Chapter 1

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"There is a swelling storm"

"Há uma grande tempestade"

Dean Lewis – Waves

Quais são os nossos ideais? Por que seguimos ideias? Isso me faz pensar que somos fantoches de uma sociedade maluca que é composta de gente chata, sem graça, machista, invejosa e preconceituosa. O que aprendemos na escola, é não ter opinião e sim seguir o padrão, o real fluxo das coisas. E o mais interessante foi quando me dei conta disso, quando pela primeira vez me vi diante a uma situação que comprometeria minha vida.

Ao olhar ao redor meus olhos caem no de Taulli, aquelas esmeraldas me encarando impiedosamente, vendo cada passo meticulosamente meu. Essa era sua qualidade, ser frio até a última gota de sangue em seu corpo, entretanto bastava estar a sós comigo e todo seu ar gélido sumia e novamente via o pequeno Taulli.

Volto minha visão para frente e deparo com os frigidos olhos da senhora Galler. Uma mulher que tinha idade pra ser minha irmã mais velha, era a nova professora de economia, infelizmente seu talento era assediar meninos inocentes, com a desculpa de que aula extracurricular seria uma forma de aumentar seu percentual escolar. Um nojo comparado ao senhor Timson, nosso professor de educação física que entrava sem permissão no vestiário das Santa Tigress, até que a nossa Melissa, líder das tigresas o denunciou ao diretor e como "punição", o velho Timson foi mantido sob supervisão durante duas semanas e voltou a fazer seus abusos escondidos, só que dessa vez de forma comedida, ameaçando expor cada uma delas.

Parece que depois do último acontecimento, Santa Rivers piorou dez vezes mais e só aconteceu a um mês.

Esse é o defeito, a falta de voz, de atitudes, lamentavelmente quando temos, somos abafados por nossos superiores. A infeliz bancada dos alunos e dos professores, claramente pedantes aos direito dos alunos, sabe um jeito de ganhar dinheiro fácil, a grande maioria ali é subornada pela prefeita e pelo diretor, ambos seres gananciosos e sedentos por perfeição. Não dão a mínima para os alunos, se importam, apenas, com o percentual do semestre e as notas. Elas fazem da escola Santa Rivers a melhor. Em todos aspectos, mas o principal é que faculdades como as de NY, Boston, Michigan, Ohio, Massachussts e Meryland, dão bolsas como se dessem folhetos em tempo de eleição.

Essa é a graça de estar entre cães e gatos enraivecidos, observar cada pisada e apunhalada de cada um. Por que aqui é isso que se aprende, a ideia de, "os humilhados serão exaltados", os mais fracos serem lembrados é inútil, estamos em tempos de aceitarmos que quem não morde pode ser ferido gravemente. Um ringue fechado apenas para os principais, apenas para os que sabem morder.

Olhando ao redor é possível ver cada parte escura de cada um, defeitos se tornaram qualidades. Aqui é terra sem lei e quem sofre é quem não tem contatos e voz, alguém como eu.

O sinal anuncia o almoço, pego meus cadernos sobre a banca e a bolsa, jogando sobre o ombro esquerdo, saio. Sinto um puxão, na bolsa, nada delicado, me viro indignada e sou obrigada a encarar seus olhos esmeraldas novamente.

- Vamos almoçar juntos? – convida.

Deveria ser crime ser tão bonito, no entanto o tempo e os últimos fatos me fizeram se afastar naturalmente.

- Não. – respondi, de forma seca.

- Por que? Por que está agindo assim comigo? – o seu arquear de sobrancelha, deixava claro sua falta de conhecimento.

- Não quero, me sinto cansada e vou pra casa. Com licença...- me pus a andar pra bem longe dali.

Se apaixonar por seu melhor amigo implica dizer que você vai se machucar muito, mas não lembrei disso quando me apaixonei. E foi um grande erro achar que daria certo. Ainda mais quando tudo aconteceu, o que antes era um sentimento bom se tornou um pesadelo terrível. E ainda mais quando um lado que nem mesmo você ou a própria pessoa conhecia aparece, tudo se torna uma surpresa e dessa vez não foi algo bom.

Entro em disparada no banheiro, fazendo a porta fazer um alto ruído. As gêmeas Kara e Kerol, me olham com desdém. Entro em um dos boxes e escoro-me a porta, onde meu corpo pende para o chão, escorrego querendo que um buraco se forme abaixo de mim. Abraço minhas pernas e ouço, ouço os sussurros daquela fatídica noite, a qual nos presenteou com as piores lembranças, com a culpa e o apavoro influenciando nossos passos.

Sinto meu corpo adormecer, o coração acelerar, o peito ser comprimido em uma dor agonizante. Falta o ar e o desespero me alucina. Tento me recompor, me por pra cima, mas nada funciona, minha mente conjurando nossos pecados.

- Socorro! – grito, em minha concepção.

Coloco as mãos no chão e tento, com todas as forças me por de pé.

- Alguém me ajuda... – imploro aos prantos, mas ninguém ouve.

Quando se está em uma situação de crise de pânico, suas piores memórias são acordadas e são elas que se tornam gás para o seu pânico. Nessas horas esperamos que alguém que nos ame esteja por perto, porém quase nunca isso ocorre.

Uma quentura latente começa a se espalhar por meu corpo, tomando ainda mais as forças que restavam. No suspiro pesado, com a visão turva, com toda dor e agonia, tento. Mais uma vez.

Com as minhas mãos espalmadas no chão, impulsiono meu corpo pra cima, apoiando-me nas paredes consigo sair do boxe. Cambaleio até a porta do banheiro e assim que aberta, a luz natural parece queimar meus olhos e escuto, "Mamãe está sempre aqui minha querida."

- Alguém me ajuda. – a cada passo dado meus joelhos fraquejam e o chão me chama.

Quando o amparo vem, permito descansar, no colo de quem tanto queria naquele momento.


Não me segurei e tive que postar o primeiro capítulo, se estiverem gostando não esqueçam de me avisar!

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