Prefácio

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A muito tempo, em um tempo mais simples onde crianças podiam brincar juntas sem se importarem com a sociedade que os cercava, um tempo onde tudo se resumia a colagens de macarrão e brincar de bola na praça.

Era uma época boa, um tempo que não pode voltar, um tempo marcado pelas cicatrizes da vida.

Claro que para alguns essas cicatrizes ficavam apenas em suas mentes, mas esse não era o caso para ele, não, para Bakugou suas cicatrizes eram bem viziveis.

Eram duas marcas, a primeira ia de seu baixo abdômen até o meio do peito pela lateral e a segunda era em suas costas, uma grande marca de queimadura vinda da explosão daquele dia.

Aquele dia....

O dia em que Midorya deixou a bola com que brincavam escapar de suas mãos para o meio da rua e tal qual um aspirante a herói, Bakugou se pôs a frente para buscar a bola, mas estava no final da tarde, as pessoas queriam ir para casa e estavam cansadas.

Aquele homem desviou os olhos por um instante da rua, só um momento para ver o horário no celular e já foi o suficiente para que fosse tarde de mais para desviar completamente da criança loira que corria na frente do carro.

Maldito seja o cigarro aceso, mas o homem estava exausto, precisava fumar e sua esposa não deixava ele fazer isso em casa por conta do filho, então só restava o caminho de casa para isso. Se não fosse o cigarro, talvez o acidente teria sido melhor, afinal, não atingiu completamente a criança, conseguiu desviar dela em parte, não foi letal.

Bakugou não teve tempo para pensar, em um segundo olhava a bola que ia para mais longe do outro lado da rua e no outro momento via o céu, uma nuvem de fumaça e uma forte dor na barriga.

Piscava lentamente, mas cada vez que abria os olhos tinha a sensação de dar um pulo no tempo, sentia algo molhado em seu peito, algo quente, mas também sentia um líquido mais gelado em suas costas.

O cigarro caiu dos dedos do homem desacordado, pode desviar da criança, mas não do poste.

O cigarro rolou

O cigarro não se apagou

Bakugou ouviu um alto barulho e depois mais nada, seus ouvidos eram apenas um zumbido abafado e suas costas um mar de chamas.

Seus olhos se fechavam e abriam, mas agora notava melhor a diferença de tempo.

Ele vai Midorya se aproximar, via aquele pequeno garoto frágil como uma menina correndo entre as chamas, sentia suas pequenas mãos o puxando, via os olhos dele cheios de lágrimas, então piscou. Estava vendo um teto branco se movendo

O zumbido persistia, do seu lado havia um homem moreno, tinha a sensação de que o conhecia, mas não sabia da onde, seu peito doía, suas costas doíam, sua perna doía, tudo doía. Seus olhos se fecharam novamente e quando abriram ainda tinha um teto branco em cima de si, mas agora estava sendo levado para algum lugar

Uma luz apareceu, o zumbido parecia mais alto e pode ouvir uma voz abafada de mais para entender, talvez outro idioma.

Finalmente a dor parou quando sentiu seus sentidos se desfazendo, apenas quando desmaiou completamente.

O garoto teve de passar por uma cirurgia para retirar cacos de vidro de seu peito aberto, sua perna e uma costela foram quebradas, suas costas estavam deformadas com a explosão e seu ouvido direito não ouvia mais.

Bakugou teve de ficar quase um ano afastado de tudo para se recuperar completamente, dias depois recebeu a visita de seu amigo que apenas conseguia chorar e se desculpar, de início não entendeu porque aquele garotinho frágil que por vezes confundiu com uma menina estava com os braços enfaixados.

Era patético

Era ridículo

Sentia raiva de si mesmo quando entendeu que aquele garotinho tinha machucado as mãos ao tirar ele do fogo e arrastar o homem para fora do carro, claro que ele tentaria tirar o homem de lá, afinal, era o pai de Midorya.

Isso tudo apenas deixava o pequeno garotinho mais e mais irritado, como aquele patético garoto bonitinho e delicado poderia o ter salvo??? Era a indagação que não saia dos pensamentos do pequeno katsuki.

Dias viraram semanas, semanas viraram meses e meses viraram anos, anos o bastante para que aquele pequeno garotinho com cicatrizes profundas se tornasse um jovem rapaz prodígio rumo ao primeiro ano na U.E.A ou mais conhecida como U.A, a unidade escolar de alta aptidão. Uma escola criada para jovens gênios em diversas áreas.

Desculpe te amarOnde histórias criam vida. Descubra agora