Filha da Noite

Capítulo três

A luz do sol queimava em seu rosto.

O barulho dos pássaros cantando é reconfortante, Morgana observa atentamente os formatos das nuvens no céu, o rei havia decidido que não era mais necessário ela usar uma venda. Ao olhar a estrada, a garota reconheceu que está no caminho para a Fortaleza Dourada, a capital de Voltair e também onde fica o castelo real.

Os guardas conversavam alegremente ao seu lado sobre um famoso cabaré na capital e que eles não viam a hora de gastar suas moedas com as prostitutas do lugar. Morgana revira seus olhos com a conversa.

Ela não sabe ao certo porque, mas uma curiosidade revirava em seu estomago. Se o rei a quisesse morta, ela já estaria, porém por que então ele a mantém prisioneira? Será que ele quer queimá-la em frente à multidão? Ou ele precisa de seus poderes?

Morgana estava pronta para descobrir.

Ela aproveita esse momento que os guardas estão distraídos para fechar os seus olhos e começar a se concentrar, foram raras as vezes que ela conseguiu entoar um feitiço sem falar e sem suas mãos, mas a garota resolveu tentar com um feitiço fácil. Esperando que seus ancestrais estejam ao seu favor.

"Vento que sopra nos campos,

Vento que carrega as sementes,

Leva a maldição a mim enviada

E que a alegria na minha vida tu ventes.

E que assim seja e que assim se faça."

Ela termina de entoar em seus pensamentos e nada acontece, a frustração começa a crescer dentro de si, mas Morgana não deixa que isso a impeça. Ainda de olhos fechados ela se concentra ainda mais e por um momento sente a sua alma ficar mais leve e seu corpo entra em equilíbrio com a natureza, ela se sentia como se estivesse flutuando. Entoa mais uma vez o feitiço e dessa vez sente um vento passar pela sua espinha, um sorriso surge em seu rosto.

Morgana abre seus olhos e então todo o vento é liberado.

Os cavalos começam a relinchar e as pessoas a gritar. O vento é forte e as árvores balançam, o cavalo que leva a sua carroça começa a se sacudir e o guarda que está o conduzindo tenta acalmá-lo, a garota aproveita o momento para pegar a faca em sua cintura. Quando ele percebe o que ela está fazendo, a garota o chuta para fora e então corta as amarras das suas mãos, dos pés e por fim tira sua mordaça.

Ela levanta da carroça e vira para trás, todas as pessoas a encaram. Os guardas estão com as mãos na bainha da espada prontos para um combate, mas seus olhos refletem medo. Morgana procura o rei e encontra o mesmo mais para o canto, com os olhos fixos nela, mas diferente dos outros, ele não reflete medo e sim outra coisa, intriga.

A garota sorri sadicamente para todos.

- Minha vez.

Ela levanta suas mãos e sente o vento passar por elas, os homens são jogados de seus cavalos e os gritos tornam a ressoar, seu corpo já começa a pesar e a menina sabe que não irá conseguir continuar conjurando o feitiço por muito tempo, o poder acaba exigindo muito de sua energia. Ela também sabe que não adianta fugir, eles são muitos e logo ela será capturada.

Mas isso não é o que a garota tem em mente.

Ela desce da carroça e caminha em direção a um guarda, seu corpo parece pesar uma tonelada a cada passo que ela dá, entretanto a mesma não deixa que isso a impeça. Em nenhum momento alguém tenta impedi-la, o rei também não ordena nada para seu ataque.