Era quarta-feira, 5:30 da manhã. Kim Taehyung estava exalando ansiedade devido ao fato de que hoje seria o dia em que iria falar com seus pais. Ele já estava planejando o discurso de "Eu estou bem mãe", "Sim, eles me tratam bem aqui", "Não, eu não estou usando drogas" e "Pai, eu realmente não estou usando drogas".
Enquanto escovava os dentes, controlava o horário pelo relógio que havia no quarto para não perder o café da manhã. Ele estava faminto, não havia conseguido jantar na noite anterior — consequência dos eventos da aula de artes. Aquilo lhe fizera perder a fome, e grande parte do sono.
Não queria pensar nisso. Não queria pensar em nada, além do enorme prato de comida que iria servir no refeitório.
Colocou o uniforme e se moveu para fora do quarto, andando em passos largos até chegar ao balcão de alimentos. Pegou uma bandeja e serviu um pouco de tudo que havia ali. Ele não estava com o melhor humor do mundo no momento, queria se alimentar sem obter qualquer contato humano.
"Tem alguém aqui?"
Levantou o olhar e soltou um "nah".
"Bom, então agora tem eu..." O garoto sentou-se ao seu lado, em silêncio. "Meu nome é Eidan."
Taehyung continuava comendo. Agora se sentia um pouco melhor por ter seu estômago preenchido, mas o mau-humor matinal ainda marcava presença.
"Kim."
"Sim o quê?" Perguntou.
Engoliu a comida que estava mastigando e repetiu: "Kim. Kim Taehyung." Eidan emitiu um "aaaah", sinal de que havia entendido.
O ruivo terminou sua segunda xícara de café e levantou-se, levando as louças até a bacia que estava ali especialmente para isso. Sem sequer despedir-se de Eidan, saiu do refeitório, pensando o que seria melhor: ir para o quarto estudar ou dar uma caminhada pelo internato. Optou pela segunda opção. Aproveitou o tempo livre que tinha para conhecer a biblioteca, que só descobriu após ver um grupo de alunos lendo livros do Johann Weyer. Ele não ficou nem um pouco interessado no motivo da leitura.
--
Ao chegar na biblioteca se deparou com milhares de estantes com o mais diverso acervo. Bateu os olhos em alguns que já havia lido anteriormente, e outros que já haviam recomendado a ele. Se dirigiu até a sessão de contos, pegou qualquer um que lhe parecera minimamente interessante e locou. Ele só queria que o tempo dentro do internato fosse minimamente mais suportável.
--
Ele não estava atrasado para aula, chegou antes dos demais alunos, inclusive, diferente da aula do dia anterior. Agora teria Cultura Religiosa, e, para ele, aquilo era indiferente. Ele não acreditava em religião. Não a cristã, ao menos. Acreditava, sim, em uma força superior que criou tudo e todos, mas não necessariamente um Deus. Portanto, se esforçaria naquela matéria apenas o suficiente para não ser reprovado.
Não havia nenhum conhecido naquela sala, e com conhecido ele se referia à Bae Joohyun, que, até o momento, era a única. Ele não havia a visto em momento algum durante aquela manhã, talvez pelo fato de ter acordado mais cedo. Tivera que se esforçar um pouco para encontrar a sala, e já havia aceitado que seu senso de direção era o pior possível.
A aula passava se arrastando, e quanto mais ele pensava nisso mais o professor continuava falando, e falando, e falando. Até que o sinal tocou. Guardou algumas anotações que havia feito e seguiu para fora dali.
Joohyun estava escorada ao lado da porta de uma das salas, conversando baixo com uma garota de cabelos ondulados, minimamente mais alta que ela. Deu alguns passos e cumprimentou ambas, que mudaram de expressão e sorriram para ele.
"Kim! Oi." exclamou. "Yuqi, esse é ele. Taehyung, essa é Song Yuqi. Uma conhecida."
O garoto cumprimentou a ex-estranha, que respondeu com um "Olá". Joohyun questionou a próxima matéria que ele teria, e demonstrou uma pequena surpresa ao descobrir que teriam, novamente, a mesma aula.
Era fotografia, e ambos, após se despedir de Yuqi, seguiram até a sala, em outro prédio.
"Então.. o que achou dela?" Joohyun quebrou o silêncio.
"Não tenho muito o que achar. Há muito tempo que vocês se conhecem?"
"Uns três anos, eu acho. Ela é uma pessoa legal, você vai gostar dela. E muito bonita também, né?" Joohyun sorriu.
"Sim, sim."
Ao adentrarem a sala, o professor já estava falando sobre algo que não importava. Dirigiram-se, ambos, até a última fileira de classes e sentaram-se.
"Portanto, formem duplas, e terão duas semanas para concluir essa primeira avaliação." foi o que disse o professor, antes da turma inteira começar a mudança de lugares.
Sem entender nada, Joohyun levanta a mão e solicita uma segunda explicação.
"Para aqueles que não cumprem o horário, explicarei novamente: Vocês deverão, dentro de nossa propriedade, fotografar espaços de ângulos inusitados. Como não é esperado nenhum conhecimento técnico, façam da forma que acharem correta. O importante é que essas fotografias façam sentido, sejam dentro do limite de vocês..." encarou um dos alunos ali presente "e que sejam de pontos de vista inimagináveis." explicou.
Após se sentar novamente, Bae Joohyun encarou Taehyung, que sorriu levemente para ela.
"Acho que somos uma dupla", foi o que disse.
Ao contrário da aula anterior, essa passou rapidamente, para sorte de Kim, que não via a hora do almoço chegar para falar com seus pais.
Ele não sabia, ao certo, para onde deveria se dirigir, mas Bae fez questão de lhe guiar. Assim que tocou o sinal, notificando o fim daquele período, levantaram-se, conversando sobre ideias para o projeto, e seguindo até a Direção. Ela se despede de Taehyung e vai almoçar.
--
A voz de sua mãe era reconfortante. Parecia que haviam se passado séculos desde que havia a visto pela última vez.
Ao conversar com o filho, demonstrava preocupação o tempo inteiro. "Eu jamais imaginei que você faria algo assim, e ficaria tão longe..."
"Mãe, eu já d-"
"Eu não quero acreditar. Eu sei que você é inocente, meu amor. Eu não quero acreditar no que aqueles malditos vestidos de terno e gravata têm espalhado nos noticiários. A família Byun vêm tentando lhe prejudicar o tempo inteiro." disse essas duas últimas palavras demoradamente. Taehyung não esperava que ela trouxesse esse assunto à tona. Queria apenas dizer que sentia falta de casa, e que estava passando pelo inferno apenas por habitar aquele lugar.
"Está tudo bem. Eu juro para você que sou inocente, mamãe. Eu nunca faria isso." foi o que conseguiu dizer. Sua mente ficou como um limbo. Ele não conseguia formar frases apropriadas, e encarava o cronômetro ao seu lado, indicando que ele possuía 5 minutos restantes.
Sua mãe falava em voz alta que aquilo não era verdade, e continuou falando coisas do tipo por algum tempo, até que ele se pronunciou. Ele amava sua família, e queria — mais do que nunca — estar perto deles.
"O papai está aí? Eu posso conversar com ele?" sua mãe ficou em silêncio. "Mãe?"
"Ele..." ouviu alguns murmúrios ao fundo, parecendo vir de seu pai "Ele está ocupado agora. Mas eu digo para ele que você está bem."
"Ah.. tudo bem. Diga que eu não estou usando drogas." ele ouviu uma pequena risada de sua mãe. "O meu tempo está acabando. Eu amo vocês, e ligarei na próxima quarta no mesmo horário. Eu farei o possível para sair daqui o mais rápido possível, mãe."
"Nós também lhe amamos, Taehyung. Se alimente bem e não se deixe abalar por nada, certo?"
"Certo. Até mais." e então ambos desligaram.
{...}
oi quarenteners. devo um pedido de desculpas?
então tá: me desculpem!
amo cada um de vocês. beijo.
Lo.
![](https://img.wattpad.com/cover/83454717-288-k437176.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
BAD • vkook
FanfictionKim Taehyung nunca imaginou que falsas acusações alterariam tanto sua vida. Primeiro capítulo publicado em setembro de 2016, com hiatus de alguns aninhos.