Capitulo 1 - Rosie Green

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Atualmente...

Quando o som do despertador tocou, tive vontade de chorar. Eu mal havia dormido, passei a madrugada toda estudando para a prova de Farmacologia, não via a hora de finalmente me formar e passar a por em prática tudo que estudava em livros, sem contar não ter mais que lidar com tantos trabalhos e provas.

Sempre me lembrava do porquê da ter escolhido a minha profissão e de que não havia outra coisa em que me encaixava melhor, uma sensação de satisfação me tomava, nunca fui conhecida por fazer as escolhas certas, no entanto, eu tinha feito a melhor que poderia. Eu passaria o resto da minha vida lidando com as melhores companhias, salvando vidas inocentes e ao mesmo tempo, me apaixonando por cada uma delas.

– Bom dia, mamãe. - entrei na sala já pronta, estava atrasada e tudo por causa de uma revisão rápida que fiz sobre a matéria antes do banho.

– Bom dia, querida. Tem panquecas no balcão, coma antes de sair, não pode ir para uma prova de barriga vazia. - Seus olhos me fitaram de forma apreensiva, mamãe sabia como ficava nos dias de prova. Mas, sabia que comentar muito sobre, só me deixava em uma pilha de nervos maior.

Carly Green vestia seu habituais vestido florido, que as vezes eram substituídos por saias floridas. Era sua marca registrada, seu amor pelas plantas eram tão explícito quando o meu por animais, não é atoa que sua floricultura no Centro é tão prestigiada.

– Tudo bem, dois minutos a mais não vão prejudicar tanto, eu espero. - Sorrio, correndo para a cozinha, enquanto ajeito meu cabelos rebeldes em um coque frouxo.

Mamãe continua lendo algo em seu tablet na sala, enquanto assopra seu chá quente. Sua rotina de todos os dias antes do trabalho. Geralmente, repassava sua agenda e encomendas enquanto se aquecia com seu chá doce. Com certeza, a organização não é um traço que a herdei, sua calmaria muito menos.

A casa estava silenciosa, Paige já deveria ter saído para o colégio, e Henry já estaria em seu escritório a essa hora. Eu, realmente, estava atrasada. Geralmente ainda vejo Paige sair para o colégio, e Henry se despedir de mamãe.

– Kira ! - a chamo, já na porta com a mochila nas costas.

Em segundos um furacão de pelos caramelos estão correndo em minha direção. Cambaleio para trás com o impacto de suas patas em meus ombros, Kira é uma Golden grande e forte, tão amorosa quanto bagunceira.

– Eu já vou indo, logo estou de volta. Cuide do Marcus para mim, e coma tudo sua ração, prometo um passeio quando voltar. - Digo, acariciando seus pelos macios. Recebo algumas lambidas na mão como resposta, e sorrio, pronta para mais um dia.

Depois de juntar algumas economias e quadrar o dinheiro que ganhava ajudando na floricultura e fazendo alguns turnos extra em restaurantes no verão, consegui o suficiente para comparar um carro. Não é nada luxuoso, pelo contrário, era até pior quando comprei. Henry levou a um amigo mecânico que fez alguns ajustes e pintou a lataria descascada. Posso dizer que é o meu xodó, tem me salvado de correr atrás de ônibus e de chegar sempre mais atrasada que o normal nos lugares.

Assim como o carro, entrar para uma faculdade não foi tão fácil, eu sempre fui estocada com os estudos, entre tanto, tudo mudou por algum tempo, e quando acordei para vida e percebi que chorar em meu quarto não traria uma carta de aprovação de nenhuma universidade, o prejuízo já estava grande. Me adequar novamente aos estudos não foi fácil, eu estava atrasada.

Quando Paige quase derrubou a porta de meu quarto aos gritos com uma carta da Universidade de Berkeley, eu me juntei aos seus gritos, e logo mamãe e Henry fazia parte da bagunça, antes mesmo de abrirmos a carta e saber o que nos esperava. Quando li as palavras "Aprovada" e " Bem vinda a Universidade da Califórnia" eu senti tudo ao meu redor girar. Foi incrível, todos sorrimos a semana inteira.

Paige foi comigo no dia da visita a faculdade, e surtou ainda mais. De fato, era melhor que mas fotos e em filmes, apesar de estandes de fraternidades e guia turístico comandado por um grupo de veteranos.

O melhor de tudo, não precisei de me alocar em dormitórios ou fraternidades, já que fica a quarenta minutos de casa. Sei que vou ter que sair das assas de minha mãe em algum momento, mas não estava pronta ou talvez só fosse medrosa.

– Vai a festa ? - Jenna logo estava ao meu lado, muito animada depois de uma longa semana de provas. Eu com certeza, não estava no mesmo clima.

– Não, sem chances. Só quero dormir por mais de cinco horas e comer todas as besteiras possíveis assistindo comédias românticas. - Sorri, ao imaginar meu programa do final de semana.

– Nem pense nisso, Ros. Foi uma semana exaustiva, precisamos nos divertir. Além de isso, Zach estará lá.

– Zach, que ótimo. Como se isso fosse isso fosse me animar. - se Jenna queria me conversar a ir à festa, usar um garoto mimado que insistia em ficar no meu pé não era um bom argumento.

– Ele é um gatinho. Deveria aproveitar mais antes de dar um pé nele.

Olho para Jen, já no estacionamento. O caminho da sala até aqui, todos pareciam verdadeiros zumbis, e eu os entendia, estava igual. Apesar de cochichos sobre a festa, o campus não estava tão barulhento quanto de costume para uma sexta-feira.

– Te pego as 22h, não gosto de ser a primeira a chegar.

– Eu não lembro de ter concordado em ir. - Encaro a loira, com roupas coloridas e saltos altos, parecia pronta para um desfile, e de fato ela se encaixaria bem em um.

Jenna Lewis sempre foi motivo de atenção, seu rosto angelical é seu corpo alto e magro, sempre causou inveja as líder de torcida na época do colégio. Ela também já causou briga entre os garotos. Todos queriam uma chance com Jenna, mas além de sua personalidade forte e seletiva, o fato de ser irmã de Jack Lewis nunca foi um ponto positivo, todos tinham medo do garoto.

– Você precisa viver o que sua vida de universitária tem a oferecer, tem muito mais além de professores velhos em Berkeley.

– Tudo bem, você não me deixaria em paz de qualquer modo.

– Ótimo, te pego as 22h.E por favor, não use suéter em caldas, vamos a uma festa e não a um chá na casa da vovó.

Não dou resposta, apenas entro no carro e vejo a loira ir em direção ao seu conversível se sentindo vitoriosa com um sorriso no rosto. De fato, os Lewis sempre tinham o que queriam, e a boa lábia era a maior arma da família.

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