1

18 1 0
                                    

- Acredita Afonso que se houvesse outra forma de resolver isto eu seria o primeiro a dizer-to.

- Não posso conceber tal ideia, voltemos a falar com os advogados, com certeza haverá outra forma de continuarmos com a maioria das ações.

- Acredita que eles procuraram em todos os registos, uma lacuna, qualquer coisa e nada. O teu pai sabia muito bem o que estava a fazer, e sobretudo soube como fazê-lo.

Afonso sentiu como se a cadeira o queimasse, ergueu-se e estava a ser confrontado com um sorriso cândido do seu pai. Leonardo nem depois de morto deixara de brincar.

- Não acredito que ele foi capaz de fazer isto. Como é que pode pôr a hipótese de dividir as ações em partes iguais por todos os sócios. Perdermos o que está na nossa família há séculos.

- No entanto o testamento é claro. Se aos vinte e nove anos não houver matrimónio perdemos tudo.

- E se ela casar até lá?

- Se ela casar a maioria das ações passa para seu nome e do seu marido, claro que se ao fim de um ano decidirem separar-se ficam apenas no nome dela.

- Terá apenas de se manter casada um ano certo?

- Foi a única lacuna que conseguimos encontrar. Um ano e um dia.

- Então e as tuas ações Martim, depois de mim és tu o sócio majoritário.

- Este casamento convém-me tanto a mim quanto a ti, se as ações forem divididas em partes iguais também eu perderei metade do que tenho.

- O Leonardo lixou-nos bem mais uma vez. Não temos outra hipótese se não a casar.

- Achas que a Leonor concorda com isso?

Afonso já não via a filha há meses, não sabia nem se ela tinha um namorado. Tudo que lhe parecia interessar eram as pedras e ossos que desenterravam nas escavações.

- Mas alguém alguma vez sabe o que se passa na cabeça da minha filha? Anda a brincar às arqueólogas há meses.

- Quando chega?

Olhou de relance para o relógio que trazia no pulso e com um esgar respondeu.

- Agora.

- Ótimo vai para casa, fala com ela, tenta saber se há algum noivo no horizonte, enquanto isso eu vou tentar arranjar um candidato adequado.

- Tem de ser alguém que não precise do meu dinheiro, que não tenha grandes ambições na vida, também convém ser bonito e atraente, é capaz de facilitar a decisão da minha filha, mas sobretudo tem de ser alguém que não tenha qualquer interesse em manter a empresa ou é bem capaz de seduzir a Leonor para não se separarem ao fim de um ano.

- Estou a ver o que pedes, vou tratar disso e ainda hoje te envio a lista.

Afonso concordou com um aceno de cabeça e abandonou as instalações. Só esperava que a sua filha também concordasse. 

Casamento de ConveniênciaWhere stories live. Discover now