PRÓLOGO

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"Oxigênio, Carbono, Hidrogênio, Nitrogênio, Cálcio, Fósforo, Potássio, Enxofre, Sódio, Cloro, Magnésio, Ferro, cobre, zinco, selênio, molibdênio, flúor, iodo, manganês, cobalto, lítio, estrôncio, alumínio, silício, chumbo, vanádio e arsênico."

Repetia mentalmente como um mantra — os elementos químicos que compõem o corpo humano — o cientista, de mãos dadas ao garoto loiro de olhos verdes. O céu estava cinza. Assim como os túmulos que friamente passava o sentimento de perda. Passaram-se 90 anos e mais uma vez viu uma geração ficar para trás, mas agora ele não estava sozinho nas sombras, tinha o amor do seu filho.

O ar gelado fazia os pelos dourados do garotinho ficar constantemente arrepiados. Os dois pararam em frente ao túmulo de Sarah Bailosh, que fora enterrada ao lado de Connor que faleceu seis meses atrás. O garoto deixou pairar os olhos verdes e frios sobre a cripta, sabia exatamente quem eles eram. Para si, eram heróis que tinham admiração e seguiria como exemplo, mas sua verdadeira família é a pessoa que nunca desistiu de te trazer de volta!

— Pai? — disse ele inclinando a cabeça para cima, e os lábios de Eisemberg se curvaram em um sorriso, esperando que o menino que parecia ter quase dez anos, derramasse alguma lágrima a sua mãe biológica, que nunca soube de sua existência.

— Sim, Rigel!

— Se importa de irmos embora?

— Não quer se despedir? — o vento soprou e o cabelo castanho claro do cientista se espalhou sobre sua face. Ele enfiou a outra mão no bolso do sobretudo bege.

— Prefiro comer um crepe com o senhor, além do mais... — abaixou a face. — O que ela é, não está mais aqui.

— Você tem razão! — deu meia volta, indo em direção a saída. — Quem sabe o memorial Bailosh fique pronto em alguns anos, aí você poderá conversar diretamente com eles.

— Animador, embora seja apenas um programa com a memória deles! — O cientista balançou a cabeça deixando sacudir o cabelo ondulado curto, se indagando de que deveria contar alguma mentira para o garoto, mas era da sua natureza dizer a verdade com base na ciência. Porém, resolveu não responder! Ter Rigel em sua vida, o lembrou como é ser humano. E só é possível ser humano, quando se tem alguém ao seu lado que o lembre de que não está sozinho.

Eisemberg vive a quase um milênio, desde que descobriu como parar a velhice. Durante esse tempo viu Gideon tentar descobrir a fórmula da juventude, viu a revolução ruir, viu o futuro se erguer novamente. Já se completam cerca de três eras, mas o que ele ainda não descobriu é como trazer Betsy dos mortos.

Mas, acreditava piamente que estava perto disso, já que trouxe Rigel. É claro, que o gene de Rigel é composto pelo DNA de Sarah e Connor, enquanto Betsy era apenas uma garota comum do passado. Mas, mesmo com a diferença que se escondia em algum ponto do gene de Rigel, o garoto dava esperanças ao cientista, que um dia, traria o grande amor de sua vida de volta.

— Pai? — a passos curtos, a cada segundo ficavam mais distantes do túmulo.

— Sim, meu filho?

— Eu vou ser assim para sempre? — perguntou o menino, que mesmo com a mentalidade infantil que seu corpo o obrigava a ter, trazia um tom de angústia de algo que começou a lhe incomodar. "Estaria ele entrando na puberdade?" Pensou o cientista.

O coração de Rigel voltou a bater 10 anos após sua morte. Ficou na incubadora por mais 50 anos, até de fato Eisemberg começar a entender como o faria envelhecer. E descobriu da pior forma possível. Após a morte de Luna, que faleceu aos cinquenta e três anos, trazendo grande angústia a Sarah, por sentir que veria todos os seus filhos partir antes dela. O que não aconteceu, outros 3 filhos dela permanecem vivos até hoje.

Quando Luna morreu, seu corpo foi enviado para a doação, Eisemberg utilizou a glândula pituitária e a medula espinhal da mulher para criar a primeira vacina de Rigel, ele a batizou como o elixir da morte. O menino finalmente envelheceu três anos ao longo de seis meses e pode sair da incubadora. E desde aí, tem esperado que outros membros da família faleça para que o garoto cresça: recentemente, Connor e Sarah. Dando ao seu filho 9 anos de idade!

— Iremos encontrar a cura definitiva para você, se assim desejar! — respondeu ao garoto.

— O senhor quer? — o cientista comprimiu os lábios, e seus olhos se encheram de lágrimas. Atravessaram o portão e entraram na limusine, é tão retrô, mas não importa o tempo, o formato do carro é um clássico, embora suas funcionalidades sejam muito mais aprimoradas.

— Quero que sejamos uma família. Betsy, irá amar conhecer você! Mas, eu entendo que você queira ser como os outros. — disse, após digitar no celular o endereço, e enviar ao carro que seguia a rota sem precisar de motorista.

— Eu quero conhecer a Betsy — sorriu. — Espero que ela goste de mim quando acordar. Posso chamá-la de mãe?

— Se assim desejar, seremos seus pais pelo tempo que quiser! Nunca vamos desistir de você! — era a coisa que mais deixava Rigel feliz, saber que seu pai o salvaria até na morte.

— Queria que eles não tivessem desistido de mim! — sussurrou o garoto, não era justo desejar isso dos seus pais biológicos, se eles soubessem, nunca desistiriam.

— Tem uma grande diferença de desistir, e de ser um Deus na ciência. — brincou Eisemberg, erguendo a mão direita para cima, como se estivesse em uma peça de teatro. O menino sorriu. — Você sabe que eu não podia contar, não é?

— Eu sei! Mas, é como se eu não tivesse o direito de existir, mesmo você me dando a vida.

— Eles passariam a vida inteira esperando de mim e de você algo que não poderíamos dar. Passaram-se dez anos para seu coração voltar a bater, passaram-se mais noventa para que conseguíssemos fazer você ter nove anos.

— Por que você não aplica várias daquelas injeções em mim? Eu não aguento mais, ser criança! Tem partes da minha mente que eu sinto que não se desenvolvem por causa da idade física. — o garoto se inclinou na direção do cientista.

— Eu estou fazendo o meu melhor, já discutimos sobre isso, o item que eu uso para a vacina é raro. E você não tem ideia de como é difícil conseguir, e o preço que eu tenho que pagar por isso.

— Você é uma das pessoas mais ricas do mundo, você pode pagar por qualquer coisa! Se você me ama, não me prive disso, pai!

— Não é o preço em dinheiro, Rigel! Não é algo que eu posso escolher pagar, apenas você! — disse o cientista.

— Então me diz o que é, que eu pago o preço que for!

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