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[antes de mais, se quiserem uma explicação para as publicações não frequentes leiam a nota final, merci beaucoup e boa leitura]

Acabei tudo aquilo que Niall me obrigara a comer e permiti-me a ir para o meu quarto. A verdade é que a presença do rapaz loiro me tinha acalmado e por outro lado fez com que aparecessem ainda mais questões por resolver na minha cabeça. As coisas cada vez se tornavam mais desfocadas e os problemas longe de serem resolvidos, a minha mente estava cada vez mais confusa e o meu coração cada vez mais apertado. Os meus pensamentos eram agora ocupados por fantasmas que insistiam em aparecer e medos que se começavam a formar, medo de nunca mais ser feliz, de nunca mais amar nem permitir que me amem, medo de não ser boa para ninguém e viver o resto dos meus dias sozinha.

Entrei no meu quarto e sentei-me na cama pegando no livro que estava sobre a mesa de cabeceira, À Procura De Alaska. Se eu dissesse que não era apaixonada pela escrita de John Green estaria a mentir, cada livro tem uma história mas o amor é o centro de todas elas. Enquanto Miles tentava conquistar Alaska a minha cabeça pensava no quão inútil o amor é e em como só serve para magoar as pessoas. Todos parecem procurar o amor, eterno e verdadeiro, mas poucos são aqueles que têm direito a ele e o encontram no seu estado puro e genuíno, poucos são aqueles que atingem o ápice da felicidade ao lado da pessoa que amam. Tudo muda, nada é para sempre e as promessas quebram-se tal como os corações apaixonados que nelas estão envolvidos. O mundo está dividido em dois tipos de pessoas, aquelas que traem e magoam e as outras que são traídas e magoadas, podendo eu encaixar-me no segundo grupo.

O toque de mensagens do meu telemóvel soou acordando-me assim da confusão que cada vez mais se instalava na minha cabeça.

"Não sou ladrão mas roubaria a lua em troca do teu coração. xx"

O número era desconhecido, e o conteúdo da mensagem fez-me ter a certeza que havia sido engano. Conteúdo que, por muito romântico que pudesse parecer, conseguia ser piroso o suficiente para me fazer torcer o nariz e soltar uma gargalhada. O mesmo som voltou a fazer-se ouvir.

"És o meu sol, e o sol brilha sempre. xx"

Sempre. Se a palavra sempre fizesse realmente sentido as coisas não tinham fim, as relações não terminavam, e a vida eterna passaria a ser real. Estava farta de ouvir as pessoas falarem numa felicidade interior ou numa eternidade a dois, nada perdura, as coisas vão e vêem, num dia temos uma coisa mas no outro deixamos de a ter. A única certeza que tinha neste momento era a dor permanente que se instalava cada vez mais no meu peito, que fazia o meu coração ficar cada vez mais apertado e despedaçado, que fazia a minha cabeça girar de confusão.

Fechei o livro e voltei a pousá-lo no sítio onde estava anteriormente. Dirigi-me à casa de banho e despi-me, indo de seguida tomar um banho rápido, rápido o suficiente para não deixar a minha mente pensar em nada. Enrolei-me na toalha depois de terminar e voltei para o quarto. Vesti a minha roupa interior e encarei o espelho. A verdade é que a minha aparência nunca foi algo problemático para mim, não me considero com excesso de peso mas, definitivamente, não sou uma modelo, e obviamente há partes do meu corpo que não me agradam, de todo. Talvez perder uns quilos não fosse má ideia mas pensaria nisso em outra altura. Vesti as minhas calças de ganga preferidas e uma camisola de meia manga azul escura, deixei o meu cabelo castanho solto e terminei ao calçar as minhas tão estimadas Converse brancas.

Desci as escadas e ao mesmo tempo ouvi a porta de entrada abrir.

"Olá minha filha." a minha mãe disse com um sorriso.

"Olá!" sorri de volta e beijei-lhe a bochecha.

"Acabei de me encontrar com a nossa nova vizinha da frente."

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