Em busca do meu sol

Capítulo III - Erro

Está tudo escuro.Meus pulsos doem. Estou amarrada , sentada em uma cadeira.
Nua.
Tento me soltar , resultando em mais dor. Desprotegida , minha dignidade está dilacerada.
Meu rosto arde ao levar um tapa.
Escuto uma gargalhada maligna.
Meu sentimento é de raiva e medo.
- Vadiazinha como ousa me desobedecer.

...

Acordo agoniada, quase chorando. Me sento na cama , respiro fundo. Esses pesadelos que me atormentam. Quando isso vai acabar ? Em que momento o sol surgirá e acabará com essa escuridão ?
Levo um susto quando o despertador toca. Anunciando que meu dia iniciou

[...]

Estou no metrô , sentada. A minha esquerda um homem, imagino ser um executivo por conta de seu traje . Na direita uma mulher, está usando um terninho em um tom rosa pastel, talvez uma advogada.
Hoje estou vestindo uma calça jeans preta com rasgos no joelho , uma camiseta regata cinza e sobrepondo um moletom básico também cinza, o qual tem um bolso canguru e capuz, sem nenhuma estampa.
Observo que os dois não tem alianças em seus dedos. Seriam solteiros ?
O rapaz aparenta ser jovem, de canto de olho reparo em suas coxas , está com uma calça de alfaiataria ( calça social ) ajustada ao seu corpo ; subo o olhar e sem querer querendo vejo o volume no meio de suas pernas, está com o zíper aberto , porém não dá pra ver algo a mais , sinto um arrepio. Cruzo as pernas.
Acabo esbarrando na perna da moça que está sentada a minha direita. Me desculpo. Por alguns segundos nos encaramos.
Seu cabelo preto está preso em um coque, olhos castanhos , cílios postiços carregados de rímel, sobrancelha definida, seus lábios estão cobertos por um brilho labial transparente e sua pele parece um bum bum de neném.

- Não foi nada - responde abrindo um sorriso.

Seus dentes são brancos e alinhados. Uma bela mulher!
Retribuo um sorriso. Pego meu celular e dou uma olhada em minhas redes sociais. Vejo muitas publicações , curto algumas.
O metrô para, uma voz feminina anuncia que cheguei em meu destino !
As portas se abrem. Caminho sem pressa, estou adiantada.
Estou próxima do prédio onde estudo, sinto um toque suave em meu ombro. Um pequeno susto. Olho para trás...

- Bonjur Melzinha querida - fala toda sorridente.

- Bonjur Milenezinha querida - respondo apertando-a em um abraço.

Às vezes um simples abraço recarrega nossas energias. Estou me sentindo estranha pelo ocorrido de ontem. Não se previnir foi um grande erro. Como pude ser tão descuidada.
Será que corro o risco de estar grávida? É óbvio que sim. Isso não pode acontecer!

- Como você está amiga ? - pergunta enquanto caminhamos.

Nada bem! Transei com o Raphael , em cima da mesa do professor , na nossa sala de aula. E não usamos preservativo. E uma vida pode estar se formando em meu útero.

- Estou bem! Ansiosa para mais um dia de aula - respondo após um pensamento desesperador.

- Soube que hoje terá uma confraternização dos professores, pois a coordenadora Shopie está se aposentando. Então vamos ser liberados mais cedo.

- Nossa adorei. Queria eu estar me aposentando! - coloco o dorso da mão em minha testa, expressando tristeza.

- Queria ter a conta bancária que ela tem , isso sim - diz e então dá um assobio.