1 CAPÍTULO

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A lua mesmo tristonha não perdia seu brilho e nem mesmo as estrelas tirava o sorriso do céu. A tristeza de Moacir deixava fluir o significado de seu nome em torno da tribo de "Hoiãm". Seu pai, Obitã, deitado no chão gelado de barro dentro de uma Oca com o formato duma metade de abacaxi feito de palhas e madeiras. Ao lado do filho e do pajé que continha alguns adereços confeccionados como plumas de aves e um cachimbo pequeno na boca a qual inspirava ar e respirava fumaça. O pajé com um vaso pequeno de aguá morna, colocava o bano branco dentro da aguá e passava sobre o corpo do cacique para retirar a tinta. falava palavras que somente ele entendia o significado e em seguida o corpo do cacique começava a tremer e seus olhos próximo de se fechar, chamou seu filho Moacir para perto de si e de seus lábios trêmulos lhe dizia. 

— Tome um pedaço da alma de Obitã. — Agarrava o colar colorido de seu peito e colocava em cima da mão de seu filho.

—Mas pai...— interrogava Moacir.

—Irei partir, mas metade de mim ficara contigo, e a outra metade ficara ao lado do deus tupã.- respondia Obitã.

Seu corpo já não tremia mais e seus olhos já não estava mais abertos, não se sentia mais sua respiração e nem menos sua voz. Moacir resistente como uma Aroeira preta, nunca tinha sentindo um luto tão grande, mas mesmo com os olhos avermelhados e nutrido de lagrimas, não deixava nem mesmo um gota de água escorregar de seus olhos negros como Jabuticaba. O velho que não soltava o cachimbo nem se Obitã revivesse, olhou para Moacir e mandou para que ele chamasse alguns dos índios para avisar a toda aldeia que o luto se fazia presente naquela madrugada. Moacir fechou o rosto e se retirou feito sombra até um de seus irmãos e ordenou para que chamasse toda a tribo para fora de suas Ocas. Conforme dito, todos os índios ficaram a espera do jovem rapaz para saber o que lhes convêm de ficar acordado naquela noite fria. Moacir sai da oca junto com mais dois índios que segurava o corpo de seu pai, ele olhava para o povo que estava em seu redor e em alguns segundos de silêncio Moacir levantava a mão direita, e com o dedo indicador e médio levava até a boca e assoviava levanto os dedos para frente e para trás. Logo em seguida a tribo fazia o mesmo, Levantava os dois dedos da mão direita e assoviava. algumas pessoas da tribo choravam como os pássaros, quando são pressos em gaiolas. Outros apenas observavam como uma coruja no meio da noite.

O velho pajé, Joaci, segurava um pedaço do tronco da arvore castanheira que era parecido como um cajado. O cajado mesmo tortuoso deixava o corpo do velho ereto mantendo ele em pé, seus olhos mesmo cansados e o rosto enrugado, tinha uma voz ativa parecido com rugido do lobo-guará ele olhava para Moacir e lhe dizia:

—deus tupã quer que Moacir carregue o corpo de teu pai até o topo da rocha de Alebrim e deixe o corpo dele lá para que ele converse com a alma de teu pai.

O jovem olhava no fundo dos olhos do velho e apenas engoliu ar seco. As rochas de Alebrim normalmente são barrentas, mas é perto da tribo deixando o coração de Moacir "aliviado".

—Lembre-se de tirar a marca de Urucum do corpo e raspe todo cabelo do corpo, diga isso também para seus irmãos.

***

Moacir e seus irmãos fizeram o que o velho pajé lhe mandava e eles caminhavam lentamente entre os galhos secos que lhe dava a visão do topo da rocha. A lua clara batia na rocha e iluminava o ambiente, os índios seguravam Obitã, um pelo pé e o outro pela mão dando mais firmeza subindo as rochas escorregadias. Moacir pedia para os dois índios deixar o corpo de seu pai em uma das rochas mais claras e mandava para que eles fossem para casa antes que o sol amanhecesse. Os índios suados ao carregarem o corpo, não pensava duas vezes e foram para suas casas dormirem. Moacir ajoelhava ao lado do corpo se queixando como uma folha seca que cai de uma arvore madura, e perguntou para a lua "por que a morte é tão bonita, mas tão triste". Sentou-se na rocha e observava o horizonte atrás das rochas, lá ele fitou os olhos na lua que refletia no mar e que as estrelas também não podia se esconder de forma alguma a não ser que a nuvem a cobria. Moacir silencioso, se lembrava de todos momentos vividos ao lado do pai, deixando a tristeza invadir seu coração e sua alma. Pegava o colar que estava em seu pescoço e colocava na mão observando de todos lados aquela pinturas em volta do colar. levantava lentamente e escultava alguns ruídos entre os galhos secos, ele pegava o colar e colocava em cima de uma rocha quaisquer. Em seguida, pegava o arco e flecha que estava pendurado em suas costas, apoiado duma linha que vai das costa para os ombros e em seguida até a região do peito. Ele descia as rochas rapidamente sem nenhum movimento brusco e aproximava do lugar barulhento. Logo após o barulho se evapora, Moacir escultava uma trovoada no momento que ele olhava para o céu e via que de repente o tempo ficava nublado e escuro. Ele repara no topo da rocha onde estava o corpo de seu pai e um raio depressa avança o corpo de Obitã, deixando o corpo em pó de cinzas. Moacir ficando assustado com o acontecido, observa que o corpo não estava mais no topo, e caía em lagrimas sem saber o que ocorreu. Ele correu em direção à tribo com lagrimas que escorreu de seu rosto até o chão que acabou esquecendo que o colar não estava mais em seu pescoço e que agora já era tarde demais. 

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Aroeira preta:É nativa da caatinga  e do cerrado, desde o estado do Ceará  até o estado do Paraná, no Brasil. Encontrada também na Argentina, Paraguai  e Bolívia. Embora os dados sejam insuficientes, a urundeúva é superexplorada devido a sua madeira resistente e agrupamentos dessa árvore, que antigamente era dominante na caatinga, estão desaparecendo.

Jabuticaba: A árvore da jabuticaba chama-se jabuticabeira. Esta fruta silvestre é típica da Mata Atlântica. Possui um formato arredondado e de cor preta.

Arvore castanheira: A madeira da castanheira é considerada excelente para aproveitamento industrial. Em geral, a árvore apresenta um tronco reto, muito regular da base da árvore até sua copa. Sua madeira é muito resistente, de fácil processamento, e considerada bonita, podendo ser utilizada para a construção civil e naval, assim como para a fabricação de pisos, forros, painéis decorativos, embalagens e compensados.

Lobo-guará: Esse lobo é uma espécie de mamífero que vive principalmente no cerrado brasileiro e é considerado o maior canídeo Sul-Americano. Além do território brasileiro, ele pode ser visto na Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai. O lobo uiva grosso e é parecido com o latido de um cachorro. 

Urucum: Suas sementes trituradas são usadas tradicionalmente como pigmento, para pintura corporal e outros cosméticos, e na culinária, para dar cor vermelha ou amarela aos alimentos 

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⏰ Última atualização: Mar 13, 2019 ⏰

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