Diabrura noturna

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Às margens da rodovia, o capim alto farfalhava ao dançar com os ventos, fazia seu percurso diário a mulher, sempre com receio naquele trecho mal iluminado. Nenhum carro nem ninguém passava por ali há tempos. Vento soprou forte, o farfalhar tornou-se um ruído que rasgava o mato e vinha na direção da mulher, surpreendida quando um negroide perneta surgiu e avançou-a com porrete em mãos derrubando-a, desferindo pauladas, quebrando as mãos que desesperadamente tentavam defender-se, um golpe na testa desacordou-a. Feito isso, surrupiou-lhe os anéis dos fraturados dedos e outros pertences, escapulindo-se pela densa mata.

Casos como esses tornavam-se frequentes em regiões similares, onde a selva beirava o concreto, vento forte presente antecedia a chegada daquela entidade descrita com as mesmas características pelas vítimas: velho negro, saltitava velozmente com sua única perna, empunhava um ensanguentado porrete de madeira, alguns relatam um cachimbo (daqueles usados por viciados em drogas), outros, que usava calção e boné surrados vermelhos.

Os crimes noturnos em alta. O bronze das lápides surrupiado, covas exumadas, ossos e pertences dos mortos desapareciam, os carros vandalizados, casas depredadas, sem-tetos espancados; testemunhos oculares apontavam para o mesmo suspeito dos casos de violência.

Casal no ponto de ônibus, passado das dez da madrugada. No decorrer da conversa,o agito do mato atentava o garoto. Era só o vento. Conversa vai, conversa vem, chega o ônibus: um beijo de despedida, hora do garoto voltar para a casa. O mato agitado, vento forte e gélido, na moita, o Saci aguardava com sangue nos olhos.

Horror Brasileiro - FolcloreOnde histórias criam vida. Descubra agora