Capítulo Único

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O anjo olhava por ele, olhava para ele. O protegia de longe, mesmo que ele falasse que não era necessário. Ouvia suas reclamações, e ouvia quando ele, o Winchester, o chamava.

-Cas... Você está me ouvindo? - Era oque ele dizia. Ele confiava tanto que acreditava que o anjo estava escutando... E realmente ouvia.

E quando a entidade divina escutava, o coração acelerava, as mão suavam, e até mesmo o clichê das borboletas no estômago pode ser usado para descrever.

Mas ele era um anjo...
Ele não deveria sentir...

Castiel não deveria fazer, e sentir muitas coisas.
Ele não deveria querer ter livre-arbítrio, mas o fez.
Ele não deveria ter se rebelado contra os seus irmãos, mas aconteceu.
Ele não deveria ter se aliado a um demônio e achar que era o próprio Deus, mas ele era ingênuo.
Ele não deveria ter confiado em Metatron, mas confiou.
Ele não deveria se sentir tão bem do lado de seu protegido... Mas... As coisas acontecem.
Ele não podia se sentir tão seguro quando, em raros momentos, ele abraçava Dean, e na forma em que seu coração se aquecia quando ele e Dean se olhavam e ficavam se encarando por tempo mais que o necessário.
E por seu Pai!
Ele não deveria achar o verde dos olhos do Winchester tão lindo.

Castiel caiu pela humanidade.
Caiu pelos Winchesters... Mas isso só literalmente...
Castiel, na verdade, caiu quando entrou no inferno e tocou a alma do homem justo, o agarrando firme e o tirando da perdição.
Então o anjo caiu por Dean, por seu protegido, seu homem justo.

"É certo usar um pronome possessivo e Dean na mesma frase?" ele sempre pensava, mas ela mal sabia que para Dean Castiel era o "seu" anjo.

Dean se sentia estranho quando pensava assim.
Na verdade ele se sentia estranho com tudo que envolvia o anjo. Ele se sentia estranho quando Castiel invadia seu espaço pessoal e o encarava. Quando Castiel dizia seu nome com a voz grossa e rouca, sempre, era quase como um sussurro que ia aos ouvidos do caçador e passava pela nuca o arrepiando. E alias, o anjo parecia que gostava de falar o nome do caçador, sempre dava um jeito de colocar ele em suas frases.

"Tudo bem Dean"
"Estou aqui Dean"
"Oque é isso Dean?"
"Porque está me olhando assim Dean?"

E mesmo que Dean não admitisse, ele adorava isso.
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-Depois de muito tempo, finalmente um caso que não tinha demônios ou anjos! - Disse Dean ao chegar no bunker após resolver mais um caso, esse que se tratava de um Wendigo.

-Sim, mas você sabe que essa tranquilidade não vai durar muito tempo...-Disse Sam.

-Você é um estraga prazeres Sammy - O mais velho tinha uma expressão de tédio.

-Eu sou realista Dean.

Dean largou sua bolsa no chão e foi até a cozinha buscar algo para beber.
Era sempre assim, caçar e beber o quanto podia, mas nos últimos tempos isso havia se intensificado. Dean estava tão frustrado que bebia para suprir essa frustração.
Se ele bebia por conta dos demônios? Não, quem dera fosse.
Pelos anjos?
Também não... Bem, não exatamente pelos anjos. Na verdade era por um anjo em específico.

Castiel estava estranho nos últimos tempos, ficava o mais distante possível, principalmente de Dean, já fazia dias que o anjo não ia ao bunker, apenas ligava e sempre para Sam, toda vez que Dean pegava o telefone para falar com Cas o anjo já tinha desligado.
Dean não gostava quando o anjo sumia, mas dessa vez foi diferente, dessa vez estava doendo em Dean. Era óbvio que o anjo o estava evitando, e isso fazia uma sensação horrível crescer no peito do caçador. Ele não deveria dar importância ou ligar para isso, porém não conseguia.

Não Fuja De Mim - Destiel Onde histórias criam vida. Descubra agora