Caminhei até o parque, era um sábado e eu não estava em um shopping ou na casa de algum amigo, porque eu era estranha e não tinha ninguém que quisesse ser amiga de uma estranha.
Mas nem sempre foi assim, quando eu morava no Brasil eu tinha muitos amigos, era feliz e tinha pais atenciosos, além de termos muito dinheiro, o que mais eu poderia querer?
Então minha mãe morreu em um acidente de carro e, meu pai, aos poucos foi afundando na bebida, ele amava minha mãe e, minha mãe o amava, eles eram os famosos casais americanos dos filmes, a diferença era que meu pai era brasileiro e minha mãe era escocesa.Eles sempre ensinaram as duas línguas para mim, acabei absorvendo mais o sotaque da Escócia, porque nós passávamos as férias com a família de mamãe e, morávamos no Rio.
Meu pai aguentou 2 anos, como o esperado, morreu por causa da bebida e eu acho que também por causa da depressão que tomou conta dele. Ninguém podia ajudá-lo, nem mesmo eu, porque acho que estava tão destruída quanto ele.
Depois da morte dos dois, eu vim morar com minha tia Andrea, irmã de mamãe, em Nova York. De novo eu teria tudo, perderia, e não restaria mais nada, só lágrimas. Ela era bem sucedida, advogada e trabalhava em um grande escritório. Quase nem sempre estava em sua grande mansão, então eu ficava sozinha, com exceção das vezes que Shelly me visitava e Ele.
Nem sempre fui a estranha, eu cheguei na escola e apesar da tragédia que eu tinha acabado de passar, me dei bem com a escola e com os alunos, não eram aqueles personagens de filme malvados, foram bem receptivos comigo, porque acho que sabiam o que eu havia passado. Eu era líder de torcida e namorava o jogador de futebol americano que Shelly fez questão de lembrar que conheci no metrô e apaixonei-me 1 semana depois quando descobrir que poderíamos sair, já que éramos da mesma escola.
Meu namoro com ele durou o ensino médio inteiro, éramos o casal perfeito e o maior shipp da escola, nunca um casal havia durado mais de 3 meses.
Nós nos amávamos de verdade, para falar a verdade, eu amava Peter de verdade, ele não estava nem aí para mim, na primeira oportunidade me largou para ficar com uma mulher mais velha, que eu descobri da pior maneira possível, era professora na minha faculdade e uma conhecida minha (e como ela era insuportável, não falo isso por Peter, mas porque ela realmente era, parecia que me odiava quando eu é quem deveria odia- la por roubar meu namorado), afinal, ela era amiga de minha tia e eu não tinha nada contra ela até começar a criticar toda resposta errada ou titubeada que eu dava em sua aula na faculdade, não era fácil, eu estava cursando medicina, poxa!
Depois de repensar em tudo isso comecei a chorar, eu não chorava fácil não. A última vez que derramei lágrimas foi quando minha mãe morreu e quando Peter me traiu, se bem que antes de realmente começar a chorar, dei um tapa na minha cara e parei.
Após a traição, e depois de toda a escola saber, todos olharem-me com seus olhares condolentes, com se pedissem desculpas no lugar Dele, e após o ensino médio acabar, eu isolei-me de todos, não queria mais ninguém ao meu redor, não queria mais pessoas falsas ou gente que sugasse toda minha dedicação para jogar no lixo quando estivesse de saco cheio de mim. Isolei-me de todos, menos Shelly que, quando descobriu o que Peter fez, saiu correndo, esbarrando e gritando seu nome até encontrá-lo, dar um tapa em sua cara e uma joelhada naquele lugar. Não posso dizer que não gostei de vê-la me defendendo, porque gostei, foi a última vez que olhei nos olhos de Peter.
Não fui ao baile de formatura, só peguei meu diploma com Shelly e fomos comer pizza e falar de como a vida tinha mudado.
* * *
- Interrompo sua linha de raciocínio ou algum pensamento trágico, moça?- olhei para cima enxugando os olhos e sorrindo tristemente
- Não, não mesmo eu só estava.... bem... eu estava... - ele deu uns daqueles sorrisos, e falando moça, fazendo-me gaguejar e sorrindo, só podia ser ele de novo - Andy Adams, o cara do sinal.
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Antes Que Eu Esqueça
RomanceÉ bem comum encontrar quem tem tudo, materialmente falando, mas não possui amor. Também tem aqueles que com pouquinho, vivem plenamente e são amados. Mas será que Allie pode ter as duas coisas? Será que alguém pode ter isso? E se tudo que ela vives...