Temari era muito grata pelo trampo no Youth, já que tinha maior liberdade para fazer seus horários sem ter que aceitar um salário muito baixo, completando a renda que ganhava com os trabalhos de cabeleireira que fazia e assim pagar suas contas até que conseguisse emprego fixo em um salão ou pudesse abrir o seu próprio.
Era um bico mais certo que os shows de barzinho que costumava fazer nos fins de semana. Pelo menos ali eles lhe pagavam corretamente e sem falta.
O problema era que, em troca disso, perdia muito de sua paciência lidando com aquela barulheira infernal que lhe dava nos nervos.
Por sorte Kankurou não ficou muito tempo ali, já que precisava chegar em casa a tempo de acordar Gaara para que ele fosse cumprir o período noturno e assim Temari pudesse ir pra casa.
Apenas comprou pão e sumiu das vistas da irmã, que agradeceu mentalmente por não ter mais essa perturbação. Agora só faltava todas as outras.
Fechou os olhos com força com mais uma série de gritaria, que parecia ser a única coisa que aquele bando de adolescentes nas mesas parecia saber fazer. Precisaria de aspirinas ao fim do expediente!
Respirou fundo, tentando manter a paciência, mirando a próxima cliente do balcão, apontando para ela como se perguntasse qual seria o pedido.
- Me vê 4 pães e 200 gramas de mortadela! - pediu sem muita simpatia, cansando ainda mais Temari que revirou os olhos.
- Defumada ou comum? - perguntou pra evitar pitis, vendo que só então a dona lembrou da preferência.
- Defumada! - respondeu e a atendente acenou positivo, chamando a atenção do cortador de frios.
- Hidan! 200 de mortadela defumada! - ele mostrou o polegar em positivo e ela foi pegar os pães.
Gai, o dono do cybercafé, havia abolido há anos o uso de sacolas plásticas pelas versões de papel pardo reforçado, visando causar o menos impacto ambiental possível e ela riu nervosa ao ver a mensagem motivacional da que havia pego.
"Se tudo o que damos nos é devolvido, todo dia é dia de distribuir sorrisos e alegria."
Gai fazia de sacanagem, não era possível! Negou com a cabeça, a sentindo doer mais ainda.
Pegou os pães e os frios da freguesa, arrumando dentro das sacolas e pegou o pagamento, ainda ouvindo baixos resmungos pela suposta demora.
Queria muito mandar tomar no cu os clientes e todos os que diziam que lidar com o público era fácil. Nem suas clientes do salão eram tão esnobes. Felizmente aquela era a última!
Aproveitou a falta de fila no balcão para sentar na cadeira estrategicamente posicionada de frente para o caixa e suas pernas agradeceram o descanso.
Em dias movimentados como aquele, se perguntava se não tinha nenhuma praça ou outro canto decente pra molecada do bairro ir em vez de transformar o cybercafé no maior ponto de encontro e papo bem perto de seu horário de saída.
Suas pernas já estavam exaustas de tanto circularem pelo salão distribuindo café e nunca desejou tanto que aquele bando de adolescentes tivesse problema de desgaste de esmalte dental para pararem de bancar os "viciados em café".
Sentia que envelhecia uns 30 anos sempre que um daqueles moleques lhe chamava de tia. Qual foi, ela não era tão velha assim, no máximo tinha idade pra ser irmã mais velha deles. Até olhou pro celular e esticou a pálpebra inferior, mesmo não tendo rugas ali, só pra garantir.
Pior que o telefone só lhe lembrou que nem o suave descanso merecido poderia ser aproveitado batendo papo com "liukangadepraia", o que lhe levou a perguntar a si mesmo em que momento as conversas com um simples desconhecido se tornaram tão importantes.
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Cyberc@afé
FanficUma vez que o auge desse tipo de estabelecimento havia passado há mais de 10 anos, Shikamaru nunca imaginou que um defeito em seu notebook o obrigaria a procurar o Cybercafé Youth além da pâtisserie. Frustrado demais por ter que passar no mínimo um...