Olá pessoal!
Aqui eu tenho um projeto um pouco diferente, são pequenos contos que eu vou lançando contando pequenas histórias, narrativas ou apenas algumas pequenas ideias que eu ando tendo e queria compartilhar com vocês. Todas os textos que pr...
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Eu nasci em uma pequena vila no Sul, a vida era difícil mas conseguíamos viver consideravelmente bem, até começarem os conflitos na nossa região, eu nunca soube exatamente a razão deles mas eu aposto que foi por algum duque metido querendo mais terras. Minha mãe, Erina, costurava e tricotava, o que ajudava na renda de casa. Todas as noites ela me dava um copo de leite, me colocava na cama e beijava minha testa, ela me chamava de" Preston, meu pequeno herói". Essas são as melhores memórias da minha infância e até hoje eu lembro delas quando tomo um copo de leite.
Meu pai, Suhr-Barbas, era um pateta sonhador, até hoje me pergunto se todos os homens negros do outro continente que nem ele são ingênuos assim, eu poderia falar mais sobre as decisões ruins do meu pai, mas como talvez eu não seja tão diferente vou falar só o que importa. Quando eu tinha 10 anos ele pôs na cabeça que ia ser capitão de um navio e por conta disso se juntou a uma tripulação de comerciantes, apesar de ser um bobão que acreditava em quase todo mundo, ele era um bom pai e um bom marido e sempre nos enviava cartas acompanhada de um punhado de moedas, até que um dia as moedas pararam de vir assim como as cartas. Um mês depois vi minha mãe soluçando sobre a mesa e descobri que o navio de meu pai tinha desaparecido no mar.
A vida ficou bem mais difícil, minha mãe trabalhava incansavelmente e eu comecei a trabalhar como aprendiz do caçador da vila, um velho chamado Yorick. Yorick gostava de contar vantagem dizendo que era um bom caçador por ter um pouco de sangue élfico, eu não acreditava muito nessa história mas não podia questionar suas habilidades, ele nunca me chamava pelo meu nome direto, Sempre me chamava só de "Presto", no começo isso me irritava mas depois acostumei.
Quando fiz 15, minha mãe adoeceu e eventualmente morreu, foi difícil, mas se tem uma coisa que lembro que meu pai dizia era que no fundo do poço só tem saída pra cima. Não havia mais nada pra mim naquela vila então resolvi me alistar no exército. Parti não levando nada além das roupas do meu corpo, um arco velho e meia dúzia de flechas.
No exército muitos se queixavam da rigidez daquela vida, mas pra dizer a verdade eu nunca achei tão difícil assim, eu nunca luta sozinho e o salário era certo no fim do mês, desde que eu conseguisse me manter vivo, é claro. Fiz bons amigos lá, com o tempo eles se tornaram o mais próximo de uma família pra mim desde que meu pai partiu de casa. Porum me ensinou a roubar no jogo de cartas, Faranir sempre fazia piadas e me infectou com o talento de fazer piadas ruins e Asthur tentou me ajudar a melhorar meu talento com o arco, mas ele sempre acabava rindo do resultado e me colocou o infeliz apelido de "Imprestável Presto", toda vez que ele dizia aquilo a raiva me subia, mas no fim das contas deixávamos tudo pra lá. Porum e Faranir tinham quase a mesma idade que eu, já Asthur era mais velho e por isso nós tínhamos um respeito especial por ele.
Certo dia recebemos ordens de fazer uma missão de reconhecimento em território inimigo, todos sabíamos que aquela era uma missão praticamente suicida, mas nosso comandante parecia mais interessado em alavancar sua própria carreira. Nós não tínhamos muita escolha já que a pena por insubordinação normalmente era a morte.
Foi um massacre, quase todos os meus companheiros já tinham morrido, eu já tinha levado uma flechada na perna também e não podia correr muito rápido, foi nessa hora que vi Asthur, ele parecia um porco espinhos de tantas flechas que tinha levado, mas mesmo assim ele me olhou sorrindo e disse: "tenha uma boa vida, moleque". Nós dois sabíamos que ele ia morrer e que tudo o que ele queria era ao menos salvar algum amigo, mas mesmo assim as vezes eu ainda me arrependo de não ter ficado ali. Daquele dia em diante eu jurei que nunca deixaria um companheiro pra trás.
Fui o único a voltar para nosso acampamento, um burburinho geral começou a medida que me avistavam sozinho e cheio de ferimentos, eu estava visivelmente furioso e seguia em frente sem falar nada e sem olhar para ninguém, eu só tinha uma coisa na cabeça. Avistei Capitão Fergus, ele me fitou com um olhar de reprovação, fazendo pouco caso das baixas e só levando em conta o fracasso da missão, nunca vou me esquecer daquele olhar, puxei uma flecha da aljava e vie ele transformar aquela expressão de arrogância e ao mesmo tempo indiferença em pavor e desespero. Não hesitei, acertei uma flecha entre os olhos do canalha. Todos no acampamento ficaram boquiabertos, mas ninguém se meteu porque na verdade metade deles queria fazer aquilo a muito tempo. Roubei um cavalo e fugi dali antes que outra pessoa de alto escalão me prendesse, apesar do risco que corri, nunca vou me arrepender daquilo.
A partir daí eu fui mercenário, ladrão e até caçador de recompensas, não me importava com títulos desde que me pagassem bem, eu só sei lutar então minha única regra é que eu luto pelo que eu acredito, por esse motivo já fui considerado herói, vilão ou irrelevante. A única coisa que eu quero é que a minha lenda um dia seja cantada nas rodas de berimbardo de toda Alória e que todos conheçam o nome de Presto Barbas.