Capítulo I

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@qweiroz

[...]

Era uma vez, há muito tempo atrás, em terras distantes, dois reinos que viviam em guerra, o reino do sol e o reino da lua.

Todos os dias o reino da lua realizava o ritual lunar que trazia a noite aos céus, da mesma forma o reino do sol fazia o ritual que trazia o dia aos céus.

Entretanto, quando era de manhã, o reino da lua ficava vulnerável e quando era noite o reino do sol também se enfraquecia, e por isso os reinos viviam em guerra a séculos.

Mas algo havia mudado, uma promessa de salvação, nascia o herdeiro ao trono do reino da lua.

Ao pequeno príncipe foi destinado o poderosíssimo amuleto real, adjunto a sua coroa, capaz de evocar a lua aos céus.

O menino cresceu dentro dos muros do palácio, onde fora ensinado a ser um rei severo e tirano, como era tradicional.

Mas ele era doce, terno e bondoso com todas as criaturas.

Ao contrário de seu pai, o príncipe não entendia como a bela luz do sol poderia ser tão odiável. E se perguntava como seria o mundo fora do castelo.

Um dia os reis fizeram um acordo, de que seus filhos se casariam com um contrato de paz, para que a guerra entre seus reinos tivesse fim.

Mas ao saber da notícia, o príncipe da lua se indignou com a ideia de um matrimônio forçado, ele não aceitava se casar sem que ouvesse amor.

Em uma manhã, o príncipe se aproveitou da fraqueza de seu reino e fugiu pela primeira vez para além dos muros do palácio, destinado a não retornar até que encontrasse seu verdadeiro amor.

O príncipe pôde conhecer o mundo fora do castelo, inédito para ele, pôde sentir a liberdade fora dos mandos de seu pai.

De repente, uma criatura da natureza abordou o príncipe, tratava-se de um fauno, o Deus dos bosques, dos pântanos e das montanhas. Uma criatura vil e ardilosa, advinda das trevas, temido por aqueles que atravessavam as florestas a noite, conhecedor dos pavores e pânicos de todas as criaturas vivas.

Ele ofereceu ao príncipe o seu maior desejo, encontrar o amor verdadeiro, porém, em troca ele queria do príncipe o amuleto da lua.

Afim de acabar com sua tristeza, o príncipe fez a troca com o fauno, que no mesmo instante desapareceu.

Sem rumo, o príncipe passeava pela floresta, aproveitando as belezas e a calmaria, quando se repousou a beira de um lago, receoso sobre a troca que fizera.

De repente, ele avistou a outra margem do lago, um belo arqueiro, que passeava pela floresta em busca de alimentos para sua família.

Encantado, o príncipe quis conhecer melhor aquele curioso plebeu e acabou sentindo algo que nunca havia sentido.

Os dois caminharam pela floresta e aconteceu.

Eles se apaixonaram.

Encontraram uma cabana abandonada no meio da floresta, onde puderam conversar durante todo o dia.

E o príncipe nunca estivera tão certo, finalmente encontrou seu amor verdadeiro.

Empolgado, o príncipe da lua foi correndo avisar aos seus pais que havia escolhido com quem iria se casar e apresentou a eles o seu amado arqueiro.

Indignado, o rei da lua se pôs aos gritos, reprovou em absoluto o casamento, disse que um nobre jamais poderia se casar com um plebeu e que se ele não cumprisse o acordo com o reino do sol, a guerra entre os reinos jamais acabaria.

O príncipe não pôde desistir do seu amor verdadeiro e por mais que aquilo doesse, ele decidiu renunciar ao trono para que pudesse se casar com quem desejasse.

Antes mesmo que se eclodisse a guerra sanguinária entre os reinos do sol e da lua, uma terrível ameaça surgiu. Assim que chegou a noite o fauno se tomou pelo poder do amuleto da lua e se transformou numa criatura imensa e fortaleceu sua natureza, para que pudesse destruir os reinos que cercavam seus territórios, seus bosques e suas florestas.

Disseminou o pânico, destruindo tudo o que os homens haviam criado, pisoteou as casas, ateou fogo e matou quaisquer que cruzassem seu caminho.

Em meio ao caos, o príncipe reuniu o rei do sol com o rei da lua, teve uma sábia idéia para combater o fauno, os reinos sozinhos não conseguiriam derrotá-lo mas se os dois reinos juntassem suas forças rituais, do sol e da lua, aquela vil criatura poderia ser derrotada.

E assim foi feito, os dois reinos em harmonia, uniram seus amuletos e fizeram um ritual que evocava toda a força cósmica contra o fauno.

Assim puderam destruí-lo e salvar os dois reinos.

Os reis aprenderam que embora houvessem diferenças entre eles, essas diferenças os faziam ainda mais fortes, por isso poderiam viver juntos em harmonia, com tolerância e respeito.

O príncipe e o arqueiro realizaram seus sonhos, passaram a viver na cabana no meio da floresta. Se casaram e viveram felizes para sempre.

The end.

Príncipe da Lua | Curta (2014)Onde histórias criam vida. Descubra agora