Destino

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Nem parecia que passavam por destroços de uma tormenta em Arcadia Bay, ou até mesmo que houvesse uma tormenta, já que o sol estava tão radiante.
A situação naquela cidadezinha litorânea de Oregon destacava-se como uma tragédia a nível Chenorbyl, com certeza não haveria nenhum sobrevivente depois da tempestade, além, é claro, delas.
Enconstada com a cabeça na vidraça da caminhonete, estava Max que só queria dormir na esperança de "apagar" o remorso de uma cidade inteira destruida, vidas inteiras levadas como areias ao vento, com o peso da culpa a aflingindo-a por escolher sacrifica-los "por um bem maior", porém, sabia que mesmo dormindo não iria esquecer a aflição de tal fardo e que só conseguiria dormir bem só depois de um longo tempo.
Chloe dirigia sem rumo em sua caminhonete, esperando chegar em qualquer lugar longe dos destroços e da maresia do mar que tinha sua casa, ela, mesmo sempre querendo fugir de lá, se sentia com saudade, da sua mãe, da sua casa e de "alguns amigos não babacas" que tinha por lá, mas, já sabia que jamais os veria novamente, pensando em tudo isso e em mais um pouco, ela olhou de relance para Max que estava com a cabeça colada na janela da caminhonete, para ela, parecendo estar com sono e bem abatida.
- Hey... - Percebendo o estado de sua melhor amiga, Chloe esticou um braço até Max, chamando sua atenção - ... Se quiser, pode esticar as pernas, vou dirigir até um motel e a gente vai poder pensar direito lá.
Sem tirar as mão do volante, ela se acomodou para que Max pudesse colocar suas pernas em cima das coxas dela.
Não se opondo a sua proposta e com os olhos pesados, esticou as pernas até as coxas da Chloe e deitou sobre o banco, colocando sob sua cabeça, para cômoda-lá, a bolsa que carregava sempre e ficou deitada para frente do banco.
Ela parece horrível... Chloe pensou ... E quem não estaria? Deve estar se sentindo tão culpada pelo o que aconteceu... E tudo por um pedaço de merda como eu... Merda! Merda! Merda! Minha mãe morreu dentro daquela lanchonete por culpa minha... Todo mundo... Ninguém merecia isso...
Ela abaixou a cabeça abaixo do volante e olhou para o chão fechando-os e forçando as pálpebras, cerrou os dentes e pressionou o volante com muita força, se forçando a não chorar, respirou fundo e voltou rapidamente a olhar a estrada em sentido reto.
Não! Eu preciso parar de pensar nisso, preciso ajudar a Max a superar isso... E superar isso também.
Com a cabeça a mil, ela voltou o olhar para a paisagem, esperando relaxar com a beleza natural e a melodia da mesma.
As brisas quentes sopravam do leste de Oregon, trazendo o bom cheiro da floresta e fazendo as árvores balançarem em um ritmo calmo.
Os pinheiros da floresta em volta da estrada pareciam que estavam prontos para sair andando, o balançar e o tocar dos galhos emitiam uma melodia em sintonia, que era uma música calma junto ao soprar do vento, a única coisa que atrapalhava toda aquela música era o motor do carro ligado.
Pelo menos a paisagem tá bonita...
Pra a pouco tempo ter ocorrido uma tempestade enorme...
Max se remexeu um pouco para pegar seu celular que estava no seu bouço e escutar música nele, não se importando com a melodia natural, colocando fones de ouvido e fechando os olhos para esclarecer a mente, noutra tentativa ineficaz de espantar tudo que ela estava sentindo.
[Play - Santa Monica Dream]
Caulfield, nunca se imaginará passar por algo tão confuso e obscuro na vida, nunca estaria preparada psicologicamente para tal fardo e trauma que está carregando em sua costas, além do que, certamente é um fato inesperado ganhar poderes para viajar no tempo, salvar sua amiga de infância de uma morte, refazer o laço de amizade que havia perdido com ela, ver ela morrer de várias formas e salva-la de várias formas, para no final vê-la morrer no começo de tudo e do jeito que sempre foi; solitária, desesperada e infeliz.
Ela se sentiria culpada em ver sua amiga morrer.
Não saberia como se sentiria sobre isso, nem saberia se poderia superar isso e ela não conseguiu deixa-lá.
E essa decisão teve um custo muito alto, para ambas.
Tanto o futuro da Max como fotógrafa, a fuga da mãe e da Chloe daquela cidade e todo um mundo de sonhos foram levados pela força da tempestade.
Apenas passado agora, apenas memórias, apenas pó esperando para serem varridos com o tempo, assim como foram varridos pela tormenta.
Qual o sentido de tudo isso..? Max se perguntava, não podendo escapar do remorcio que sentia, mesmo com a música gritante em seus ouvidos.
Porque eu ganhei esses poderes? Se é que posso chamar isso de "poder", tá mais pra... Maldição... Eu apenas queria ver todos bem... E no fim, todos eles... Warren... Kate... Victoria... Joyce... Todos...
Ela mordeu o beiço para não soluçar enquanto chorava baixinho, deitada no banco surrado de uma caminhonete.
Chloe... Eu não consegui deixa você ir... Eu não conseguiria, se quisesse... Depois de tudo que você passou... Depois de tudo que nós passamos... Eu...
Se sentiu apagar aos poucos para uma soneca sem sonhos, enquanto Chloe continuava a seguir em frente rumo ao desconhecido.

Life is Strange - Recomeço.Onde histórias criam vida. Descubra agora