Dando uma Pausa

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(Esther 🖌️)

Quando Déborah ouviu Naná chama-la de Smilinguida', ela se virou para encara-la de frente.
- Quem você pensa que é para falar comigo dessa forma? Ela falava com deboche.
- Sou a mulher que criou o Pither! Naná disse sem se intimidar.
- Hum... Déborah sorriu com sarcasmo. -Você não é a mãe dele!!
Naná se aproximou ainda mais da noiva de Pither.
- Mais ele nunca deixará de ser o meu filho!
Déborah era esnobe, nem por um segundo ela considerou Naná. Mesmo sabendo que Pither tinha uma eterna gratidão com a sua babá.
- Quando eu for a ''Dona e Senhora" dessa casa, você não terá essa posição! Vai ter que ir embora, junto com a sua protegida pra bem longe!!
Eu morri de pena de Naná. Sendo vítima da prepotência daquela malvada.
- Se isso um dia acontecer... Eu vou sair daqui com muito prazer! Levando Esther comigo! Mas não se engane Déborah D'Ávila... Pither não é tão ingênuo a ponto de não ver quem você realmente é! Sua máscara vai cair! Naná sorriu.
Déborah nos olhou furiosa e saiu com sua bolsinha no braço, como se pisasse em ovos. Naná marejou seus olhos e eu a abracei em consolo.
- Não, não chore Naná! Ela me abraçou de volta. - O Neto jamais permitirá que ela te expulse!!
-Não estou preocupada comigo Esther! Ela me olhou, enquanto acariciava meus cabelos. - Você lembra que falamos sobre partirmos logo depois do casamento de Pither?
- Lembro sim! Você me convidou para ir com você... Falei sorrindo.
- Agora vou triste, em deixa-lo com essa víbora! Pither não pode estragar a sua vida dessa forma! Ele nunca vai ser feliz ao lado dela!
Segurei as mãos de Naná tentando acalma-la.
- Não fica assim! Se tivesse algo que eu pudesse fazer por você! Falei tocando em seu ombro.
- Você é a minha última esperança Esther! Ela levantou seus olhos pra mim.- Só você pode fazer ele mudar de idéia!
- Eu? Falei admirada. - Desculpe, mais eu não tenho esse poder!
- Esther, se Pither se apaixonasse por você! Ele enfrentaria o pai e desistiria dessa idéia maluca!
"Então é o Senhor Álvaro que está por trás disso," Pensei.
- Não Naná! Isso é impossível! Neto não me vê como mulher! Creio que sou só uma menina boba pra ele!
Naná deu um breve sorriso de lado.
- Eu não acredito que ele te enxergue apenas como uma ' Menina Boba' ... Dei de ombros, sem reação. - Você é muito especial, e Pither sabe disso!

(Pither 🌜)

Cara! Eu contava os minutos para o relógio cruzar meia noite. Se eu pudesse riscaria definitivamente esse dia do calendário para sempre.
Discutir com Miguel e ter que aturar Déborah todo jantar foi um sacrifício e tanto. Ela sabia que eu não sentia nada! E por que insiste nisso?! Revirei meus olhos, só de lembrar Déborah gritando que eu era dela... Vai Nessa! Eu não sou de ninguém! É por isso que eu não me apaixono, não quero ficar a mercê de uma mulher, ou sendo mandado por ela!
Nesse momento Naná e Esther eram as únicas mulheres que eu me importava! Naná era como uma mãe pra mim! Já Esther.... Sei lá! Acredito que eu tenha um carinho imenso por ela, a ponto de abrir mão de tudo pelo seu bem estar! Alguma coisa me encanta nela... Me atraí! Não sei dizer o que, mas quando estou com ela eu sou alguém melhor! Eu consigo me sentir por inteiro... Era como se eu fosse eu mesmo, sem precisar me esconder.
Já era domingo e eu tive uma ideia totalmente sem noção! Levantei, vesti uma calça e fui no quarto de Esther. Como com certeza ela dormia, eu não bati. Abri a porta e entrei.
Esther dormia profundamente com sua cabeça no travesseiro, eu agachei e comecei a chama-la pelo nome. Ela abriu seus olhos ainda sonolenta.
- Neto! O que faz aqui? Perguntou levantando a sua cabeça.
- Vem levanta! Vamos viajar, Pegue algumas coisas...
Ela franziu a testa confusa.
- Do que você está falando? Viajar pra onde?
Acendi a luz do abajur. E puxei seu edredom.
- Pegue algumas coisas para dois dias fora... Eu vou no meu quarto, arrumar as minhas! Antes que eu me arrependa e desista dessa loucura!
Peguei algumas coisas e botei dentro da mochila, coloquei um tênis e uma blusa de frio no corpo, e voltei para o corredor.
Esther saiu do seu quarto também de mochila. Ela usava calça jeans, botas e jaqueta, seu olhar estava confuso. Acredito que ela se perguntava para onde eu estava à levando a essa hora.
Descemos as escadas, e eu peguei as chaves do carro de papai no escritório. Amanhã quando ele acordasse teria uma grande surpresa!
Colocamos nossas coisas no carro e pegamos a estrada, Esther trouxe um cobertor e se enrolou toda nele, enquanto eu seguia dirigindo.
Ela estava estranha, muito quieta... Até achei que tivesse chateada! Será que ela se zangou de eu ter a acordado?
- Tá tudo bem? Perguntei olhando pra ela.
- Tá sim! Ela respondeu não me convencendo, e eu voltei meu foco para a pista. - Onde vamos ?
Ela perguntou enquanto eu ligava o som do carro.
- É uma surpresa! Respondi.
Depois de muitos quilômetros parei num posto de gasolina para abastecer.
- Eu vou comprar um energético pra mim! Você quer alguma coisa? Ela balançou sua cabeça em negativa.
Entrei na conveniência do posto, ela ficou no carro. Fiquei pensando porque Esther estaria tão distante?! Como se tivesse receio de se aproximar de mim. Senti falta da sua alegria, e de quando pulou no meu colo para abraçar o urso.
Talvez seu comportamento seja devido ao jantar de ontem. E de como Déborah foi grosseira com ela.
Comprei um Red Bull, eu estava meio cansado. E um chocolate quente para Esther.
- Toma vai ajudar a te esquentar um pouquinho... Falei entregando o copo.
- Obrigada Neto! Ela sorriu e se ajeitou no banco.
Depois disso voltamos a seguir viajem por mais três horas. Esther tinha dormido no banco do carro, a rodovia estava abandonada. Era madrugada, e só o som me fazia companhia.
Ela não sabia mas estávamos indo para a casa de campo do meu pai. O lugar era maravilhoso e há tempos eu não ia pra lá. Queria muito que ela conhecesse.
Quando cheguei naquela cidade, parei numa estrada onde o celular ainda pegava. Mandei uma mensagem para Naná, não queria que ela ficasse preocupada. Depois disso peguei sentido a estrada de terra, e percebi que o celular já não tinha mais sinal. "Que ótimo! Sem sinal de celular! Sem as reclamações de Papai, e sem os distúrbios de Deborah!"
A estrada não ia muito longe, há poucos quilômetros eu já pude avistar a casa. Passei pelo portão com o carro, colocando-o na garagem.
Desci do carro, e abri a porta principal da casa, acendendo todas as luzes. Depois disso peguei Esther nos braços e a levei para dentro.
Já era tarde, faltavam poucos minutos para o dia amanhecer. Coloquei Esther sobre o sofá, e a cobri com o cobertor. Ela remexeu no sofá ainda sonolenta, falou comigo.
- Já chegamos?!
- Sim. Respondi.
- Que casa é essa? Perguntou com os olhos entreabertos.
- É nossa! Descanse agora... Ela assentiu e voltou a dormir. Joguei um colchão ao seu lado, e fui no andar de cima pegar alguns lençóis e cobertores para mim. Depois escovei meus dentes e me deitei também tentando dormir.

O Reflexo de um Anjo I (Trilogia) Onde histórias criam vida. Descubra agora