400, aproximadamente: quando a dor nasceu

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"você é a visão que estou procurando; faça-me lembrar de tudo o que esqueci, observe-me me tornar apenas um animal, nua para nada mais do que quem somos"— feral hearts, kerli

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"você é a visão que estou procurando; faça-me lembrar de tudo o que esqueci, observe-me me tornar apenas um animal, nua para nada mais do que quem somos"
— feral hearts, kerli

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O primeiro suspiro, uma mancha pesada, enevoada, o entendimento de corpos distintos, assustadoramente semelhantes, que atritam de cima do telhado arruinado, debaixo de um céu cruel e infernal, queimando o mundo em papéis inversos ㅡ numa perspectiva religiosa ㅡ em 1768, a imperdível noite entre as dimensões. A duração, porém, além do agraciado, de modo que, no auge da criação, a perturbação perdura cuidadosamente dentro de uma criatura esculpida no propósito mundano de 400. A boca negra, cheia do fogo do dragão amoroso, graceja uma cidade inteira, a pele derretida jamais podendo se comparar com corações desmantelados.

Talhada em 1500, embora a véspera vinho-inferno fora muito antes, protegendo instintos demoníacos de pura enganação. A eternização inocente de uma alma antiga. De qualquer forma, à medida em que sua forma inanimada cicatrizava por debaixo da pele dura e acinzentada, asas nasciam dolorosamente do final das axilas ao meio das costas, castigando intensamente as futuras vítimas de uma vida toda. Soojin, ainda sem saber ou entender, num futuro sopro da alma única a se atormentar, a dor do detalhamento rústico, cuidadoso e específico. Provavelmente, o desprezo sentimental ㅡ mero detalhe de principiante, como todos os outros feito ela.

Não podiam amá-la. Soojin era guardiã dos espíritos lamentosos e da delinquência nos seus mais assombrosos e descontrolados devaneios. Cada martelada, a força do propósito, ainda que a fome rebelde clamasse em silêncio. A colisão proibida onde quer que fosse: a falta de olhos curiosos ou o silêncio cósmico do espaço.

Havia homens e mulheres, de fato. Caminhavam numa plataforma imaginária, em direção seus braços fortes. Às vezes, cantavam-lhe canções, a voz filme e desejosa; quase invejosa o suficiente. Queria canções de um amor devoto, escondendo-as no fundo da própria garganta para que pudesse vomitá-las na direção de algum espírito pacífico andante, raspando pele sob cinzas petrificadas, um fundo de sentimento. Claramente, a obsessão fervorosa pelas vias paralelas, labirínticas, daqueles que torna o cego rastejante, desesperado, atritando bochechas sangrentas no mármore antiquado, afiado.

A boca feita de lábia subordinada dos recônditos da sirena, fazendo-a dançar compulsivamente o folclore dos sons, da flauta ㅡ o domínio encantador ㅡ, embora ninguém ousasse outra coisa que não parti-lo em mais pedaços que um coração aguenta. Ou as asas, belas, reluzindo liberdade nos quatro hemisférios, devoradoras gostosas do caminhar incolor, embora não fossem feitas pra voar; olhos que, vistos debaixo, seguiam corpos desfigurados de pavor até à próxima esquina, sem verdadeiramente enxergar. O que poderia haver por trás do átimo? Nada? O maciço? Oco? Um coração?

Soojin sofrera. Sua história vagando de boca em boca, cada vez mais distorcida. E, nessa permuta angustiante, ganhara a fama vitimista de uma alma presa por engano dentro de um estátua de pedra por um feitiço porco. Alguns culpavam o flautista, acabado em restos mortais e ossudos no calabouço submerso da igreja corrupta, as piranhas de beira mar abocanhando o crânio pela metade, o fêmur lodoso. Outros afirmavam com veemência a ideia suicida, a culpa e transferência mágica para uma bruxa que morava afastada do centro da cidade, atrás das sete pedras. Quem se importava? Apenas uma lenda antiga, feudalista, crucificada e morta ㅡ como deveria ser ㅡ, na força pecaminosa de um evangelho inventado.

ㅡ illusion. (g)-idle | shujinOnde histórias criam vida. Descubra agora