Camila Cabello

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Hailee tinha acabado de descrever a situação constrangedora que se tinha passado durante a aula de literatura.

Ignorando toda a conversa dela continuei a pensar em toda a porcaria que estava a acontecer na minha vida, mesmo sem olhar ainda conseguia ouvi-la como se fosse uma voz ao fundo do túnel completamente embriagada. Continuei a brincar com os meus dedos ainda de cabeça baixa até que me apercebi de que Hailee ainda tinha fudido mais a minha vida e eu como devo estar num estado de estupidez razoavelmente elevado ainda a trato como se não tivesse feito merda. Olhei para ela e via calar se.

- Tudo bem Mila? 

Não lhe dei tempo de falar mais nada e levei a minha mão foi com toda a raiva que eu possuía no meu ser de encontro à cara dela

- Como é que tu, minha "amiga", - fiz as aspas como os dedos - tiveste coragem, a ousadia ou até mesmo o descaramento de ir correr a contar ao Shawn? TU SÓ PODES TER ENLOUQUECIDO.

- Mila eu só queria ajudar-te... - Dava para ver o medo estampado nos olhos dela e a maneira como ela tentava segurar as mãos para pararem de tremer parecia que estava num ponto em que temia pela própria vida. No lugar dela acho bem que esteja porque eu poderia enterrá-la no quintal de tanta raiva estou a sentir no momento. - Mas sabes que mais? Tu não vais mesmo conseguir nada com o professor. Tu não tens estofo! 

Eu não consegui me segurar e fui de caras já a puxar o cabelo dela. Ela agarrou no meu e nós acabamos por cair do sofá abaixo. Passaram-se minutos e nós estávamos numa briga enroladas no tapete até que eu a largo vencida pelo cansaço e caio de costas no chão respirando fundo. Ela como se fosse o meu reflexo faz o mesmo.

-Eu odeio-te. - Digo ainda com a respiração pesada mas já mais calma.

- Não, tu não odeias.

-Pois não, mas devia!

Ainda vi Hailee abrir a boca mas logo a seguir fechou-a com o barulho da campainha. Num impulso levantei me e corri até ao meu quarto gritando para que Hailee revolve-se o que ela tinha começado e tranquei me lá dentro.

Esperei uma infinidade a andar de um lado para o outro naquele cubículo, andei tanto que o chão deve ter ficado gasto. Deitei-me na cama e ouvi alguém bater na porta do meu quarto sem falar nada. Ainda sem pensar cheguei perto da porta e segurei a maçaneta e logo me lembrei de quem devia ser do outro lado.

– Hey, Camila? Abre a porta... Vamos resolver isto. — ouvi a voz calma de Shawn abafada pela porta que nos separava.

O meu coração disparou e uma rajada de adrenalina subiu pelo meu corpo ao largar a maçaneta e correr em direcção à varanda. Sem pensar duas vezes saltei a varanda e caí na relva mesmo em frente à janela da sala. Logo vi uma silhueta correr até mim e a minha reacção foi  rir da preocupação de Hailee como se eu tivesse em estado terminal.

Senti de imediato que devia correr. Corria e ria, como se a adrenalina fosse a droga mais feliz do mundo.

Corri em direção a minha casa colocado toda a minha angústia do momento no chão à medida que os meus pés colocavam um peso nele.
Por um segundo esqueci de tudo.
Mas tudo volta à noite, no mundo dos pensamentos antes de dormir.

Quando já estava de pijama, na minha cama, depois de explicar tudo aos meus pais, entrecalando verdades com meias verdades, acabei por decidir contar muita coisa às pessoas que tinha deixado em Miami, Dinah e Lauren.



The Wrong Number || ShawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora