Há muito tempo, quando a aldeia de Mogjeogji ainda estava em seus primeiros tempos, uma mulher grávida concebia o seu primeiro Desejo Sagrado: uma flor de magnólia.
Mas as flores de magnólia só nasciam no Monte Moglyeon,o lar de uma poderosa sacerdotisa que assustava qualquer um. O marido da primeira mulher, contudo, mesmo com medo, não poderia correr o risco de ignorar um Desejo Sagrado e receber um castigo dos céus.
Então, como no conto de Rapunzel, o homem arriscou-se para conseguir a vontade de sua esposa. Após dias de escalada e ainda mais dias de caminhada, ele finalmente chegara à região do Monte infestada de magnólias.
Mal sabia o rapaz, porém, que o perigo estava apenas começando quando foi abordado por uma figura lendária. A moça de capa vermelha como sangue e olhos mais negros que a noite, que morava naquele monte, apareceu a ele, tomando-lhe de surpresa justamente enquanto colhia a flor mais especial daquele campo.
Ela sorriu-lhe e roubou a magnólia de suas mãos, levando ao rosto e apreciando o cheiro da flor. Seus olhos e sua feição aterrorizaram o homem, que tentou correr, mas suas pernas simplesmente não se mexiam.
– Leve a flor, meu senhor – estendeu a mão com a magnólia e o rapaz, temeroso, tentou pegá-la, apenas para cair aos pés da mulher, que retirara a mão e agora arrancava uma de suas pétalas, uma risada escapando dos lábios carnudos e vermelhos – Será uma menina, e carregará o meu sangue. Não terá os meus dons, no entanto. Mas, dentre os descendentes dela, haverá de nascer uma garota especial, que assumirá meu lugar perante os humanos.
O senhor levantou o rosto assustado, entendendo a mensagem rapidamente graças às tantas lendas que rondavam a dinastia, a boca grande dos habitantes e suas histórias. Não era a primeira vez que isso acontecia.
Sua família, agora, estava amaldiçoada.
E, com a pétala retirada, a sacerdotisa cortou um pouco de sua mão, deixando o sangue quente pingar na flor de magnólia.
– Vida longa a ela.
É como se as paredes estivessem desmoronando
Às vezes sinto vontade de desistir
Mas eu não posso
Não está no meu sangue
*
A pequena Lee Chaemi sempre fora a mais baixa entre seus irmãos, todos mais velhos e mais espertos que ela. Era especialmente difícil apostar corrida com Taeyong, Minhyung, Jeno e Donghyuck, mais ainda quando os cinco estão estritamente proibidos de vagar pelo vilarejo e precisam se esconder de qualquer pessoa que passe por eles.
E Chaemi sabia que era por sua culpa.
Bem, a garota nunca foi bem a definição de normal. Definitivamente, normal era a palavra que menos a classificava. Nasceu com um peso nas costas, uma grande flor de magnólia detalhadamente talhada em sua pele. Uma maldição, e, ao mesmo tempo, todo poder.
Entre tantas mulheres em sua família, fora justo ela a receber o cargo, a dor, o comprometimento. Justo ela, Chaemi.
Sua mãe já obtivera vários maridos, tendo um filho com cada um e um par de gêmeos no penúltimo marido, todos carregando seu sobrenome de honra naquela pequena aldeia de Mogjeogji. Era uma família poderosa, mas secreta. Eles interferiam em tudo e, ao mesmo tempo, eram completamente obtusos em relação ao que se passa fora da grande cabana Lee.
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One Last Time ; wyk
FanfictionFoi nas pequenas terras de Mogjeogji que aconteceu nossa história. Primeiramente, devo alertar-lhes os males de ler tais escrituras: aqui, nesta terra onde nasce tal conto, existem sim magias e vestidos bonitos, mas também existem perigos e dores. A...