Prólogo

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Hoje a noite está perfeita, o tempo está ameno, uma leve brisa bate contra meu rosto, um silêncio inquietante se alastra por todo local, o brilho da lua e das estrelas, tão claros e belos quanto o dia iluminam toda a superfície do prédio, elas parecem emanar uma energia que jamais havia sentido; hoje está perfeito, diria que está ótimo para morrer.

Antes que a sociedade me julgue, dizendo que vou queimar no inferno, que isso que estou fazendo é errado, queria lhes dizer que vocês nem mesmo sabem se ele realmente existe, portanto pensem que estou indo para o outro lado para fazer o favor de descobrir isso a vocês, o detalhe é que não vou poder lhes contar esse segredo. E por que eu não teria o direito de ter paz?. Todos temos um limite de tempo para viver, apenas estou apressando a contagem, estou sendo eu mesma, apenas me libertando dessa gaiola gigante, estou os livrando de um caótico problema.

E por que continuar em frente se o destino também é a morte?.

Antes de qualquer coisa, quero lhes dizer que as falsas lágrimas derramadas, a curiosidade de saber o que me levou a isso, a pena, e os abraços que se reunirão ao lado do meio caixão não me trarão de volta, então por favor, poupe meu corpo disso.

Se não me ajudaram em vida, não me julguem na morte.

Sempre me perguntei qual seria o sabor, a cor, e o sentimento da morte, seria ela doce ou amarga? Preta, branca, marrom, amarela, vermelha ou colorida? Seria inquieta ou calma? Fria ou quente? Ou seria apenas vazia?. Sempre quis entender a morte, tanto quanto queria encontrar o sentido da vida.

Passei todos esses anos tentando entender o porquê dos seres humanos viverem em cascas, qual seria a necessidade de se esconder?, por que não ser quem realmente são?

Mas também, é fácil enganar as pessoas, apenas coloque um sorriso no rosto diariamente, se mostre contente, e diga que está tudo bem, pronto, ninguém irá perceber que você está perto de desmoronar.

Não importa como esteja por dentro, os outros só irão enxergar o que você quiser que vejam, é assim que o mundo funciona, você cria a forma em que as pessoas te enxergam, se quer ser boa, seja boba e brincalhona, leve com você sempre um sorriso, se quer que não te encham o saco, seja fria, fique longe. E eu? Eu sou apenas mais uma casca imersa a inúmeras outras, esculpida ao longo da vida, sem rachaduras, sem falhas, uma casca perfeita, mas sabemos que você não é sua casca e que a perfeição não existe, você tem seus problemas mas não os mostra e uma hora vai acabar explodindo, eu sou exemplo disso, passei a vida construindo uma casca perfeita que nem me preocupei um arrumar o que precisava de reparos por dentro, me fechei com um sorriso, me tranquei em meio as falas, mas esqueci de trancar as lágrimas. E quando vi já estava tudo em ruínas, odeio como não consegui resolver meus problemas, não matei meus próprios demônios.

E fazendo essa relação entre pessoa e casca cheguei a conclusão: o mundo gira em torno da falsidade, você não é você mesmo em quase tempo algum, sabe disso, mas continua nesse ciclo vicioso.

Porém cansei de tudo isso, resolvi quebrar a máscara que me cobria, que eu pensava que me protegia, mas que apenas me deixava ábdita da verdade.

Que as palavras que aqui deixo não sejam ouvidas como prece, e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a uma pessoa inundada de sentimentos.

Então de repente estou indo de queda livre em direção ao chão, Relaxei, fechei os olhos e apenas deixei acontecer, um dia aconteceria mesmo, não é? De repente, como se um filme estivesse passando em minha cabeça, vi todas as minhas memórias passarem por meus olhos. Me senti como se estivesse no cinema, sentada em uma poltrona confortável, saboreando meu chocolate preferido e nem ligando para o fato de que assim que o filme acabasse, minha vida acabaria também.

E tudo acabou apenas com o baque do meu corpo ao chão.

Pelo menos foi isso o que eu havia pensado. Eu mal podia saber que o verdadeiro desafio começaria a partir daí.

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Estupenda MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora