discussão, só de pensar que as minhas últimas palavras foram"desisto"...

  De certa forma ele também desistiu, nunca conseguiria desistir de alguém que me fez tão bem tão facilmente, pelo menos não dele. Sinceramente eu precisei disto para me aperceber que Gustav nunca foi meu, por completo. Ele era dos fãs dos palcos, da música e eu queria tirar-lhe isso.

  Naquele momento a culpa já se tinha apoderado de mim, parte de mim dizia que a culpa foi minha, a outra parte dizia que não me poderia castigar por algo que não aconteceu e que eu nunca poderia ter a certeza de que ele não iria morrer, ele já não estava propriamente bem, eu apercebi-me que a depressão estava a apoderar-se dele, porque em cada sorriso que ele dava, eu sentia a sua dor.

  Nós costumava-mos discutir porque eu insistia que ele precisava de ajuda profissional, mas ele não queria a ajuda de ninguém, nem mesmo de mim. Ele queria conseguir ultrapassar todos os seus problemas por mérito próprio.

Ele costumava dizer que eu era o único medicamento que ele precisava e que ele estava à espera que eu me formasse para não precisar de um médico, e ter alguém em que ele confiava, mas foi tarde de mais.

  Eu sinto um foco de luminosidade forte nos meus olhos, um carro que vinha em contra-mão. Por um milissegundo eu pensei, "eu posso ficar aqui e recomeçar uma pós vida com ele ou posso guinar o volante e ter uma chance de sobreviver".

  Assim que o outro carro se aproximou eu guinei o meu, mas já era tarde, a traseira do meu carro bateu no outro fazendo me despistar e cair de uma altura bastante elevada... 

 Bem talvez fosse um sinal, talvez fosse ele a mostrar me que ele estava lá à minha espera para um recomeço, ou talvez não. Só sei que estava destinada a morrer naquela noite, e assim foi.

Nunca é um Adeus...Where stories live. Discover now