Anne estava se olhando há alguns segundos fixamente no espelho. Inclinava o rosto minimamente para o lado olhando as bochechas coradas e ressecadas devido ao frio. Estava mais quieta que de costume e isso não foi passado despercebido pela amiga. Sabrina foi uma das primeiras amigas que tinha feito ao entrar no colégio. Ela era meiga e gentil e as duas haviam se dado tão bem que em poucas horas sabiam quase tudo uma sobre a outra. Em poucos dias Anne já não podia nem mesmo ser considerada novata, tinha se encaixado tão bem que parecia sempre ter estudado ali.
_Anne, fala comigo -Pediu a menina de cabelo loiro cacheado se sentando sobre a pia do banheiro encarando a ruiva que suspirou.
_Não quero falar sobre isso -Murmurou Anne se encolhendo minimamente da forma que fazia Sabrina querer aperta-la e nunca mais solta-lo.
_Nem sempre fazemos tudo o que queremos. Confia em mim, vai se sentir melhor quando conversar com alguém -Sabrina estendeu a mão e tocou o pulso da amiga em um gesto encorajador- Acha mesmo que consegue esconder algo de mim?
_Tudo bem, obrigada por estar aqui -Suspirou e forçou um mínimo sorriso para a amiga. _Sabe quando você deseja tanto alguém do seu lado, mas quando a pessoa aparece nem se lembra mais o porquê a queria aqui?
Anne respirou fundo e deu de ombros decidindo continuar quando a amiga balançou a cabeça em um gesto afirmativo a incentivando. Ela então mordeu os lábios e lembrou da forma que Irina tinha aparecido de repente.
_Eu esperei minha prima por tantos anos, era o que eu sempre pedia em todos meus aniversários. E ela nunca esteve aqui, então eu parei de esperar. E agora ela volta e age como se não fosse nada, e me magoa isso tudo, sabe? Me magoa que ela não estivesse aqui quando dei meu primeiro beijo e que tenha voltado agora. Se ela ia voltar, por que foi embora? É como se eu tivesse sofrido atoa. -Confessou sentindo o olhos encherem e o nariz arder em sinal de choro, em seguida abraçou a amiga apertado. _Ela era tudo pra mim e agora sinto que nem a conheço mais.
_Ei, está tudo bem -Sussurrou envolvendo os braços ao redor de Anne e a acolhendo nos mesmos- Você tem a mim, tem nós. Podemos passar por isso juntas, e também, não deixa ela estragar sua chance com o Jack. Finalmente ele te notou, não é? Agora vocês podem finalmente ter um futuro juntos.
_Tem razão -Sorriu enxugando o rosto e soltou a amiga. As vezes ela se sentia tão sortuda por ter encontrado Sabrina. Elas se tornaram amigas por acaso, Anne havia trocado as bolsinhas das duas sem querer e quando se deram conta já eram melhores amigas. _Você é tão importante pra mim -Comentou baixinho cutucando a bochecha da loira com o indicador sorrindo.
A amizade delas sempre foi assim, carinhosa e tranquila. Mesmo que meninas da idade delas costumassem se soar e não serem tão afetivas, Anne sempre foi sensível e Sabrina compreendia bem o que a amiga sentia.
_Sim, eu sou. -Sorriu bem humorada e se olhou no espelho ajeitando os cabelos- Então, como pretende devolver o celular do Jack?
_Acho que vou até o último ponto de ônibus -Contou Anne e assistiu a amiga virar silenciosamente pra ela- _Eu vou tomar cuidado, e também, você sabe que ele nunca faria mal pra mim. Eu confio nele.
(...)
A neve continuava e com isso o humor de Anne só piorava. Era a última aula e balançava a perna batucando os pés no chão ansiosa. Logo mais veria Jack, e o celular era somente um meio para isso. Ele tinha esquecido sobre a mesa e ela guardou carinhosamente para ele. Uma parte louca dela não queria devolver o objeto, era uma coisa dele, lembrava ele e tinha fotos dele. Talvez algum de seus amigos conseguisse retirar o padrão de bloqueio do celular e assim ela poderia matar a curiosidade de ver todas suas fotos. Ele teria fotos fazendo careta? Teria fotos com cachorrinhos fofos e com a família? Anne mordeu o lábio. As vezes sua mente viajava longe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Por favor, me ame.
FantasiaTudo que Irina sempre buscou foi ser amada, mas nunca fez questão de de merecer esse amor. Que bobagem! Ela nem mesmo sabia amar. Separadas ainda jovens, Anne e Irina seguiram caminhos diferentes. Agora, frente à frente só resta uma dúvida: Há mesmo...