2. Não Havia Nada Para Perdoar

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Peço-lhes que tomem cuidado hoje. Eu sei como se sentem. Não é um conto de fadas, tenho que relembrar.
Bom capítulo, o anterior. Crianças possuem lindos sonhos, mas só as mais fortes são capazes de realizá-los. Você foi uma criança forte?
Porque Chaemi não foi.

*


– Eu não te deixarei ir só, Wong Yukhei! – a garota de quinze anos bufava, tentando empurrar o corpo do mais velho em direção a rua – É perigoso demais. Está tarde.
O menino, risonho, não se mexia nem um dedo – Mas, Chae-ah, e você? Precisa ir pra casa também.
Ela o encarou com raiva no olhar.
– Você sabe que não tem como me machucarem, seu idiota. Eu posso destruir esses perigos num piscar de olhos.
É claro que, depois de cinco anos de amizade, era impossível guardar um segredo por tanto tempo. Mas não é como se Lucas tivesse ficado muito surpreso, sempre soube que havia algo com a menina. Mesmo assim, ele ainda fazia piadinhas para irritá-la. Wow, eu não poderia nem imaginar! Como você é perigosa! Isso te deixa ainda mais atraente, sabe...
– Eu amo a forma que você quebra esteriótipos – sorriu ele, segurando a cintura dela e a fazendo parar de tentar espancá-lo – Uma guerreira, a minha neném.
A garota revirou os olhos, resmungando e controlando o rubor do rosto – Eu já disse para não me chamar assim.
Eles não eram o tipo de amigos normais, está claro. Isso deixava Chaemi confusa, Yukhei também. Quero dizer, que tipo de amigos falam tantas coisas bonitas e trocam beijos de vez em quando?
– Tem medo de se apaixonar, é? – riu o mais alto, arqueando as sobrancelhas pra ela. Agradeceu mentalmente que ela não estava perto o suficiente para ouvir seu coração começar a bater mais rápido – Eu não me esqueci do nosso acordo, hein.
Suspirando, Chaemi levantou o olhar para ele – É mesmo? Bem, ainda não somos grandes o suficiente.
– Eu já tenho dezessete anos – Yukhei a abraçou pelos ombros, começando a caminhar em direção a sua casa – Mamãe quer que eu me case, e ela gosta muito de você.
Com um sorriso irônico, Chaemi arqueou as sobrancelhas para ele.
– Detesto decepcionar a sua mãe, mas ela terá de esperar mais dois anos se me quiser como nora.
Não que Chae acreditasse nisso. Ela sabia o seu futuro. Tinha algo para acontecer em dois anos, e ela não tinha a mínima certeza do que poderia ser. Ela não era forte para crer e fazer acontecer.
Mas, ao mesmo tempo, não queria deixá-lo. Queria poder continuar negando até que, ops, sem querer acabaram juntos de verdade, dividindo uma casinha e, se cair na telha, usando até magia para terminar os pães e os doces rapidamente e não terem de acordar tão cedo.
Chaemi queria poder ficar mais tempo com ele, ambos enrolados numa cama quentinha, num dia chuvoso, a lareira acesa a sua frente. Os dois abraçados, trocando carícias até decidirem levantar de vez, em meio a beijos carinhosos e risadinhas bobas.
Seria perfeito.
Mas ela não tinha o direito de escolha.
Quando viu, já estavam perto da cabana. Chae suspirou de frio, abraçando o amigo com mais força porque não queria deixá-lo ir. Era sempre assim: eles conversavam, o frio chegava e ambos estavam cansados demais de sentir saudade para quererem se despedir.
Parecia até um ritual. Eles subiram os degraus da varanda, a Lee segurando a calda do vestido para não tropeçar enquanto o Wong a ajudava a subir. Depois, eles se entreolhavam e o mais alto abria os braços, abrigando a melhor amiga em si.
– Eu não me importo com mais nada, Khei – ela levantava o rosto, toda vez, acolhida nele o suficiente para se sentir amada – Se no fim do dia eu puder estar aqui com você.
E, completando as frases dela, Lucas continuava – E se eu te beijar desse jeito também?
Antes que ela pudesse tentar retrucar, o costume de sempre, ele já se abaixava para tomar os macios lábios dela aos seus. E Chaemi retribuía toda vez, se agarrando mais a ele e ficando na ponta dos pés para desfrutar do amor escondido que só os dois poderiam ter.
Quando se separavam, com as respirações difíceis e sorrisos envergonhados nos rostos, Yukhei colava suas testas e ela sussurrava baixinho – Boa noite, neném.
O olhar de Yukhei sempre era a coisa mais profunda que a menina poderia ver e suas palavras sempre pareciam as mais simples, mas tão complexas quanto a alma do menino que Chaemi adorava conhecer, desconhecer, amar, entender. Ela sentia seu coração aquecer antes mesmo dele as ter falado.
– Boa noite, meu amor.
E, de tão quente que seu rosto e seu coração estavam, Chae voltava pra casa sem medo algum, sem nem sentir frio.

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⏰ Última atualização: Nov 03, 2018 ⏰

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