"Não sei por quanto tempo eu ficarei"
— Le?
A voz de Jisung soou de modo baixo, enquanto o mesmo deu leves batidas contra a madeira antiga de carvalho, utilizada em alguns detalhes da porta da casa do seu hyung.
"Tudo bem, vou bater na sua porta"
— Chenle hyung... abra a porta - O Park disse com o tom de voz mais elevado, dessa vez encostando sua testa sobre a madeira que se encontrava um tanto quanto fria.
O garoto esperou por longos minutos, estes que se pareceram mais com horas.
Na varanda desprovida de cobertura, Jisung pôde sentir os finos flocos de neve caindo sob os seus fios de coloração azul, assim puxando a touca do seu casaco para evitar de ficar doente.
O mais novo era um tanto quanto extremamente paciente, e se tivesse que ficar em frente da casa do Zhong a noite inteira, faria isso de bom grado.
Afinal de contas o melhor amigo estava passando por um momento um tanto quanto delicado, e o Park entendia isso perfeitamente.
Depois de um longo tempo, Jisung pôde ouvir os barulhos dos passinhos do seu hyung sobre o piso de taco, e segundos depois, ouviu o "click" típico da fechadura antiga da porta.
— Jisung-ah, me desculpa por ter feito você esperar... - O Zhong disse com a voz num tom rouquinho e envergonhado, e logo abriu a porta, dando espaço para que o mais novo adentrasse na sua casa.
— Não se preocupe com isso, Le. Você sabe que eu esperaria o tempo que fosse preciso aqui, apenas para te ver. - O Park sorriu meiguinho, e logo entrou na casa do mais velho, o vendo fechar a porta atrás de si logo em seguida.
— Yah, mochi... você adora me deixar sem graça, né? - Chenle se permitiu rir fraquinho, e sorriu pequenininho ao olhar o melhor amigo.
— Gosto de te deixar feliz, e você costuma ficar feliz quando te encho de elogios - O coreano deu uma risada gostosa de se ouvir, e logo foi até a sala de estar da casa do outro, se jogando no sofá fofinho que havia ali.
— Jisunggie... - Chenle pronunciou de modo manhoso o apelido do outro, logo caminhando até o sofá e se debruçando sobre o mesmo - O que nós vamos fazer hoje??
Bem, desde que os pais do Zhong haviam falecido num acidente há alguns meses, todas as noites Jisung ia vê-lo, mesmo que tecnicamente não pudesse fazer isso.
Os pais do Park não o deixavam sair durante o período escolar, mas mesmo assim o coreano não queria deixar seu melhor amigo sozinho, triste, e chorando todas as noites.
Então simplesmente esperava seus pais dormirem, pulava a janela do seu quarto e ia a pé até a casa do chinês.
Mesmo que ela fosse um tanto quanto longe.
E desde a noite do acidente, Jisung prometeu que sempre iria cuidar de Chenle.
Ele só queria conseguir ser o melhor dongsaeng do mundo para o seu hyung. Afinal de contas, o mais velho sempre o ajudou, agora era a hora de Jisung retribuir tudo o que o chinês já fez por ele.
— Hoje iremos ver um filme, Le. Vem cá, vamos escolher juntos. -O Park disse esticando os braços na direção do mais velho, o vendo sorrir todo fofo.
— Você é o melhor amigo do mundo, Mochi! - Chenle exclamou todo empolgado e logo deu a volta no sofá, se aproximando de Jisung e se jogando em cima dele.
O coreano riu da atitude do outro e abraçou o corpo do Zhong contra o seu.
A amizade dos dois sempre foi um tanto quanto carinhosa demais, e nos últimos tempos andava bem mais melosa devido à carência excessiva do mais velho. Jisung sequer ligava para este fato, só queria ver seu hyung bem, apenas isso.
— Vamos Le, escolha um filme, seu golfinho risonho.
Jisung riu alto quando o amigo lhe deu um tapa no braço, e logo os dois optaram por assistir um filme de animação chamado Em busca do vale encantado.
Não importa a idade que os dois tivessem, continuavam amando aquele filme que viram inúmeras vezes quando crianças.
E daquele jeito os dois assistiram ao filme.
Chenle agarrado ao corpo esguio de Jisung, enquanto o coreano acariciava os fios verdes, do mais velho, com um sorriso fofo presente nos lábios.
E antes mesmo do filme acabar, O Zhong acabou por pegar no sono.
O Park passou longos segundos fitando o rostinho amassado e fofo do chinês, e logo sorriu fofinho, se levantando com o outro no colo, e o levando até o seu quarto.
Chegando lá, Jisung colocou o mais velho na cama e o cobriu passando a mão delicadamente pelos fios esverdeados do outro.
Seu coração ficou apertado em ter que mais uma vez deixar o Zhong sozinho.
Mas, sabia que ele não acordaria antes do amanhecer, afinal de contas Chenle tomava remédios para conseguir dormir desde o acidente.
Sendo assim, o coreano se aproximou do rosto do chinês e deixou um beijo na testa do mesmo, logo saindo do quarto, fechando a porta e tomando cuidado para não fazer barulho.
Ao voltar para a sala, pegou um bloquinho de folhas e uma caneta de tinta preta, escrevendo assim um bilhete, avisando que havia ido embora ainda de madrugada, já que seus pais não podiam descobrir que ele saía de casa todas as noites.
Em seguida, o deixou sobre o balcão junto à caneta e o pequeno bloquinho de folhas.
Ajeitou seu casaco no corpo, enquanto se dirigia até a porta.
E assim, logo deixou o recinto, mesmo que seus pensamentos ainda continuassem lá.
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Coffee - Chensung
Fanfiction"Não fique acordado por muito tempo. Não vá para a cama. Vou fazer uma xícara de café para a sua cabeça Eu vou levantar você e sair da cama." Onde a família de Zhong Chenle morre, e o garoto entra em depressão, sem querer sair da sua cama. Mas Park...