Milano | André Silva

05.

                                Julho
                         📍Portugal

- Maria, querida, estás pronta? - ouvi a minha avó do outro lado da porta e sorri para mim mesma.

- Avó, pode entrar. - disse e logo a porta abriu.

- Não te queria incomodar. - afirmou e olhei-a com um sorriso, indo ao seu encontro e pousando as mãos aos seus ombros.

- Não me incomoda nada, muito pelo contrário. A Alice já acordou? - perguntei e a mais velha sorriu.

- A minha bisneta é uma dorminhoca. - rimos. - O teu irmão vai tentar acordá-la aos poucos para ela ficar bem disposta e, quem sabe torne a dormir na viagem. Já está tudo pronto? - perguntou, apontando para a mala e ri, acenando.

- Quase, prometo. - respondi e ela riu.

- O teu avô também está a terminar de arrumar as suas coisas. Estamos na sala à vossa espera. - beijou a minha testa e abandonou o meu quarto.

Olhei uma última vez para o que me rodeava, certificando-me que nada me faltava.
Devido ao calor que se fazia sentir, decidi repousar na cama durante alguns minutos.

Suspirei, recordando a minha passagem por Milão à dois meses atrás. E nesse exato tempo, eu não trocara qualquer contacto com André Silva. Mantiveramos as coisas como combinaramos. No entanto, mesmo que nenhum de nós tivesse tido a coragem de falar, procurávamos saber um do outro pelas redes sociais, nomeadamente pelo Instagram. Mesmo não nos seguindo, o jogador fora capaz de deixar o seu gosto nas mais recentes fotos que eu publicara. Para que ele soubesse que eu estava atenta aos seus movimentos, imitei o seu gesto, deixando igualmente o meu gosto nas suas recentes publicações, sobretudo nas das suas férias. Soubera, pelas minhas primas, que este estivera em Ibiza com os seus primos e agora, segundo rumores nas páginas dedicadas ao jogador, este encontrava-se pelo Algarve com a sua família durante mais algum tempo antes de rumar novamente a Itália para decidir o seu futuro no AC Milan.
Não podia deixar de sentir um frio na barriga ao saber que podia encontrá-lo novamente, uma vez que o Algarve fora o destino escolhido pelo meu avô nas tradicionais férias em família. Uma grande parte de mim queria-o reencontrar e reviver os dias que passaramos em Itália. Eu estava completamente rendida aos encantos do jovem avançado. E a constante vontade de procurar saber dele, as imensas vezes que abri as mensagens diretas do Instagram tentando ganhar a coragem para lhe mandar algo e as vezes que apreciava as imagens e vídeos nossos que guardava no meu telemóvel fizeram-me perceber que eu gostava do jogador mais do que eu pensava.

- Maria! Caíste aí dentro? - ouvi Catarina gritar, me despertando dos meus pensamentos.

- Já vou! - gritei de volta e ri quando a ouvi dizer "ela está viva".

Fechei as janelas do quarto e depois de me assegurar estar tudo bem, abandonei a divisão.

- Deixa-me ajudar-te com isso. - o meu irmão veio ao meu encontro e sorri, agradecendo a sua disponibilidade.

Abri um sorriso largo ao ver a minha pequena sobrinha de sete meses sorrir para mim enquanto me pedia colo.

- Anda cá à tia, princesa linda. - chamei numa voz de bebé e ela soltou uma gargalhada gostosa, fazendo-nos rir.

- A mãe e o pai? - Tiago interrogou o meu avô e este olhou o relógio de pulso.

- Devem estar a chegar. O teu pai tinha umas últimas coisas para resolver na empresa, de modo a deixar tudo organizado  para que o António não tenha grandes problemas em gerir os assuntos na nossa ausência. - explicou e acenamos.