SOZINHO

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Naquele dia a Lua brilhava mais que o normal.

O cheiro do cigarro se misturava com o aroma que vinha junto da brisa do campo de flores que nasciam por entre as gramas.

O frio na noite ajudava a imprimir uma atmosfera de solidão clássica dos filmes noir.

O céu parcialmente nublado umedecia a respiração ao mesmo tempo em que contribuía para a dramaticidade.

Não dava para esquecer o fato de que naquele dia uma jovem da cidade havia se suicidado com veneno.

O fato lembrava também das difíceis histórias que mãinha contava sobre o passado e sobre o medo de morrer sozinha.

De tempos em tempos algum cão metido a lobo uivava ao longe.

Pela manhã teria que tratar dos cavalos antes de ir à metrópole.

Precisava comprar mais bebidas e alguns cereais.

Passaria também no bar para gastar um tempo.

Se desse tempo e não chovesse, ir ao barbeiro também era parte da lista.

Não gostava muito de ir à cidade, sempre cheia e apressada.

O frio aumentava a cada minuto enquanto o cigarro chegava ao seu final.

Era o último do maço, com uma imagem amassada em aviso: "causa morte".

Refletindo segundos sobre a foto na embalagem a conclusão era uma só.

Pelo menos estarei morrendo com meus cavalos.

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⏰ Last updated: Sep 19, 2018 ⏰

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