- Chegamos, Senhorita Medeiros – disse o meu motorista ao chegarmos finalmente ao local de destino da viagem. Respiro e faço o vidro da janela do carro deslizar para baixo, revelando a mim aquela que será minha morada durante um ano letivo. Sinceramente, a parte externa me prepara para quão grande é o lugar.
Dirceu abre a porta e desço encostando o solado do coturno bege no cascalho que cobre toda a extensão do jardim cheio de estátuas, estátuas que me deixaram meio assustada com o horror das expressões que elas têm. Quando chegamos em frente as grandes portas de madeira em cor preta, só foi preciso um toque na grande argola que se encontrava para esta imediatamente ser aberta por um homem com expressão militar rigorosa no rosto. Eu o cumprimento com um formal "Bom dia", sem receber resposta alguma e quando Dirceu vai me seguindo com as malas, de repente é barrado pelo mesmo homem que continua impassível. Fico confusa, mas Dirceu me lança um olhar de compreensão que só os senhores de idade conseguem:
- Tudo bem, senhorita. Acho que aqui é o nosso ponto de separação – eu vou até ele e lhe dou um abraço. Este homem me conhece desde quando eu ainda usava fraldas, praticamente é da família.
- Até logo, Dirceu. Fique de olho no Arnoldo por mim – Arnoldo é o meu coelhinho de estimação. Não pude trazê-lo porque quem organizou meus pertences foram a governanta junto com as empregadas seguindo as ordens da minha mãe, creio eu.
- Pode deixar, senhorita – ele me dá um sorriso ao se afastar e vai refazendo o caminho até o carro em seus passinhos adoráveis de senhor elegante.
Em seguida, as portas se fecham atrás de mim e eu recolho minhas bagagens encarando aquele local incrivelmente branco por dentro, cheio de pinturas e outros tipos de obras de arte. Ao começar a dar meus primeiros passos ecoantes pelo saguão, observo tudo ao redor e chego à conclusão que ao fim do ano já serei uma esquizofrênica de terceiro grau. Porém, antes que eu pudesse introduzir meus primeiros planos de fuga, uma mulher loira, alta, com corpo de manequim de loja, um vermelho bem chamativo na boca e salto stiletto pretos . Ela desce a grande da bifurcada ao topo com toda a classe que roubou do mundo e para alguns centímetros a minha frente.
- Olá! – ela me saúda com uma voz de megera vilã da Disney e percebo que terei problemas com ela. – Você deve ser filha dos Medeiros, Cecília Medeiros, correto?
- Ah... Sim, sou eu mesma. E...
- Eu sou Garcez, Sandra Garcez. Sou a diretora desse adorável âmbito de etiqueta e aprendizado que é o Colégio Redenção para Garotas Saint Helena – ela diz dando um sorriso branco, nada animador e baixa o olhar para minhas bagagens. – Nossa! Imagino que queira ajuda com as bagagens. Davidson e Carlos, por favor – os dois homens prostrados ao lado da porta dirigem-se até onde estamos. – Levem as bagagens da Srta. Medeiros até os aposentos dela. Agradeço. – Os dois homens retiram as bagagens de minhas mãos e sobem a grande escada bifurcada e quando chegam ao topo, viram à direita em questão de segundos.
- Bom, como eu ia dizendo, seja bem-vinda. Agora poderia me acompanhar até a minha sala para fazer alguns procedimentos, por favor? – ela põe novamente o sorriso na cara e aponta com a mão aberta para um corredor à esquerda.
- Tudo bem, porq...
- Ótimo. Vamos!
E lá se vai a mulher tintilando seus saltos pelos pisos perolados do extenso corredor até seu escritório. Ela abre a porta para mim e eu entro sem fazer grande alarde para o quão tecnológico parecia tudo. Lousa eletrônica, retroprojetor e mais outras quinquilharias que não sei ou sei o nome.
– Sente-se, por favor – ela me indica uma das cadeiras acolchoadas brancas à frente enquanto a mesma se aconchega em sua grande poltrona preta.
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* Y O U N G - Internato *
Teen FictionDepois de uma festa muito louca em seu aniversário, Cecília é enviada para o Colégio Redenção para Garotas Saint Helena. Neste lugar estranhamente moderno e cheios de regras, Cecília fará novas amizades e enfrentará um dos maiores desafios de sua vi...