Catarina e Brice passaram os dois dias seguintes à visita planejando como descobririam se as bruxas poderiam vê-las nessa forma de vida. Brice apenas queria aparecer para Agnes, mas Catarina vira nisso uma ótima oportunidade de realizar uma primeira vingança, ou apenas incomodar.
_Brice, olhe isso - Diz Catarina, enquanto as duas caminhavam sem direção por Montemor. - Aqui diz que Amália e Afonso irão se casar em breve... Não, já é amanhã. E que querem todos de Montemor para comemorarem a cerimônia. Patético.
_Filha, agora, o que esses dois fazem ou deixam de fazer não é mais do nosso interesse. - Comenta Brice.
_Mas tive uma ideia que pode tornar essa cerimônia um tanto... interessante. E você irá me ajudar.
_Catarina, o nosso objetivo agora é conhecer melhor Cecília e descobrir o que se passa com ela. Aliás, eu não imagino que a levarão ao casamento, uma ótima oportunidade de ficarmos um pouco com ela.
_Sei disso. Mas quem disse que será inútil a nossa intromissão? Agnes e Selena com certeza estararão prestigiando o casalzinho de sonsos, e se elas nos verem...
_Significa que todas as bruxas podem nos ver nessa forma. E que a cerimônia...
_Se tornará um caos! - Completa Catarina, imaginando a cena.
As duas voltam à floresta, Catarina imersa em pensamentos de como arruinar o segundo casamento do casal que arruinara a sua vida.
A manhã chega e, com ela, a cerimônia. Apesar de querer com todas as forças acabar com a alegria dos hipócritas, Catarina não deixa de pensar em sua filha, sozinha naquele quarto. Uma visita ia ser bem vinda naquele dia. Mas, manteve o foco e partiu, junto de Brice, para o castelo de Montemor.
O dia estava bonito, o céu aberto, de um tom azul claro, ensolarado. A igreja de Montemor estava toda florida e os moradores colocavam suas melhores roupas para prestigiar o casamento e coroação da nova rainha. Brice sobrevoa as pessoas e nenhuma delas parecia tê-la visto. Volta ao lado de Catarina, que observava tudo escondida.
_Ninguém pareceu me notar. Mas ainda preciso encontrar Agnes ou Selena. - Conta Brice.
_Certo então. Encontraremos as traidoras e provaremos se elas podem ou não nos ver.
Catarina caminha sobre a multidão e entra na igreja com sua mãe. Lá, Agnes estava com Levi, colocando algumas flores próximas ao altar. Brice então para a sua frente, vendo o susto no olhar da menina.
_Bri...Brice? Você... não está morta? - Exclama Agnes, deixando cair a cesta de flores que estava em sua mão. Brice faz silêncio e Catarina se esconde, observando tudo com meio sorriso no rosto.
_O que foi, Agnes? Brice? Onde? - Pergunta Levi, confuso.
_Fale! Diga alguma coisa, Brice! Você é um fantasma? - Agnes ignora Levi e continua tentando conversar com Brice, que a ignora e não se move. Agnes tenta correr, mas Brice faz questão de correr junto, a assustando cada vez mais. Catarina se divertia, enquanto observava e acabou tendo uma ideia. Até que ser filha de bruxa não estava sendo tão ruim assim.
_Agnes, volte! - Levi corre atrás da menina, que estava chamando atenção de todos a sua volta.
_O que você quer de mim, Brice? É o livro? Você quer a localização do seu livro de bruxarias? Pois pode levá-lo, não irei usar aqueles feitiços mesmo.
Agnes sai da igreja e Brice vai atrás da menina. Catarina fica revoltada por um momento. Havia planejado o seu plano e precisava da ajuda de Brice. Logo, a cerimônia iria começar e, sem a mãe, nada poderia fazer. Ela sai da igreja, mas, ao invés de segui-la, acaba tomando outro rumo: o quarto de sua filha.
Catarina sobrevoa até a janela, não encontrando ninguém além da bebê, deitada no berço. Atravessa a parede e a pega no colo.
_Oi minha filha, como vai? Tendo que aturar muita gente chata? - A bebê Cecília emite um som como se estivesse concordando. - Sabe quem irá se casar hoje? Aquela mulher de quem lhe falei no outro dia. Sua tia malvada. A plebéia ruiva dos infernos. - Cecília faz uma expressão de descontentamento e o céu começa a ficar escuro. - E, infelizmente, sua mãe nada pode fazer para atrapalhar. Sua avó sumiu.
Algumas gotas de chuva começam a cair e um relâmpago clareia o céu. Catarina continua concentrada em sua filha e acaba não reparando.
_Mas sei que você poderá atrapalhar e muito a vida daquele casal de sonsos. Sim, você vai acabar com toda a vida perfeita deles. - Catarina começa a falar mas acaba ouvindo um trovão. Incrédula, ela olha para trás e vê uma chuva como nunca antes ocorrera em Montemor.
O povo estava sem palavras. Chuva. Em Montemor. E justamente no dia em que uma nova rainha seria coroada, a primeira plebéia a chegar ao trono.
_Chuva! Deus salve a nossa nova Rainha, que trouxe água a Montemor! - Alguns tolos acreditavam que o casamento influenciaria de alguma forma o clima.
_Mas é um temporal! Com raios, trovões. Isso não pode significar coisa boa. - Outros desconfiavam.
Porém da onde saíra aquela tempestade? De Amália nunca poderia ser. Mas, talvez, por conta dela. Vinda de certos poderes de um ser que havia nascido à pouco tempo.
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Cecília de Lurton
FanfictionCecília foi criada por Augusto, já que era orfã. A verdadeira história da morte de sua mãe nunca lhe fora contada, mas ela sabia. Sabia pois desde a infância recebia visitas de Catarina, sua mãe, e Brice, sua avó. Com elas, soube de tudo que ocorrer...