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Uma despedida

  Oi pai, essa é a última carta que te escrevo esse ano. vim lhe dizer que algumas pessoas são imutáveis, aprendi isso lendo um livro quando eu tinha uns onze anos, e eu não entendia, mas agora faz todo o sentido para mim. eu falhei como filha, como estudante, como amiga e como namorada, pois nunca me senti segura para ser. eu magoei muita gente, inclusive você. eu te machuco toda vez que você vem conversar comigo algo do seu interesse, e muitas vezes eu não te entendo, eu sou uma péssima ouvinte, por mais que eu tente concordar com suas opiniões. Vi que eu não te faço bem, e que tudo só piora por causa da sua doença, eu entendo o que você sente, pai, entendo o que passa nessa sua cabeça, pois às vezes passa na minha também, e eu não posso cuidar de você, pois estou quase tão doente quanto você. eu gostaria de ter te dado mais atenção, de ter sido uma filha melhor, uma amiga melhor, gostaria de trocar idéias mais vezes, gostaria de ser mais compassiva e atenciosa. Mas eu sou um fardo pesado demais, eu sou um pouco demais para todo mundo. mas eu quero que você seja feliz, eu quero que aprenda coisas novas, eu quero que você arrume uma companheira que te ouça, que seja honesta, que possa te ensinar algo também. Não quero que o senhor seja uma dessas pessoas imutáveis. Eu reconheço que sempre fui o problema nessa casa, sempre fui a causa de suas discussões com a mãe, ela também reconhece que falhou como esposa, eu vejo isso nos olhos dela, como se ela quisesse mudar o passado e tentar evitar uma catástrofe, mas, algumas coisas só podem ser consertadas com mudanças. Então pai, eu quero que você tenha em mente que eu te amo, nós te amamos muito, queremos que você fique são. Queremos o melhor para você. Te amamos tanto, que vamos te deixar em paz.

Desconhecido