Capítulo Quatro

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   Anne estava se olhando há alguns segundos fixamente no espelho. Inclinava o rosto minimamente para o lado olhando as bochechas coradas e ressecadas devido ao frio. Estava mais quieta que de costume e isso não foi passado despercebido pela amiga. Sabrina foi uma das primeiras amigas que tinha feito ao entrar no colégio. Ela era meiga e gentil e as duas haviam se dado tão bem que em poucas horas sabiam quase tudo uma sobre a outra. Em poucos dias Anne já não podia nem mesmo ser considerada novata, tinha se encaixado tão bem que parecia sempre ter estudado ali.

_Anne, fala comigo -Pediu a menina de cabelo loiro cacheado se sentando sobre a pia do banheiro encarando a ruiva que suspirou.

_Não quero falar sobre isso -Murmurou Anne se encolhendo minimamente da forma que fazia Sabrina querer aperta-la e nunca mais solta-lo.

_Nem sempre fazemos tudo o que queremos. Confia em mim, vai se sentir melhor quando conversar com alguém -Sabrina estendeu a mão e tocou o pulso da amiga em um gesto encorajador- Acha mesmo que consegue esconder algo de mim?

_Tudo bem, obrigada por estar aqui -Suspirou e forçou um mínimo sorriso para a amiga. _Sabe quando você deseja tanto alguém do seu lado, mas quando a pessoa aparece nem se lembra mais o porquê a queria aqui?

     Anne respirou fundo e deu de ombros decidindo continuar quando a amiga balançou a cabeça em um gesto afirmativo a incentivando. Ela então mordeu os lábios e lembrou da forma que Irina tinha aparecido de repente.

_Eu esperei minha prima por tantos anos, era o que eu sempre pedia em todos meus aniversários. E ela nunca esteve aqui, então eu parei de esperar. E agora ela volta e age como se não fosse nada, e me magoa isso tudo, sabe? Me magoa que ela não estivesse aqui quando dei meu primeiro beijo e que tenha voltado agora. Se ela ia voltar, por que foi embora? É como se eu tivesse sofrido atoa. -Confessou sentindo o olhos encherem e o nariz arder em sinal de choro, em seguida abraçou a amiga apertado. _Ela era tudo pra mim e agora sinto que nem a conheço mais.

_Ei, está tudo bem -Sussurrou envolvendo os braços ao redor de Anne e a acolhendo nos mesmos- Você tem a mim, tem nós. Podemos passar por isso juntas, e também, não deixa ela estragar sua chance com o Jack. Finalmente ele te notou, não é? Agora vocês podem finalmente ter um futuro juntos.

_Tem razão -Sorriu enxugando o rosto e soltou a amiga. As vezes ela se sentia tão sortuda por ter encontrado Sabrina. Elas se tornaram amigas por acaso, Anne havia trocado as bolsinhas das duas sem querer e quando se deram conta já eram melhores amigas. _Você é tão importante pra mim -Comentou baixinho cutucando a bochecha da loira com o indicador sorrindo.

A amizade delas sempre foi assim, carinhosa e tranquila. Mesmo que meninas da idade delas costumassem se soar e não serem tão afetivas, Anne sempre foi sensível e Sabrina compreendia bem o que a amiga sentia.

_Sim, eu sou. -Sorriu bem humorada e se olhou no espelho ajeitando os cabelos- Então, como pretende devolver o celular do Jack?

_Acho que vou até o último ponto de ônibus -Contou Anne e assistiu a amiga virar silenciosamente pra ela- _Eu vou tomar cuidado, e também, você sabe que ele nunca faria mal pra mim. Eu confio nele.

(...)

    A neve continuava e com isso o humor de Anne só piorava. Era a última aula e balançava a perna batucando os pés no chão ansiosa. Logo mais veria Jack, e o celular era somente um meio para isso. Ele tinha esquecido sobre a mesa e ela guardou carinhosamente para ele. Uma parte louca dela não queria devolver o objeto, era uma coisa dele, lembrava ele e tinha fotos dele. Talvez algum de seus amigos conseguisse retirar o padrão de bloqueio do celular e assim ela poderia matar a curiosidade de ver todas suas fotos. Ele teria fotos fazendo careta? Teria fotos com cachorrinhos fofos e com a família? Anne mordeu o lábio. As vezes sua mente viajava longe.

Por favor, me ame.Onde histórias criam vida. Descubra agora