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O meu turbilhão de pensamentos pára subitamente quando sinto uma presença ao meu lado, enquanto me sentava nas bancadas do campo de rugby.

"Eu sabia que te encontraria aqui." a voz respira ao meu lado.

Reviro o meu olhar do campo verde para me defrontar com o olhar arrebatador do irmão da minha melhor amiga.

Não obtendo resposta da minha parte, o Carter continuava a falar, com um sorriso leve nos lábios.

"Sabes, desde que te vi, lá no fundo havia qualquer coisa em mim que despertava no momento em que os meus olhos se cruzavam com os teus." ele diz.

"Isto parece lamechas e eu não sou muito bom a transmitir em palavras o que sinto mas..." ele ri, olhando para o horizonte.

"Este sou eu. O verdadeiro eu que se está a revelar em frente da rapariga que nunca caiu nos meus encantos e para ser sincero, é isso que me faz te admirar mais."

Após este pequeno monólogo, o meu estômago começou a dar pulos de entusiasmo.

"Carter.." eu começo.

"Espera, deixa-me acabar." ele diz.

"Na realidade, eu nunca me interessei pela reputação de bad boy do liceu. Eu não pedi nada mas parece que o meu visual levou a que todo o pessoal me nomeasse de bad boy."

Eu processo tudo o que o Carter me conta, sentindo-me mal pelos meus julgamentos durante os anos. Porque, é a primeira vez em que o Carter se abre e demonstra alguma emoção no seu rosto.

É diferente mas ao mesmo tempo reconfortante saber que eu fui aquela que fez com que o Carter se abrisse. Parece que os sentimentos que eu sinto por este rapaz são mais fortes do que eu pensava.

**

"Pai! Cheguei." eu digo, fechando a porta de casa e pousando o meu saco na entrada.

Quando não ouço resposta, dirijo-me para a cozinha para beber alguma coisa.

Abro o frigorífico e tiro uma garrafa de água fresca.

Tiro a tampa e começo a beber, sentindo o fresco líquido passar na minha garganta.

Pego então no meu saco e vou para o meu quarto para fazer os trabalhos de casa. Eles não se fazem sozinhos. Infelizmente.

Não me levem a mal, eu adoro aprender mas por vezes a quantidade de trabalho é tanta que a tua cabeça parece que pode explodir a qualquer momento.

Momentos passam, e alguém bate à porta do meu quarto.

Dou um salto pois não dei por nada com o quão concentrada que estava nos trabalhos de casa.

Eu olho em direção da porta para ver quem estava por detrás dela e dou de caras com o meu pai.

"Pai! Olá!" Eu levanto-me para lhe dar um beijo na bochecha.

"Olá, filha! Como correu o dia?" o meu pai perguntou. "A Lauren e o Carter, como estão? Ouvi dizer que o Carter voltou da academia."

"O dia correu bem. Foi normal." Eu respondo. "E a Lauren e o Carter estão bem. E sim, o Carter voltou." Eu solto um suspiro.

Notando a minha reação ao nome do Carter, o meu pai franze as sobrancelhas.

"Então, filha. Porquê essa cara?" Ele senta-se aos pés da minha cama, fazendo sinal para que eu fizesse o mesmo.

Eu e o meu pai sempre tivemos uma relação próxima. Depois de que a minha mãe morreu, ele tem sido o meu pilar, juntamente com os Williams. Sem eles, não sei como sobreviveria.

Ainda hoje quando penso nas belas memórias com a minha mãe, uma sensação de saudade e ao mesmo tempo de raiva apodera-se de mim.

Raiva pela maneira de como ela foi embora. Acidente de viação. Um condutor bêbado bateu-lhe com o carro e o impacto foi de tal forma grande, que ela não resistiu aos ferimentos. É tão cruel como tudo está bem mas de um momento para o outro, tudo pode se desmoronar diante de ti.

"Pai..." eu suspiro mais uma vez. "Eu acho que... bem." ele corta-me subitamente a palavra.

"Não estás grávida, pois não?" Ele olha-me com os olhos arregalados.

"Pai, não ! Que parvoíce." Eu rio.

Ele suspira de alívio. "Ainda bem. És demasiado nova para isso ainda."

Eu olho para ele com as sobrancelhas levantadas. "Pai, eu tenho 18 anos. Poderia bem acontecer."

"Para mim serás sempre a minha pequena." Ele diz, colocando o braço dele no meu ombro.

Eu sorrio.

"Mas diz lá, o que se passa?"

Eu respiro fundo. "Eu acho que gosto do Carter." Eu digo rápido, fechando os olhos.

"O Carter? O filho dos Williams? O nosso Carter?" O meu pai bombardeia-me com perguntas.

"Sim, o Carter. O filho dos Williams. O nosso Carter." Eu respondo, quase rindo com as expressões que passam pela cara do meu pai.

"Filha, isso é uma coisa boa. Estava a ver que não davas por isso." Ele levanta uma sobrancelha, rindo. "Para além do mais, ele é um bom rapaz."

"O quê?" Eu pergunto, boquiaberta sem saber bem o que ele estava a falar.

O meu pai ri. "Preciso de ir começar a fazer o jantar." Ele diz, desviando a atenção da nossa conversa e começando a sair do quarto. "Ah, convidei os Williams para jantar." Ele diz antes de sair do quarto, fechando a porta com um sorriso no rosto.

Ótimo.

unexpectedly yours (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora