Prólogo

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A chuva caía normalmente enquanto Rina estava sentada no chão da rua, em frente da sua casa batendo com as botas no chão, apenas apreciando a chuva e sentido a molhar cada parte do seu corpo delgado e cabelo ruivo.

- RINA!!! SE CONTINUARES AÍ VAIS TE CONSTIPAR!!! - gritou com todas as forças a mãe da menina teimosa de dentro de casa.

- Ai mãe que chata. - disse calmamente Rina nem se preocupando em gritar, mas na sua cara estava um ar de aborrecimento enquanto entrava em casa. Na sua nova casa.

Rina detestava mudanças, mas que poder de opinião tem uma rapariga de 11 anos? Obviamente nenhum. Mas já não bastava as coisas entre os pais não estarem boas? Agora ainda tinha de se mudar? Bem estas perguntas já eram inúteis, visto que já se tinha mudado no dia anterior.

Dentro de casa Rina correu em direção à janela da cozinha para poder ver novamente a sua adorada chuva, enquanto a sua mãe cozinhava o que parecia ser um bolo de chocolate.

Sim, definitivamente a chuva naquele sítio era a única coisa positiva na mudança.

- É melhor ires mudar de roupa para não ficares constipada e é claro para não me molhares mais o tapete. - disse a mãe de Rina seriamente enquanto olhava para ela que pingava de todos os lados, obviamente que aquilo não era um pedido nem um aviso mas sim uma ordem.

Rina farta de ouvir a sua mãe criticando a decidiu obedecer, afinal que escolha tinha? Bem, é melhor não responder.

Subiu as escadas brancas que levavam para os quartos muito devagar obviamente com preguiça e mesmo assim tropeçou em algumas caixas que estavam no corredor ainda não arrumadas, chegando depois ao seu novo quarto com paredes cor de rosa, cor que Rina não apreciava mas que tinha de se contentar com ela.

Será que a sua mãe não sabia que ela odiava cor de rosa? Era óbvio que sabia, mesmo assim ali estava ela num quarto cor de rosa. No dia anterior tinha criticado isso com a sua mãe, que supostamente não fez caso de nenhuma das palavras que Rina disse. Era a sua mãe, não podia fazer nada.

(...)

Tudo o que Rina ouvia era o som da chuva a bater na sua janela enquanto se aconchegava nos lençóis da sua nova cama. Ainda não tinha parado de chover e já passavam das 9 da noite. O som da chuva. Para Rina era como se fosse uma melodia e se a mãe não tivesse embirrado com ela esta tarde, ela ainda estaria lá fora e para ela não importava que ficasse constipada. A chuva para ela era a prova de que toda a gente chorava, até o céu.

Toda a gente chorava, e Rina não era exceção.

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