Querido diário, Maktub é uma palavra em árabe que significa "já estava escrito" ou "tinha que acontecer". Esta palavra é considerada um sinônimo de "destino", porque expressa alguma coisa que estava predestinada ou um acontecimento que já estava "escrito nas estrelas". Neste caso, apesar de possuirmos o livre arbítrio, as coisas que acontecem já estavam destinadas a acontecer.
[...]
David me aguardava na radiopatrulha. Eu também esperava por isso. Ele é o chefe de polícia Duchannes para o bom povo de Mystic Falls. Minha principal motivação por trás da compra de um carro, apesar da verba escassa, era que eu me recusava a circular pela cidade em um carro com luzes vermelhas e azuis no teto. Nada deixa o trânsito mais lento do que um policial.
Papai me deu um abraço desajeitado com um braço só quando eu cambaleei para fora de casa.
— É bom te ver, Nora - disse ele, sorrindo enquanto automaticamente me segurava e me firmava. — Como está a Karen?
— A mamãe está bem. É bom ver você também, pai. — Eu não tinha permissão para chamá-lo de David na frente dele. — O Aaron saiu mais cedo, então, sou só eu.
Aaron Duchannes, meu irmão mais novo. Ele é um garoto adorável, mas ultimamente está passando por problemas. Ele é como se fosse meu filho. Eu o amo muito.
Trocamos alguns comentários sobre o clima, que estava úmido, e a maior parte da conversa não passou disso. Ficamos olhando pela janela em silêncio. Por fim, David parou na entrada de carros circular atrás da Escola, as 8:56. Fingi estar arrumando a mochila por um segundo, só para ganhar tempo.
— Precisa de ajuda?
— Não, está tudo bem — respondi.
— Eu te amo. — ele disse, enquanto eu saltava do carro.
— Eu também, pai. Vejo você às seis.
— Não se meta em problemas! - ele gritou pela janela abaixada do carro enquanto eu me distanciava.
— Eu não prometo nada.
Subi as escadas. Peguei um panfleto sobre o show de talentos, fui até o fundo e me sentei ao lado de Rachel. Ela estava com o melhor estilo de um dia fui gótica e hoje sou caipira: vestido preto, justo e chique, botas de vaqueiro, cabelo loiro tão tingido de preto que parece azul. Tudo isso acompanhado de um enorme chapéu de boiadeiro.
— Oi, Nora! —disse ela, um tanto surpresa.
— Oi, Rachel — murmurei ao me sentar.
— Está dez minutos atrasada — disse ela, consultando o relógio de pulso — Uma manhã difícil?
— Sim. Fui retida por um problema no momento em que ia sair. — Como eu disse, nada deixa o trânsito mais lento do que um policial.
Foi nessa hora que a Srt° Delinsky entrou na sala, arrastando os pés. Ela respirava devagar e com grande esforço pela boca aberta. Caminhou a passos miúdos até sua mesa, o calcanhar de um pé, não se distanciava muito dos dedos do outro. Sua respiração audível, quase desesperada me fez lembrar o meu avô, quando estava morrendo de câncer no pulmão. Idosa e de peito largo, tive a impressão de que ela morreria antes mesmo de chegar ao púlpito.
— Meu nome — ela disse — É Srt° Delinsky. Tenho um prenome, é claro. Mas, para vocês é "Senhorita". Seus pais pagam muito caro para que estudem aqui, e espero que retribuam esse investimento lendo oque eu mandar ler, qua do eu mandar ler e comparecendo regularmente as minhas aulas. Vocês podem ser espertos, mas eu sou esperta há mais tempo.
Eu escrevi aquela última parte no meu caderno de espiral. Aquele dia ia ser longo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Diários de Nora.
RomanceEleanor Duchannes, também conhecida por Nora, é uma jovem de 17 anos, bonita, tímida, com um senso de humor adolescente autêntico, engraçada, empática e loucamente apaixonada por seus amigos e familiares. Seus pais (David e Eliana) se separaram quan...