Kara olhou da arma em cima da mesa para Helena incrédula. O tom frio e ameaçador em combinação com um olhar de ódio fez os olhos loira se arregalarem assustados. Não podia acreditar que aquilo era real. Sua resposta ficou presa na garganta quando bateram na porta de novo. A advogada jogou uma almofada em cima da arma e correu para abri-la, era Jonathan.
O homem cumprimentou a filha e entrou no quarto para encontrar uma Helena dormindo na cama de hotel. Ou fingindo mais precisamente. O único foco da loira, no entanto, era na arma que parecia intocada embaixo da almofada. Jonathan pediu desculpas para a filha caçula, "acordou" Helena e praticamente a carregou embora.
Kara correu de volta para a pistola e ficou encarando. Agora tinha uma arma carregada em um quarto de hotel, em um país estrangeiro e não sabia o que iria fazer.
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Não é preciso dizer que a loira abortou a viagem com o pai. Ligou para Lena assim que resolveu o problema com a arma, pediu que a namorada viesse mais cedo e logo no domingo de manhã deixou uma mensagem na recepção do hotel dizendo que estava indo para Paris. Covarde? Sim. Porém, ela não tinha condições de lidar com Helena e seja lá o que estivesse acontecendo com a irmã.
Pegou o trem até Paris e foi até o aeroporto esperar por Lena. Foi uma longa espera que deu tempo de sobra para a loira repensar todo o tempo que passou com a irmã. Helena era tão...legal. Mesmo que Kara tenha passado uma boa parte com ciúme dela, a médica ainda era uma mulher legal. Todos sempre pareciam ficar tranquilos ao seu lado. Claro, que conforme foi entrando na família, os problemas começaram a aparecer. Tudo bem, toda família era assim.
Todos têm seus problemas internos que não ficam escancarando para o mundo exterior, afinal quem não faz parte da sua família, não precisa saber dos seus problemas. Foi estranho ver Helena como sua irmã, mas ela estava conseguindo isso. Não como era com Alex, é claro, nunca com ninguém seria como era com Alex, porém era o que Kara esperava para a relação delas. Conversavam sobre suas vidas, seus trabalhos, sua mãe. A loira chegou a dar conselhos sobre a relação delas e por céus, Helena ficou agradecida, não ficou?
Agora Kara não tinha mais essa certeza. Não tinha mais essa segurança de que estava construindo uma relação com a irmã. Parecia mais que estava dando munição para alguém atacá-la de volta. Ouvir que era filha perfeitinha não incomodou. Em uma das poucas e feias discussões que teve com Alex, a palavra foi usada. Aquela vez magoou, ouvir de Helena não significou nada. Mas aquele final, aquele tom, aquele olhar e o fato dela fingir estar dormindo quando o pai chegou, aquele combo fez tudo que ela sentia pela irmã, ruir.
- Terra para Kara Danvers! – Lena falou alto. A diretora estava em pé na frente da namorada há alguns minutos já. Estranhou quando não a viu na porta do desembarque, mas não precisou procurar muito, apesar do tamanho do aeroporto. Kara estava sentada bem próximo de onde ela desceu.
- Lena. – Kara suspirou e ficou em pé em um movimento rápido, trazendo a namorada para seus braços. – Que bom que você chegou.
- Você me ligar de madrugada pedindo pra antecipar uma viagem pra Paris não é exatamente a pior ligação do mundo. – Sorriu e deu um beijo na amada. Seu sorriso diminuiu quando Kara não fez o mesmo. – Kara o que está acontecendo?
- Vamos pro hotel, eu preciso muito falar com você. – O tom era sério e preocupado, até mesmo um pouco desesperado. Lena não pensou duas vezes em pegar sua mala e ir com a namorada. Passaram o caminho praticamente em silêncio e só quando estavam sozinhas no quarto é que a milionária cobrou explicações.
- Kara o que está acontecendo, fala logo. – Sentou no sofá da pequena sala que tinha no quarto alugado.
Se em Londres, a loira ficou em um hotel mais simplório, com um quarto pequeno, em Paris a história era diferente. Lena alugou a cobertura de um dos melhores hotéis da cidade. As duas ficariam muito confortáveis naquela semana romântica.
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Era para ser você
FanficKara Danvers é uma advogada pró-bono de National City. Lena Luthor vive na sombra do seu sobrenome. Uma morte vai aproximar os seus mundos, e o amor que vai nascer nada, nem ninguém será capaz de separar.