6 - Traição em dose dupla

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6 - Traição em dose dupla

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6 - Traição em dose dupla

— Apartamento legal. — gracejei, enquanto sentava-me em um dos sofás dispostos na sala e escaneava o ambiente com olhos curiosos e mexeriqueiros.

— Obrigado. — Merlin disse, sentando-se ao meu lado.

Ele tinha ligado o aparelho de som assim que pussera os pés em sua residência, e uma música do Arctic Monkeys começou a tocar com todo fervor.

— Gosto musical muito bom também. — Apontei, apressiando a música enquanto o fitava: — Aliás, essa é uma das minhas bandas favoritas. Se você estivesse na minha lista de "Caras com quem quero transar" receberia agora mesmo muitos pontos extras.

Ele sorriu divertido.

— Me sinto lisonjeado, mocinha.

— E deve. Eu sou ou não sou uma belezinha? — pisquei um dos olhos, tentando parecer sexy.

O que a bebida não faz com um ser humano?

Merlin gargalhou como um bebezinho, e, diante disso, a Aída bêbada assumiu uma postura séria que era altamente falsa.

— Está duvidando da minha aparência incrível?

— Não. — Ele gargalhou novamente, quase engasgando-se: — Você é mesmo uma belezinha.

— Nisso concordamos.  — estufei o peito, tentando transpassar uma auto confiança invejável, o que lhe arrancou algumas gargalhadas.

Depois, o silêncio se instalou entre nós. Ambos pareciam absortos demais em seus próprios problemas e cansados demais. Naquele espaço de tempo, se eu não estivesse tão bêbada, cairia em mim e perceberia a loucura que era estar sozinha com um estranho na casa dele. Mil pensamentos de garotas sendo violentadas e mortas assolariam a minha mente e me fariam correr dali o mais rápido possível, pegar o primeiro táxi que aparecesse e seguir para casa, estando calma e tranquila apenas quando estivesse em meu pijama quentinho e acomodada entre os meus lençóis. Contudo, a bebida não me deixava pensar muito. Na verdade, naquele momento, eu não pensava, só agia.

Com um pigarreio, Merlin ousou falar, mesmo que com a voz receosa:

   — Nádia me traiu com o meu melhor amigo.

Eu o fitei instantaneamente, sem acreditar e com a perplexidade escorrendo pelos meus olhos. O quê? Aquilo era terrível demais. A cena até se projetava em minha mente. Merlin todo feliz indo ao encontro de sua amada, prestes a pedi-la em casamento. A felicidade estaria estampada em sua face. Ele chegaria a residência dela, bateria, mas, sem ninguém atender, entraria no ambiente. Seguiria em busca dela, indo parar no quarto. Lá, infelizmente, o seu sorriso seria arrancado bruscamente. Nádia e seu melhor amigo estariam na cama, nus, sujos e assustados com a presença repentina do homem. O amor, às vezes, machuca. E quase sempre a dor é irreversível, gruda em você como um carrapato.

Num impulso instintivo, as minhas mãos alcançaram as de Merlin, tentando lhe dar apoio. Num primeiro momento, nada ousei falar. E, pegando-o de surpresa, meus braços o envolveram em um abraço aconchegante.

— Sinto muito, Merlin.

— Obrigada, mocinha.

O que eu estava fazendo ao abraçar um completo estranho? Nem eu mesma sabia. Ficamos um bom tempo ali, apenas transpassando as nossas energias atribuladas um para o outro.

Já tarde da noite, cansados demais para continuarmos conversando, Merlin ofereceu o seu quarto para que eu dormisse. Ele disse que iria dormir no sofá, mas não permiti.

"Sua cama é grande o bastante para nós dois."

Eu disse, decidida.

"Mas…"

"Sem mais. Não é como se fôssemos acabar transado."

Merlin sorriu, e eu também.

Rumamos ao quarto, deitamos um de cada lado, deixando um espaço entre nós e, no completo escuro, não demorei a pegar no sono.

Rumamos ao quarto, deitamos um de cada lado, deixando um espaço entre nós e, no completo escuro, não demorei a pegar no sono

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Instagram da autora:
@trizsbeatrix

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