Capítulo I

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Tragou o cigarro lentamente, soprando a fumaça devagar para o alto, num ritmo que só não era mais preguiçoso que o próprio Shikamaru, que suspirou pesado e cansado de simplesmente de estar ali.

“Que saco”, pensou. Pelo menos naquele bendito cybercafé tinha uma área livre para fumantes, razão de tê-lo escolhido para ir.

Maldita hora em que seu computador havia quebrado, justamente naquele mês tão importante para seu trabalho homeoffice e também para outras coisas importantes que precisava dele para fazer e não poderiam ser realizadas via smartphone, o que basicamente o havia obrigado a estar naquele estabelecimento.

Pelo menos o café e os bolinhos que eles vendiam ali eram bons, talvez por serem uma armadilha para manterem o cliente ali por mais tempo.

Guardou o isqueiro usado no bolso e esfregou a bituca do cigarro no cinzeiro, a deixando ali para que fosse recolhida junto das outras depois, indo ao banheiro para lavar os braços, evitando que o cheiro do fumo ficasse mais forte em si e assim incomodasse os outros na área comum do lugar que era impressionante que tivesse tanto movimento.

O auge daquele tipo de comércio já havia passado. Raro era alguém que não tivesse um computador em casa, por isso era tão estranho que mais pessoas estivessem ali não apenas pelo serviço de pâtisserie, a não ser que todos os computadores da cidade haviam entrado em complô contra seus usuários e decidido dar pau juntos naquele dia.

Esperava que ficasse mais tranquilo ao longo das mínimas 4 semanas que Udon, o técnico de informática filho do próprio dono do café, demoraria a consertar a fonte de seu notebook, era um pouco incômodo estar entre tantas pessoas barulhentas, principalmente quando estava em algo mais secreto como aquela conta fake de twitter.

Escolheu o último computador por ali ser mais difícil de ser flagrado e lhe dar mais tempo, caso notasse a aproximação de alguém, de trocar de página.

Não seria nada legal que descobrissem que alguém com quase 30 anos na cara, como ele, participava de uma espécie de RPG com os personagens de Mortal Kombat no Twitter e, aliás, levando em conta o quanto Neji, seu sócio na Kaiten Cosmetik, era sério e chato, isso podia custar até a sua reputação profissional, mas ele não tinha culpa se era mais divertido brincar de ser Liu Kang que ser Shikamaru.

Preferia mais usar um computador público que usar seu próprio celular, afinal, nunca sabia quando o abusado de seu sócio ou até mesmo sua mãe iriam fuxicar seu telefone, além do medo de confundir a conta fake com a da empresa, que também era ele quem gerenciava.

Pior que, naquela tarde em especial, não era tanto o RPG que lhe importava e sim um dos contatos com quem falava usando aquela conta.

Entre todas as mensagens dos outros personagens cobrando sua participação, buscou por outro nome de usuário, um que nada tinha a ver com a brincadeira, digitando.

@Liukangadepraia: desculpa ter sumido do nada de ontem pra hoje. Meu computador quebrou ontem e não posso usar essa conta no celular.

Enviou a mensagem, esperando que ela(?) não demorasse a lhe responder.

Não sabia nem mesmo se a intrometida que uma dia havia se enfiado nos tweets de mais uma fake tour era de fato mulher, o que não faria diferença, mas sabia que aquela hora do dia ela trabalhava, assim como ele fingiu fazer quando a atendente do café se aproximou, trocando a página do Twitter para a de seu email profissional.

— Mais café? - perguntou, não muito simpática, a mulher que no crachá tinha escrito o nome de Temari.

Negou com a cabeça e agradeceu com um aceno, vendo ela voltar ao balcão, percebendo que havia sido o último que ela havia ido servir.

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