Prólogo

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"Avancei os ponteiros do relógio antes do tempo, e , como consequência, ele parou de funcionar diante dos meus olhos,até que..."

Mais um dia na cidade que nunca dorme. Era para ser um dia normal sabe: andar fingindo que tenho algum rumo, conversar com Shelly hoje no café sobre alguma oportunidade de trabalho ( prefiro chamar de passatempo, já que eu não preciso do dinheiro, faço mais por diversão) depois ir ao shopping e andar mais ainda, pelo menos eu poderia comer altas calorias, já que minha tia não comprava comidas com gosto lá para casa. Pelo menos eu tinha Lily e de vez em quando ela preparava algo gostoso para mim. É, eu não tenho muito do que reclamar, vivo confortávelmente em uma cidade linda, só que nunca basta. Como eu disse, era para ser um dia normal.

- Mas será que você não vê, garoto? - Um senhor estava falando com um rapaz, por sinal, bem atraente - As dívidas estão só crescendo e não posso ficar andando de bobeira pelo centro

- Senhor Roger não se preocupe vamos resolver isso... - Eu não deveria prestar atenção na conversa dos outros, mas o rapaz fisgou minha atenção e de todas as outras mulheres que estavam na calçada esperando o sinal fechar -.... Além disso o senhor é rico

- Como se atreve a me insultar? - Se eu fosse o garoto já teria empurrado aquele velho ranzinza - Está suspenso de suas atividades por hoje Senhor Adams - Então esse era o sobrenome

- Mas senhor eu não.... Desculpe... Por favor eu preciso do dinheiro - Bem que ele tentou

E então o sinal abriu e todos passaram pela faixa, menos o rapaz. Os olhos estavam vidrados no senhor ranzinza que parecia ser movido a ódio, não o culpo, eu também andaria assim se tivesse vontade, mas eu não sentia vontade de fazer nada, a parte preferida do dia era a que envolvia uma cama quentinha, um travesseiro macio e o silêncio total.

- Dia difícil? - Eu não era muito de puxar assunto com estranhos ou de perder tempo, mas o cara parecia triste. Ele direcionou o olhar para mim, o que fez ele abaixar a cabeça um pouco, digamos que eu não era uma pessoa alta para os padrões americanos

- É, acho que sim - O sinal abriu de novo - Senhor Rogers não é muito de conversa e hoje não é um dia bom para ele

- Parece que nunca é - Comecei a sorrir e ele fez o mesmo, mas era um sorriso triste - Se eu fosse você já teria desistido

- Bem que eu queria, mas ele é meu chefe, e vamos dizer que eu não tenho muitas oportunidades por aqui - Ele abaixou a cabeça e colocou as mãos nos bolsos da calça jeans. O dia estava escuro, sinal de chuva, mas quando eu olhava para ele dava para ver os olhos claros assim com os cabelos e debaixo da roupa social, um corpo bem definido

- Não precisa aturar isso - Eu disse colocando uma mão em um ombro dele. Realmente estava passando dos limites entre Eu e estranhos, mas ele parecia triste, dizia para mim mesma
- Tenho certeza que você poderia achar outro emprego

- Como pode saber? Nem nos conhecemos - Ele virou para me olhar e pareceu arrependido quando coloquei as mãos nos bolsos do meu casaco e fechei a cara - Digo... Não queria parecer grosso... Eu só..

- Não, tudo bem, também faria o mesmo se estranhos começassem a falar comigo - Forcei um sorriso desanimado - Não tem problema

- Não precisamos ser estranhos, parece que você não tem muitos amigos - Ele começou a me olhar de cima para baixo e eu me senti envergonhada, estava com um casaco bege maior que meu corpo e calça moletom da mesma cor, além de sapatos colegiais, pelo menos meus cabelos estavam ajeitados. Não que eu ligasse para minha aparência, mas era estranho ter olhos sobre mim, eu geralmente vivia com um fantasma ao redor dos outros na cidade - Sou Andy Adams - Ele concluiu esticando a mão para mim

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