prólogo

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Quando entrei no banheiro, Benedict estava encostado na pia, com as mãos nos bolsos da calça e com um sorriso faceiro nos lábios. Ele estava radiante. Sem mover um centímetro sequer do seu corpo, ele me olhou de cima a baixo e disse que eu estava bonita: "Verde combina muito com você". Eu não consegui dizer nada, extasiada que estava com aquele encontro repentino. Ele continuou admirando o meu vestido por mais alguns segundos, imóvel em sua majestosa posição, até que, de repente, alinhou o corpo, desfez o sorriso e caminhou, em minha direção, até o centro do banheiro.

Ele colocou seus dedos magros em meu maxilar e aproximou seu rosto do meu. Eu pude sentir o seu hálito, o seu calor e o peso dos seus olhos que, azuis e sérios, me fitavam em silêncio. Sua expressão facial e corporal haviam se alterado e ele agora parecia hesitante, com seus dedos contornando os meus lábios no mais vagar dos movimentos.

Sua mão esquerda pousou lentamente na minha cintura e no mesmo instante puxou para ele o meu corpo, que foi sem resistência. Pela diferença de altura, seu rosto agora estava acima do meu e a sua respiração, agora mais acelerada e forte, se mostrava mais fácil de sentir, e me contagiava. Compartilhamos o mesmo ar, em silêncio, por segundos, mas, na hora, esses segundos pareciam eternos, lentos e intensos.

Sentir o rosto dele tão perto do meu daquele jeito produzia efeitos desconhecidos até então por mim e pelo meu corpo: eu suava frio e tinha os pelos todos arrepiados; a barriga se contraia pelo arrepio, eu latejava e produzia líquidos que preparavam o meu corpo para a entrada dele em mim; meu rosto esquentava, e eu desejava, mais do que tudo no mundo, que ele me beijasse ali mesmo, no banheiro da festa, sem medo de sermos vistos por pessoas indesejáveis.

Com a mesma sintonia e força que utilizou para aproximar, ainda mais, o seu corpo do meu, ele abriu a mão direita em meu rosto e a deslizou até a minha nuca e, enquanto encostava a sua testa na minha, segurou leve, mas incisivamente, os meus cabelos, puxando-os para trás. Eu estava presa em suas mãos e em contato direto e íntimo com o seu corpo. Eu sentia o ar quente que saia de seus lábios e explodia de desejo; já ele permanecia em silêncio, indecifrável no alto dos seus metro e oitenta e quatro de altura. A única prova que eu tinha do desejo dele por mim, naquele momento, era a sensação de glória que o seu pau duro causava em minha barriga.

O meu peito subia e descia com mais rapidez agora que eu sentia o ar quente que escapava de seus lábios; eu estava visivelmente ofegante. Ainda em silêncio, ele tirou a mão da minha nuca e, descendo-a rente a minha pele ora arrepiada, a colocou aberta entre os meus seios palpitantes. Um sorriso discreto dançou em seus lábios. Depois de segundos sentindo, de forma manual, a minha respiração, ele pegou a minha mão e colocou em cima do seu peito. Seus batimentos cardíacos estavam muito mais acelerados do que os meus. Ele sorriu de novo e sussurrou: "Sinta o que você me causa." Seus olhos, azuis e sérios, estavam, mais uma vez, dentro dos meus e o sorriso havia desaparecido de sua face. Eu sentia o que lhe causava; coração acelerado, respiração ofegante, excitação. Tomei coragem e verbalizei aquilo que meu corpo já há muito tempo ansiava: "Me beija".

Mas, no segundo em que lhe disse essas palavras e que percebi a sua reação, o arrependimento tomou conta de mim. Ele ficou mais sério do que já estava e lentamente afastou o seu corpo do meu, deixando por último a minha mão, que ainda pousava em seu peito. Segurando-a, ele a beijou e sussurrou: "Isso é o máximo que eu posso lhe dar." Em seguida, carregando um olhar que, a mim, pareceu triste e desolado, ele soltou a última parte de meu corpo que ainda estava em contato com a sua pele, virou e saiu do banheiro no mais abissal silêncio. Quando eu olhei pra trás, a porta já estava fechada e eu havia ficado sozinha, inundada pelo cheiro, calor e toque de Benedict. Eu fechei meus braços em torno do meu corpo e tentei, o máximo que pude, manter em mim o calor que o corpo dele havia me dado. Infelizmente, não pude manter por muito tempo...

Depois de me recuperar do que havia acabado de acontecer, eu me olhei no espelho e contemplei a minha face reflexiva e deprimida. Ah, Benedict, se você soubesse... Aproveitei o reflexo que me encarava e retoquei a minha maquiagem, já há muito deteriorada pela noite e pelos acontecimentos repentinos que se sucederam nesses minutos narrados. Em seguida, apesar de muito relutar, respirei fundo, peguei fôlego, e sai do banheiro de volta para a festa.

do azul de teus olhos ao rosa de teus lábios: memórias benedictianasOnde histórias criam vida. Descubra agora