A Cientista

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Josephine Palantres viveu uma vida tranquila. Única herdeira da ramificação principal da Casa Palantres, ninguém poderia dizer que Josephine era um prodígio, mas ela também não era nenhuma imbecil. Todos os seus esforços focavam-se em fazer apenas o necessário, mas uma vida tão pacata não daria a ela o título de heroína aqui. Na verdade, a definição de herói neste livro é um pouco diferente da normal. Aqui, leia "herói" como "Aquele que pode mudar o mundo", por isso, pessoas como Benedict Edgard podem receber tal título.

A herdeira dos Palantres recebera o título de heroína porque ela mudou toda a perspectiva sobre as runas de Manipulação. Como? Criando as primeiras quimeras da história. Depois de atingir a maioridade de 15 anos de Vrenna, Josephine Palantres partiu numa jornada, acompanhada pelos guarda-costas George Palantres, seu tio, e Ybrin, sua prima. Foram eles também as primeiras quimeras criadas, ainda que voluntariamente. Diferente do foco da Casa Novaterra, que procurava a Fonte de Toda a Magia e também diferente das atitudes de sua Casa, que eram normalmente a de sempre ajudar os necessitados, Josephine começou sua jornada procurando a Fonte de Toda a Verdade, outra das três grandes Fontes do mundo. A terceira é perseguida pelos Mistanne L'arc desde a sua fundação, a Fonte de Toda a Felicidade. Mas não devemos focar nisso agora.

"Pra onde iremos agora?" Ybrin era 3 verões mais nova que Josephine e a ansiedade de crianças é algo que todos conhecem. Não que ter vivido 15 invernos seja digno de qualquer respeito relacionado à maturidade(não na maior parte dos casos), mas ter 12 verões é ter 12 verões. "Nós iremos até Prisma, minha filha." Prisma era a cidade comandada pelos Mistanne L'arc. Ela pretendia visitar Riseria, principal cidade dos Ophara. A herdeira dos Palantres até poderia ser preguiçosa, mas também era curiosa. Ela queria conhecer as runas utilizadas por uma das maiores casas de Fortificadores e sabia que visitar Altria, Cidade-Fortaleza dos Impetus, não era boa ideia.

Durante três meses, nada de importante aconteceu, de forma alguma. Josephine e George eram bons Manipuladores, mas a jovem Ybrin era excepcional Forjadora e o suporte dado à ela fazia com que os 12 verões dela fossem completamente esquecidos. Caça era um problema de fácil solução para o sabre da criança. Tinha apenas uma simples runa. "Resolva". E assim o sabre fazia. Ele sempre resolvia qualquer problema. Até que a criatura que serviria de base para a criação das quimeras surgisse em suas jornadas.

Era uma criatura que diziam surgir apenas em momentos cruciais, apenas nas Terras dos Céus, dos Ophara. Tinha asas magníficas e o trio levou algum tempo para digerir aquela cena. As asas eram enormes para seu tamanho reduzido, seus dentes enegrecidos pelas chamas que respirava. Sua pele lembrava a cor de areia e seu olhar selvagem procurava uma caça disposta a não correr. Um momento hipnótico envolveu o trio e a criatura. A criatura viu três potenciais caças, contente por perceber que estas não estavam dispostas a correr. George Palantres estava com fome e, embora não soubesse qual era o sabor da carne de um dragonete, ele gostava da caça. Ybrin, sua filha, estava faminta sim, mas de uma boa batalha. Um dragonete seria perfeito pra saciá-la. Josephine estava contente porque o motivo de sua viagem até Ophara estava bem ali, na sua frente.

A criatura deu um rugido feroz, mas contente. Seria calunioso afirmar que alguém não estava contente ali, mas as razões do dragonete eram as mais naturais. Com uma baforada flamejante, separou o trio. George correu para a esquerda da criatura. Ybrin pulou pra cima do dragonete com o sabre em mãos. Josephine usou o método mais incomum. Empunhando um coelho que encontrara minutos atrás, colocou-o entre ela e as poderosas chamas, inscrito com a runa "Absorver". A pobre e inocente criatura teve de aguentar a poderosa rajada de fogo enquanto sua verdadeira carrasca permanecia protegida, graças à sua carne. Seu sofrimento acabou quando o fogo parou. Ybrin brigava com o dragonete como uma verdadeira gladiadora. Aparava os poderosos golpes das garras da criatura com o sabre "Resolva", rolava para os lados quando as presas do bicho seriam fortes demais para uma simples runa. George demorou para reagir, hipnotizado pela performance selvagem apresentada pela filha e o filhote de dragão. Assim que recobrou a consciência, tentou gritar mais alto que o dragonete e pulou em seu pescoço, desorientando a fera momentaneamente. Ybrin aproveitou o momento para tentar matar a criatura de uma vez por todas, mas o pai foi arremessado prontamente para longe, machucando mais da metade de seus ossos. Foi essa a razão de George ter virado uma das primeiras quimeras. Ybrin disputava força com o dragonete. "Resolva" estava cravado na pata direita da criatura, o que criava um embate interessante. O dragonete tentava prensar Ybrin contra o chão, mas o sabre entraria mais em sua pata e isso seria um grande problema. A jovem garota tentava convencer o dragonete de que esmagá-la contra o chão não era uma boa ideia e estava conseguindo. Foi quando Josephine deixou a preguiça de lado e resolveu agir. Pegou seu grimório com a capa de couro da mochila. Folheou as páginas transparentes e arrancou uma delas. O dragonete percebeu a aproximação e logo tentou atacá-la com a pata que ainda estava boa.

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