Capítulo 1

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Ano - 2012 

POV Paul

Fecho a última mala que está em cima da minha cama. Minha mãe dobra um casaco para que eu leve no avião. Vejo que ela segura as lágrimas que teimam a rolar pelo seu rosto. Na vida, somos só nós dois...meu pai deu o fora de casa assim que soube que ela estava grávida...dizia que ele não estava preparado para a paternidade, já que era muito jovem e queria curtir a vida.  Casar já foi algo obrigatório para ele. Meu avô descobriu a vida íntima dos dois e logo fez casar...porém filho foi demais para ele que simplesmente sumiu. Cresci com ela fazendo o papel de pai e mãe e tive a melhor infância do mundo. É claro que, nada foi fácil...foi uma vida sem luxos e mordomias, mas a comida nunca faltou em nossa mesa.

Cresci prometendo para a minha mãe que eu seria advogado. É, desses famosos, que solucionam casos importantes e que passam na televisão. Ela me deixou sonhar alto sempre e fez de tudo para que eu estudasse em colégios que valessem a pena para que esse sonho se tornasse realidade. E assim foi...e foi muito além do que eu mesmo esperava. Pesquisei tudo sobre como cursar direito nos Estados Unidos e fiz minha primeira graduação aqui mesmo na Irlanda, já que lá esse curso acaba sendo uma pós. Fiz inscrição em algumas faculdade e inclusive uma nos Estados Unidos...acabei conseguindo uma bolsa integral por lá! Eu nem acreditava quando li aquela carta. Simplesmente entrei para dentro de casa gritando e minha mãe achou que algo muito grave tinha acontecido:

- O que está acontecendo filho???

- Mãe eu passei!!! Passei!!! Vou estudar nos Estados Unidos!!!!! 

Ela deu um grito muito alto e correu para me abraçar. Choramos juntos naquele dia com o papel na mão. Eu moro em Belfast, nascido e crescido aqui. Porém queria sonhar lá, onde tudo acontece. Mas como nem tudo são flores, mamãe não poderá ir comigo...não temos dinheiro para nos manter em um lugar assim e isso parte o meu coração. Ter que deixar ela aqui me deixa mal, porém já prometi também que vou arrumar um emprego por lá, juntar o salário e comprar a passagem dela. E chegando lá nós nos viramos. Mas esse momento de partida é sempre triste. 

- Mãe, eu juro...se eu pudesse te levar agora, te levaria...

Olho triste pela janela enquanto vejo crianças brincando na rua. Moramos em um bairro simples e nossa casa é pequena. Mamãe anda de um lado para o outro no nosso quarto, pois até isso dividimos a vida inteira...depois me olha e responde:

- Eu sei meu filho! Mas eu tenho certeza que logo você arrumará um emprego e vai me levar contigo.

Vou até ela e a abraço. Beijo seu cabelo e respondo:

- Claro que vou mãe...as coisas lá devem ser mais fáceis que aqui. Além do mais acabei de sair da fábrica e tenho algumas experiência em outras áreas... já trabalhei em oficina mecânica, armazém de grãos, mini mercado e por aí vai... Tenho vinte e poucos anos mas já aprendi bastante! 

Ela ri e responde:

- Com toda certeza! Desde pequeno você já arrumava bicos para fazer e voltava feliz da vida com o dinheiro que recebia. Tenho certeza que lá nos Estados Unidos também será assim!

- Vai ser mãe! É só uma questão de tempo, eu prometo.

Nos abraçamos apertado e depois confiro a mochila...há muita burocracia para entrar naquele país e confiro se todos os papéis estão aqui. Depois, fecho o zíper e a coloco nas costas. Pego as duas malas que estão na cama e caminhamos até a sala. 

O vizinho espera com seu carro na frente da minha casa. Minha mãe pediu para que ele nos levasse no aeroporto. Não temos carro e ela quer estar comigo até a hora de embarcar. 

O RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora