TERCEIRO MOTIVO

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"Você sempre será meu felizes para sempre."

Desde aquele dia, Erick não me procurou, e eu também não tive notícias dele. Embora tentasse convencer a mim mesma de que não me importava, a verdade é que a incerteza pairava. Cheguei a considerar cancelar minha festa de quinze anos, mas minha mãe, com razão, argumentou que essa celebração única na vida não deveria ser sacrificada. Mesmo relutante, percebi que tomar tal decisão poderia resultar em arrependimento amargo.

Apesar do dia de princesa no spa ter sido maravilhoso, um sorriso teimava em não surgir. Imaginava o quão diferente seria com Erick ao meu lado, rindo da minha situação, pois ele sabia o quanto detestava vestidos.

Mesmo após dançar todas as danças típicas desse ritual adolescente, eu mantinha a esperança de que ele chegasse. Ansiava por seus braços ao redor da minha cintura, sentir seu perfume amadeirado e o olhar que transmitisse que eu era especial. Queria que ele afagasse meus cabelos e deixasse aquele beijo estalado em minha bochecha, mesmo que estivesse atrasado.

Meu coração anseia por um sopro de afeto vindo de Erick, desejando que ele perceba a minha existência e compreenda a importância que ocupa na minha vida. A carência de sua atenção pesa.

No jardim, à medida que os risos dos convidados desaparecem, permaneço com minha família. Convenci minha mãe a não gastar dinheiro alugando um salão; o amplo quintal de casa torna-se o palco silencioso de uma celebração íntima.

Às portas da meia-noite, o momento esperado chegou quando ele finalmente surgiu. O silêncio amplificava a tensão, enquanto o encontro tardio carregava consigo o peso de uma espera prolongada.

- Alana.- ele me chama.

- O que você faz aqui? - pergunto,surpresa.- Não pensei que voltaria "tão cedo" do seu festival idiota. - ironizo.

- Não fui, Lana. - ele segurava um grande embrulho nos braços. - Me desculpe. Tenho estado tão desconectado, meio perdido, focado nos estudos para passar, mas sei que isso não justifica. Realmente, estou errando contigo, e tenho uma explicação, mas primeiro preciso me redimir sobre sábado passado. Tentei te procurar no domingo, mas você estava no cinema com Laís.

Instintivamente, busco por minha mãe, mas não consigo encontrá-la dentro do meu campo de visão.

Franzi o cenho, surpresa por não ter conhecimento da visita de Erick; minha mãe, ciente de como ele me afetava, provavelmente optou por ocultar essa informação, presumindo que seria melhor para mim.

Ele continua:

- Acho que sua mãe pode ter esquecido de falar. Como minha semana está corrida, acabei deixando isso para depois. - ele aponta para o embrulho em seus braços- Para piorar, o presente que comprei para você no início do mês sumiu na bagunça do meu quarto. - deixo escapar um riso; essas coisas sempre acontecem com Erick. - Sou meio desligado, Lana.

- Sua cara.

- Rodei a cidade inteira atrás de outro presente perfeito e pra piorar houve um acidente na estrada e a pista ficou interditada. Não foi nada fácil escolher o presente e ficar horas dentro de um taxi. - me entrega o embrulho.

Meus dedos delicados deslizam até a fita amarela, entrelaçada com a caixa, e puxo-a suavemente, revelando o mistério contido dentro com um suspiro de antecipação.

Era incrível.

- Um violão!- fico admirada. - Mas eu não sei tocar.

- Mas pelo que sei alguém ficou te devendo umas aulinhas. - referia a ele.

- Eu nem me lembrava disso. - abraço o instrumento de madeira. - Esse foi o melhor presente que já ganhei na vida, até esqueci o porquê estava com raiva de você. - colo meus lábios em suas bochechas.

- Sentir sua falta. - confessa me olhando nos olhos.

- Eu também. - digo antes que ele me puxe para um abraço apertado.

- Tenho que dizer algo e não tem mais como esconder... - respira fundo - pode parecer loucura, mas eu preciso ser direto. É que... eu amo você e por amar você achei melhor me afastar mais ainda para não estragar a nossa amizade.

- Eu não sei o que dizer. - me afasto de seus braços.

- Estranho, eu sei, mas eu não queria estragar o que tínhamos.- ele passa suas mãos pelos seus cabelos - E se meu sentimento não fosse correspondido?

- Você deveria ter me contado antes. - falo.

- Tive medo da sua reação, não sabe como é difícil ficar perto de você e não poder ao menos te beijar.

- Bobo. - digo, sorrindo - Você sempre decide sozinho o que é melhor pra gente.

Num gesto decidido, sigo o instinto e sello meus lábios aos de Erick. A princípio, ele se vê envolto na perplexidade do momento, mas aos poucos sucumbe, entregando-se à dança silenciosa dos sentimentos compartilhados.

- Vamos deixar acontecer, ok?- digo assim que afasto sua boca da minha.

- Por mim tudo bem.

- Acho que você me deve uma dança.

Fim




Considerações finais

Este conto foi desenvolvido para um desafio de escritores, as palavras foram contadas meticulosamente devido às restrições do concurso. A trama se viu contida, não se estendendo em detalhes nas situações e diálogos, tudo em conformidade com o limite estabelecido pelos organizadores, desafiando-me a transmitir uma história envolvente dentro de fronteiras literárias específicas.

Expresso minha gratidão pelos elogios recebidos e compartilho a intensidade emocional que experimentei durante a criação. As ações dos protagonistas refletem as típicas nuances da adolescência, inspiradas nas jornadas de descoberta e conflito vividas por meus irmãos. Reconheço que eles têm muito a aprender sobre amor próprio, responsabilidade afetiva e gerenciamento emocional.

Com um toque de humor, brinco sobre o inevitável papel de "trouxa" que todos desempenhamos por uma paixonite na adolescência.

Quanto à possibilidade de uma versão estendida, no momento, não está nos meus planos, mas pretendo revisar detalhadamente a história futuramente.

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