SONG CHOICE(não tem nada a ver com a história): Bloodflood, by Alt-J
CONTEXTO: Margarida muda-se para a casa do seu pai quando decide que quer ir estudar para Lisboa, uma vez que vive em Elvas, uma pequena cidade situada no Alentejo interior, e o seu pai vive em Lisboa com a sua primeira família - sim, ela é resultado de um caso de adultério. Como Margarida "não atura gente da sua idade", como a mesma afirma, não aceita a sujeitar-se à dita "Viagem de Finalistas", mas como o seu pai é um fixolas, arranja-lhe lugar na viagem de férias que o seu filho, irmão de Margarida, três anos mais velho que ela, vai fazer com os seus amigos. O problema é que ela nunca se deu muito com o seu irmão, aliás, tinha apenas visto o rapaz duas vezes. E não, ele não se chama Harry... Mas um dos seus amigos chama ;).
CONTO:
- Então, onde é que vamos mesmo? - pergunta num tom nervoso e tímido dirigido a João.
- Primeiro vamos buscar o André, o Tiago, a Patrícia, a Ana, o César, a Giovana e o... - enumera João até ser interrompido por uma buzina - ...Daniel que trás o Harry e a Joana. Descansa, amanhã já sabes o nome de toda a gente - diz um João brincalhão, na tentativa de acalmar a meia-irmã que parecia um pouco stressada.
Como estava tudo atrasado e ninguém queria perder a reserva do hostel, decidiu-se que Margarida seguiria já para Chaves no carro de Daniel, ou seja, junto ao Harry no banco de trás, enquanto o João, com a carrinha de 8 lugares iria buscar os restantes.
A viagem foi feita em silêncio. Pelo menos para Margarida e para Harry, uma vez que os pombinhos iam lá à frente a conversar. Tanto Margarida como Harry sentiam-se embaraçados por não terem falado o caminho todo - um por não dominar a língua portuguesa ao ponto de começar uma conversa e o outro por ser demasiado tímido.
Agora, alguns factos sobre Harry:
- O seu nome completo é Harry Edward Styles;
- Está em Portugal graças a um programa de intercâmbio entre Lisboa e Londres no curso de matemática pura;
- Estuda matemática pura;
- Conheceu João, o irmão de Margarida, e os seus amigos na sua segunda semana em Portugal, exatamente há 2 meses agora, uma vez que tinham cadeiras em comum;
- Tem 21 anos;
- Sente-se intimidado pela presença de Margarida ao seu lado no carro.
Prosseguindo, os jovens chegaram ao hostel, fizeram o check-in e distribuiram- se pelas camaratas destinadas ao grupo no edifício. Eram apenas 6 beliches, então distribuiram-se de forma a ficarem as raparigas em cima e os rapazes em baixo.
Pormenor importante: Margarida ficou ao pé de Joana, que por sua vez estava por cima de Daniel e este último ao pé de Harry - embora Harry não estivesse por baixo de Margarida.
Passadas umas horas estavam todos no hostel já instalados.
Na manhã seguinte, Margarida foi acordada por Joana para se juntar às raparigas que estavam agora a caminho dos balneários para se arranjarem para o dia. A rapariga mais nova agradeceu e juntou-se ao grupo.
- Ai, aquele Harry é mesmo giro! - exclama Giovana enquanto abre a porta do balneário, deixando todas as outras passarem antes de si, agradecendo. - E aquele sotaque... Qualquer dia, salto-lhe para cima! - acrescenta, causando gargalhadas histéricas da parte das amigas.
"Uau, parece que afinal 3 anos não é assim tanto", pensou Margarida. A verdade é que estava desiludida com o comportamento imaturo das outras raparigas. Margarida começa a aperceber-se, então, que a sua incompatibilidade com o contexto exterior ao de si mesmo não estaria em desenvolvimentos intelectuais mais rápidos que outras, mas sim em desenvolvimentos intelectuais diferentes.
Margarida era uma jovem diferente dos outros. Era uma pessoa séria, que gostava de falar de coisas sérias. Uma pessoa reservada, que achava que as emoções mais contritas apenas devem ser partilhadas com quem merece e não com o mundo, tornando-as mais especiais e pessoais ainda; ela era o tipo de pessoa que não tinha paciência para romances estilísticos, em forma de livro ou filme, e que lia críticas políticas e sociais pesadas. Aliás, fora nesses livros que adquirira a sua própria opinião, aprendera a expressar-se e percebera que não valia a pena perder tempo com as coisas parvas da adolescência feminina. Esta sua viagem começou aos seus 15 anos.
" Será uma longa semana", retorquiu ao seu subconsciente.
Claro que, como qualquer rapariga nos seus 17 quase 18 anos, Margarida não conseguiu evitar as suas hormonas, que ao decorrer da semana, mantiveram o estrangeiro do grupo debaixo d'olho (nas termas, principalmente).
Devemos também acrescentar que o inglês não ficou muito atrás no oposto; muito pelo contrário, Harry e as suas hormonas também controlaram Margarida a semana toda.
Não chegaram a trocar uma única palavra durante a viagem. Nenhum tomou a iniciativa: os dois eram reservados; um estava inseguro quanto ao seu português, enquanto o outro estava inseguro quanto ao seu inglês; um porque achava que era demasiado velho para ela se interessar e o outro porque se achava demasiado nova para despertar qualquer sentimento no outro.
E, por isso, não se falaram, sendo altamente compatíveis.Passados dois anos, Margarida estava a estudar em Londres em Psicologia Forense e, ao longe, vê alguém que a faz lembrar Harry, embora não seja ele, deixando-a a pensar. "Será que, numa dimensão paralela, nós alguma vez tivemos alguma coisa? Será que ainda estaríamos juntos? Ou teria corrido tudo mal desde o início?", divaga.
A verdade é que ela nunca saberá, mas eu dou um spoiler de que, sim, há uma dimensão paralela em que eles se chegam a casar até. Infelizmente, não é esta. Terão de se contentar com o destino que os próprios fizeram.
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N.A: Desculpem isto ser tão realista, mas é só para abrirmos os olhos para o que estamos a perder quando deixamos que a ansiedade social ou a vergonha ou qualquer que seja o problema ganhe. Temos de arranjar uma forma de nos superarmos a nós mesmo e a para de pensar demasiado sobre as coisas. Temos de nos dominar, consciente e subconsciente nem.
That's all for now, Thank youDarkllamas
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Contos - Fanfic Style
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