Capítulo 2

103 33 13
                                    

Não há segredos que o tempo não revele. (Jean Racine)


O despertador toca pontualmente às cinco e meia da manhã. Olho para o lado e vejo Blake dormindo e nem um sinal de que foi incomodado pelo despertador. Sorrio ao ver essa cena. Há alguns meses o trabalho de Blake requer muito dele, e ultimamente não estamos passando muito tempo juntos como de costume, e isso às vezes me entristece. Já que moro um pouco longe dos meus pais e não tem como eu abandonar a floricultura para visitá-los, na maioria das vezes fico sozinha em casa.

Acaricio o seu rosto, e sua barba por fazer espeta minha mão, saio da cama sem fazer barulho e com cuidado para não acordá-lo.

Vou para o guarda roupa pegar as roupas que uso na floricultura, uma calça jeans e uma blusa de manga comprida, já que aqui onde eu moro faz frio.

Entro no banheiro e jogo a roupa suja no cesto, ligo o chuveiro e deixo a água cair sobre o meu corpo.

Fico embaixo do chuveiro por alguns minutos e saio, coloco minhas roupas e vou pra frente do espelho arrumar minha cara de sono. Passo um pouco de blush e gloss nos meu lábios, preciso estar apresentável para atender os clientes, e por fim faço um rabo de cavalo.

Saio do banheiro e Blake ainda dorme. Saio do quarto e vou para a cozinha, pego um pedaço de bolo de ontem, e suco na geladeira.

Como tudo em menos de dois minutos e corro para escovar os dentes. Desço correndo, pois o caminhão da entrega já deve ter chegado.

Chego ao mesmo tempo em que o caminhão, abro a porta da loja e saio para receber as flores. Um homem desce do caminhão com uma prancheta nas mãos, como de costume tenho que assinar todo dia o recibo de entrega.

Assino e homens colocam os baldes com flores na calçada e depois do serviço feito vão embora.

Arrumo algumas flores ali mesmo na calçada e o resto coloco pra dentro da loja. Fecho a porta com o pé e começo colocar as flores no lugar.

---

Já passam das nove quando Blake aparece na loja com um prato de biscoitos em uma mão e na outra um copo de suco. Largo o arranjo que estava fazendo para dar minha total atenção para ele.

— Eu sei que a senhorita comeu muito mal e rápido antes de vim pra cá. –deposita as coisas no balcão, dá a volta por ele e me prensa contra a prateleira de enfeites. — Você deve se alimentar, ainda mais que você fica aqui o dia todo.

— Eu comi mal de propósito. Porque eu sei que tenho um namorado maravilhoso que se preocupa comigo.–coloco minhas mãos em seus ombros e vejo sua cara se fechando com a minha resposta.

— Eu estou apenas brincando, mas eu comi antes de vim pra cá.

— Não brinque com uma coisa dessas.–diz chegando o rosto mais perto. —saber o que a senhorita comeu?

— Um fatia de bolo e suco.

— Se você chama aquela fatia bem fininha de fatia de bolo, não quero nem ver quando for uma fatia grande. –coloca os braços em minha cintura me puxando mais pra perto e toma conta da minha boca com a sua.

Seus lábios são tão macios e quentes, que nem dá vontade de soltar, mas infelizmente estamos na floriculura e a qualquer momento algum cliente pode entrar e isso não seria bom para os negócios, ainda mais agora que o movimento está aumentando. Me separo dele e apoio a cabeça em um das prateleiras e o encaro.

— Obrigada pelo lanche, eu vou comer tudo.

—Assim espero se não quem vai comer sou eu.

Dá um rápido selinho e se afasta de mim saindo pela porta dos fundos que dá direto pra casa.

A FloristaOnde histórias criam vida. Descubra agora