Memórias de Julho
Parte I
Memórias de Julho
Parte I – 1992
Cap 1 ~ Apresentações a parte
Meu nome é Marcos e tenho oito anos, sou o líder do meu grupo que é composto por mais duas meninas e outros dois meninos. Todos nós temos a mesma idade e agora estamos de férias. Meus pais falam que a melhor época que existe é de quando se é criança. E os amigos que formamos ficarão pra sempre em nossos corações. Deve ser por que muitos se distanciam. Cada um vai para o lado e vai viver a sua vida. Acho que eu consigo manter todos os meus amigos perto de mim para sempre.
Voltando para o nosso grupo. Temos a Camila, mas a chamamos de Mila, ela é uma menina calma que adora abraçar todo mundo. Tem os olhos grandes como se fossem duas jabuticabas, cabelo liso e castanho batendo até o joelho. Ela gosta muito dos animais e é um pouco bobinha. Já a Mari, de Mariana, é mais séria. Acha que devemos ficar quietos em um canto e não nos metermos em problemas. Seus olhos são muito pequenos para o seu rosto, mas os óculos fundo-de-garrafa ajudam a aumentá-los. Seus cabelos são pretos e encaracolados, ao contrário da Mila que tem um cabelo enorme, a Mari tem cabelo curtinho, mal chegando aos ombros.
O Juan tem o cabelo raspado, sua mãe não consegue mantê-los grandes sem que corra o risco de ter uma infestação de piolho ali. É um menino de corpinho magro e ainda tem dente de leite por cair. Uma vez o ajudamos a arrancar um. É bastante feliz, mas tímido. O Lucas é um menino acima do peso, com bochechas enormes, que sempre traz alguma coisa pra gente comer. Ele diz que quando ficar mais velho ele se preocuparia com o que comer, mas já que só se é criança uma vez, ele não ligava. Comia até ficar satisfeito.
E por último eu, Marcos. Não sou tão magro quanto Juan e nem tão gordo quanto Lucas. Intitulei-me o líder do nosso grupo, pois todos me seguem. E eu tenho as ideias para as brincadeiras. E a melhor coisa... Fora meu pai quem construíra o nosso local “secreto” de encontro. Meus cabelos são pretos e rebeldes, sempre caindo por meus olhos.
Agora que já apresentei todo mundo ficará mais fácil. Todos nós estamos na segunda série do fundamental. As férias de julho chegaram para todos nós. Moramos perto uns dos outros, na cidade de Recife em Pernambuco. No bairro de Afogados e sempre brincamos juntos desde que nos conhecemos.
Todos eles já deveriam estar no local marcado. É uma cabaninha que meu pai construiu nos terrenos de nossa antiga casa. Quando nos mudamos tentamos fazer com que o terreno todo fosse alugado, mas sem sucesso, meus pais deixaram de lado. Pela sugestão de minha mãe, meu pai construiu aquela cabaninha. Era perfeito, por que ficava perto de todo mundo. E nossas mães trabalhavam ali perto. Mas só podíamos ir para lá quando estivéssemos de férias.
A cabaninha era feita só de madeira, mas nós a enfeitamos do nosso jeito. Tinha pôsteres de personagens e de cantores favoritos nossos. Uma mesa onde colocávamos a comida que surrupiávamos de casa, muitos assentos, sendo eles quebrados ou não. E vários jogos para nos distrairmos. A vizinhança era agradável. E morava por aquelas ruas um cachorro vira-lata que batizamos de Rói-rói. Pois, seus dentes estavam tão desgastados que ele só conseguia comer as coisas roendo.
Como eu sabia. Eles estavam todos lá. A Mila e a Mari estavam sentadas em um canto, mexendo nos cabelos uma da outra, enquanto Juan e Lucas estavam jogando no novo game boy, que Juan ganhara de aniversário.
- Oi, pessoal, demorei muito? – Falei um pouco mais alto do que planejava.
- Não precisa gritar, Marcos. Qualquer dia desses vão expulsar a gente daqui por conta de tanta gritaria. – Repreendeu-me Mari, seus olhos conseguindo ficar um pouco maiores do que deveriam, por conta da lente.