Expressões de Saudade

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Naquela noite, se permitiram visitar a pequena cidade da península cujo foram criados, se recordando de algumas memórias que tinham e suspirando a cada lembrança.

Mesmo que Jhope e Suga tenham muitas memórias de infância dali, Taehyung não era muito confortável sobre o passado.

Os namorados achavam que isso vinha do fato dos diversos caras, das diversas noites sem onde dormir, e por isso não aprofundavam o assunto, era algo desconfortável para o mesmo, e sempre que falavam de passado, evitam o "antes de se conhecerem". Pois quando o Kim estivesse pronto, falaria sobre.

Entretanto, mesmo que não falando tanto sobre si próprio antes dos namorados, ele se interessava demais na antiga vida dos dois, queria cada dia mais os conhecer, e então aceitou o passeio proposto por Hoseok, que notou que por mais amável que o mar fosse para os três, precisavam de um descanso em terra firme, principalmente Taehyung, que era o menos apegado a longas navegações.

Então arriscaram, e na noite fria, depois da Guarda da Marinha ser dispensada para dormir, ancoraram navio e desceram para um descanso em solo.

— Meu pai me ensinou a andar de cavalo — Jung contou — Com quatro anos eu andava a cavalo. Sabe, ele não aparecia muito, eram raras as vezes que nos víamos que nem dei falta quando ele desapareceu por meses.

Ah, os garotos já conheciam aquela história.
Sr. Jung casou-se com a mãe de Jhope em um tipo de casamento arranjado entre as famílias, porém, durou dois meses o acordo, e logo o homem partiu em busca de sua própria vida.
Visitando o filho sempre que possível, nunca havia dito o que realmente fazia, mas notou em uma das visitas, que Hoseok tinha paixão por cavalos, e acabou por aprender a cavalgar somente para ensiná-lo.

Em cinco meses de espera pela próxima vez que veria o pai, que seguidamente sumia, recebeu a notícia de que o homem foi morto, e a mãe nunca o deixou saber como isso aconteceu.

Tendo somente a ela como família, os gostos do garotinho mudaram, e logo aprendeu esgrima, treinado com o cabo de vassoura que usava para varrer a casa e ajudar a mãe nas tarefas domésticas.

Quando completou 15 anos, fazia 1 ano que sua mãe morreu de uma doença não diagnosticada na época, e o Jung já se virava bem sozinho, roubava frutas algumas vezes, até roubar algo maior, o respeito de uma tripulação.

Com 16 anos, Jung Hoseok ganhou seu primeiro navio, em uma disputa de esgrima na praça central.

Virou capitão desde então.

Durante a conversa, e a história sendo repetida por Hoseok, que antes havia contado somente a Taehyung enquanto o loiro dormia, o Kim notou o outro namorado quieto, pensativo, com uma expressão disfarçada no rosto, mas que o ruivo facilmente identificaria como saudade.

— Sente falta da sua família?

Yoongi continuou em silêncio, ignorando a pergunta do mais novo enquanto observava a sua volta tranquilamente.

— Quando conheci vocês, eu era mandado pela minha mãe e meu avô, e antes disso, eu passeava pelas ruas da cidade, às vezes sozinho, às vezes com alguns colegas de farda. Até entrar naquele bar, naquele dia, eu não frequentava um único lugar, eu apenas andava por aí sem rumo, achando ter um objetivo quando eu me recusava a acreditar que não tinha nenhum. — Suga sorriu meio triste, olhando para o broche que carregava em seu casaco — Meu pai dizia que tudo bem não saber o que quer do futuro, não precisamos acertar de primeira, é muita responsabilidade colocar uma vida toda em uma única tentativa, temos o direito de errar e acertar. E talvez eu me achasse perfeito demais, não prestava a atenção nesse discurso porque eu achava estar acertando em tudo até aquele momento. Incrível, não é? Meu pai sabia que eu estava errando, que mesmo que parecesse certo, que parecesse "do bem" todas minhas atitudes e ações, eu nunca seria feliz desse jeito, nem seria eu mesmo. Ele estava certo quando me disse essas coisas muitas e muitas vezes, por que, só depois de entrar naquele bar, colocar um punhal na sua garganta, Tae, desafiar você, Hobi, depois de tudo isso... que eu passei a acertar. Mesmo que pareceu um erro no início, ou em todo o trajeto, nunca me senti tão certo. Então, sim, sim eu sinto falta da minha família, todos os dias. Sinto falta do meu irmão e os papéis que sempre o via corrigindo, sinto falta da minha mãe que por mais cruel e sem sentimentos fosse, ainda assim fingia fazer um bolo só para ser legal e atenciosa pra nós — todos sabíamos que ela não sabia cozinhar —, e sinto mais falta ainda do meu pai, que teve que ficar quieto ao presenciar um quase casamento infeliz, e nunca poderá ver como eu seria feliz com vocês.

☀️⚓️ Komorebi ⚓️☀️ Taeyoonseok Onde histórias criam vida. Descubra agora