SEVEN DAYS • Namjin

Extra: Someday

Tudo começou no dia em que liguei pelo telefone para Seokjin-hyung numa noite em que meu celular estava descarregado e o dele não chamava. Eu queria muito ouvir sua voz.

– Alô? – atendeu uma voz adolescente e feminina, depois de um bom tempo.

– Jinhyun-ssi, é o Namjoon. O hyung está?

Silêncio...

– E-eu vou ver onde o oppa está – gaguejou, mas foi diferente das outras vezes, afinal, agora sabe que namoramos.

As coisas mudaram há uns meses quando o hyung foi intimado a falar com quem está se relacionando para a família. Consequentemente, tive de fazer o mesmo com a minha. A notícia não foi bem recebida por ambas, mas Seokjin teve mais sorte que eu.

Meus pais até que não surtaram tanto. Quando descobriram meu caso com Ohara Yuiko, faltaram me deserdar por ser um adolescente inconsequente. Então, acho que o fato de eu estar com um homem não é algo tão chocante, tendo em vista que já os decepcionei quase destruindo a relação com minha irmã e perdendo a virgindade ainda muito jovem. Eles não me maltratam, só fingem que não existo. Não sei o que é pior, na verdade. Ao me formar no colégio, parti para um apartamento perto do centro que pago com o salário do meu trabalho de meio período.

Os pais de Seokjin parecem apenas nos aturar, talvez esperem que nosso relacionamento simplesmente termine e voltemos a ser adultos "normais". Ele continua a morar com os progenitores, sua irmã mais nova tem certo desgosto de nós, porém tenta não demonstrar, apesar de ser óbvio.

– Oppa, ligação pra você – ouvi sua voz afastada. – Terminou? É Namjoon-ssi.

Burburinhos ao longe me intrigaram.

– O QUÊ? – gritou a garota. – Não, seu pervertido! – som de porta se abrindo, mais um grito, porta se fechando. – SEU PERVERTIDO NOJENTO! – soou abafado.

O que está acontecendo? Isso agora é som de água?

– Hum... Hyung? – perguntei, hesitante.

– 'Tô aqui. Jinhyun-ah 'tava surtando desnecessariamente – ele bufou.

– O que fez dessa vez para ela te chamar de "pervertido"? – ri.

– Ah, nada demais. Ela não queria me entregar o telefone só porque estou tomando banho, então eu o tomei dela – fez pouco caso. – Sinceramente, qual o problema? O que veria de tão absurdo?

Minha mente foi longe. O hyung no banho. A água escorrendo por seus largos ombros, passando por sua cintura e barriga, descendo para o... Meu rosto esquentou, minha pulsação acelerou.

O que eu estou pensando? Ele é um homem que fica mais bonito a cada dia, seu corpo fica ainda mais atraente, seu charme, flertes e piadas de duplo sentido mais frequentes, mas eu não posso sair do controle. Ele é muito mais que isso. É inteligente, engraçado, carinhoso, esforçado, habilidoso com as mãos e com os lábios e com a língua...

– Namjoonie, 'cê 'tá aí? – indagou o mais velho me despertando de meus atrevidos devaneios.

– M-m-m-me desculpe – gaguejei com a mão na cabeça ainda imaginando a curva de suas coxas.

– Pelo quê? – seu tom era de confusão.

– E-e-eu vou desligar, depois nos falamos – apressei-me a dizer.

– Ei, esper-... – encerrei a ligação.

Droga, por que ele é assim? E sua irmã tem dezenove ou vinte anos, fala sério! Já é um adulto para saber que não pode fazer uma coisa dessas.