O faisão do aniversariante

O faisão do aniversariante - Capítulo Único

Certo dia, um homem resolveu dar um banquete para comemorar seu aniversário. Ele convidou os seus amigos e parentes. Mandou preparar as mais deliciosas comidas, os mais suntuosos manjares. Decorou sua casa com as mais belas flores. Enfim, fez todos os preparativos para que a festa fosse magnífica.  

Dentre as comidas que ele havia mandado preparar, estava a seu prato preferido: um faisão defumado de difícil preparo, cujo gosto só poderia ser definido como uma maravilha descida dos 7 céus. Claro que seu prato preferido deveria estar no seu aniversário e claro que seus convidados deveriam partilhar dele.

Pois bem, chegado o dia da festa o homem resolveu não cortar o faisão e separar seu pedaço antes de colocá-lo na mesa. Desse modo, ocupado com os seus afazeres de anfitrião, não percebeu logo quando seus convidados começaram a comer da mesa principal. Conversa vai, conversa vem, ele lembrou-se do faisão. Foi à mesa pegar um pedaço para si, mas não encontrou nada além de uns ossos roídos e a decoração que enfeitava a bandeja onde estava a ave. Não era surpresa que aquele era um prato de incrível sabor e que, portanto, acabaria logo, mas também não seria surpresa se algum dentre seus familiares mais chegados que estavam na cozinha organizando a festa tivesse guardado um pedaço para ele. Afinal, aquele era a sua receita mais estimada e ele era o aniversariante. Surpresa de verdade foi a sua ao constatar que nem sua mulher nem nenhuma de suas filhas, nem seus irmãos ou seus amigos que bebiam na mesa mais próxima ao faisão não tinham guardado nenhum pedaço para ele. Nenhum daqueles homens se lembrou do que sabiam que o aniversariante mais gostava de comer. 

O dono da festa ficou com raiva, mas pensou consigo "pelo menos não vão reclamar que não dei o melhor da minha cozinha nesta festa". Ledo engano do homem, pois, uma semana depois ainda se falava da tal festa dele e de como ele havia sido mesquinho e preparado tão pouco faisão para os seus convidados, já que o prato acabara bem antes do fim da festa.

Moral da história: Assegura-te de ter aquilo que é importante para ti priorizado e separado, caso contrário, virão outros, reclamarão seus interesses sobre o que é teu e só te restarão ossos e ingratidão. A ingratidão, aliás, vai existir não importa o que você faça.