CAPÍTULO SEGUNDO Quem sabe há mulher nesta história!

54 4 0
                                    

─ João, o Willian já passou da hora de chegar da escola, e com este temporal fico mais preocupada ainda.

─ Calma minha bela, ele deve ter ficado batendo papo com os amigos e esqueceu da hora.... Daqui a pouco ele aparece.

─ Como você pode ficar sossegado aí lendo jornal, e seu filho fora em meio a um tremendo aguaceiro homem!?

─ Bella mia, por isso mesmo! Ele não iria vim nesta chuva.... Deve ter ficado na casa de um amigo esperando a chuva passar, por que tanto apavoramento? Até parece que é a primeira vez que o Wil chega tarde em casa.

─ Eu sei que não é a primeira vez. Mas as outras ele ligava para nós.... Já liguei várias vezes para o celular dele e cai na caixa postal, estou ficando aflita!

─ Ok, ok.... Eu vou, irei na casa do Martin primeiro ele...

─ Não precisa! Estou aqui.

Fui falando ao entrar na cozinha.

Fazia alguns minutos que estava na soleira da porta e escutava a conversa que meu pai mantinha com sua mulher. De onde encontrava-me dava para ver meu pai sentado à mesa lendo o jornal em sua maneira típica: o caderno de esportes aberto de fronte seu rosto, impedindo a visão de tudo ao seu redor. Já Alice arrumava a mesa para o café da tarde.

Wil meu querido, você está encharcado. Onde você estava?

Alice veio em minha direção passando as mãos nos meus cabelos. Minha reação imediata foi baixa os olhos, não encarando os dela.

─ O que foi Wil, algum problema, meu querido? – Perguntou Alice colocando a mão em meu queixo a fim de erguê-lo a altura dos seus olhos.

─ Nenhum problema. Nada mesmo...

─ Então por que cargas d'aguas você chegou esta hora em casa?

Meu pai foi pedindo explicações.

─ Eu fui até a choupana de pesca, que dizer, depois da aula decidi ir lá pra colocar algumas ideias no lugar e a chuva me pegou na subida do morro... Então não quis voltar e continuei até o lago...

─ Que ideias estão te preocupando tanto para você ir sozinho até o lago, e nem sequer se dignar a ligar para nós?

─ É que, que.... Estão acontecendo algumas coisas na escola e eu precisava pensar com mais clareza a fim de dá uma resposta concreta...

─ Willian, – meu pai colocou o dedo em riste, amentando o volume de sua voz –, se eu descobrir que você está mentindo para nós ou se meteu em alguma coisa ilícita eu juro por sua mãe...

─ Calma João, - interveio Alice -, deixe de pensar o pior... O Wil não está mentindo e nem envolvido com nada ilícito. Não é porque seja um adolescente de dezesseis anos que não tenha de tomar decisões importantes no âmbito escolar.

─ Alice, não venha querer...

─ Não venha o que João? – Fez uma pausa e continuou.

─ O garoto não fez nada de errado, e se ele precisou de um tempo para pensar é porque é importante para ele.

Ela virou-se para mim, pegou meu rosto entre suas mãos e olhou dentro dos meus olhos, como querendo ver a verdade dentro deles, eu, porém não conseguia encarar os seus profundos olhos verdes.

─ Querido, realmente seu pai e eu ficamos preocupados, mas se você precisava de um tempo a sois, não vamos fazer disso o fim do mundo, mas da próxima vez nos avisa, ok?

─ Ok!

Encabulado pela sonoridade de sua voz, foi o que eu pude responder.

─ Agora suba, tire esta roupa molhada para não pegar uma gripe, tome um bom banho quente e desça para tomar café.... Fiz bolo recheado com ameixa e doce de leite, o que você gosta. – Terminou a frase beijando-me no rosto.

Saí da cozinha o mais rápido que pude. Sentia meu rosto queimar de tanta vergonha.

─ O que deu neste menino? – Perguntou meu pai.

─ João, já lhe disse mil vezes, você tem um ótimo garoto. Isto é coisa de adolescente, o Wil é um homem, não é mais um menino, e, você deveria conversar com ele.... Quem sabe tem mulher nesta história!

─ Será!? – Interrogou meu pai espantando.

Tinha parado ao pé da escada, e o último comentário de Alice me fez estremecer.

Se realmente meu pai viesse me interrogar, a fim de saber os motivos por que cheguei tarde e fiquei tão encabulado com atenção de Alice, que tantas vezes agiu assim para comigo? O que iria responder? Não sou de mentir para o meu Pai, nunca fui. Ao contrário nosso relacionamento foi alicerçado na confiança, tanto dele para comigo, como o meu para com ele. E se ele perguntar se há garota no pedaço, o que eu respondo? Posso dizer que tem, pois realmente há, mas...

Balancei a cabeça para afastar os pensamentos que me atormentavam e subi a escada.

A MULHER DE MEU PAIWhere stories live. Discover now